Número de mortos causados pelo novo coronavírus sobe para 212. Itália confirma dois casos

Há novos casos de infecção na Índia, Filipinas e Alemanha. Também a Itália confirmou esta quinta-feira que dois turistas chineses que chegaram há alguns dias ao país foram diagnosticados com o vírus. A Organização Mundial de Saúde classificou o surto como uma emergência de saúde pública de interesse internacional.

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O novo coronavírus já chegou a pelo menos 18 países LUSA/LUCA ZENNARO

O número de mortes causadas pelo novo coronavírus na província de Wuhei, onde fica a cidade de Wuhan, epicentro do vírus, subiu esta quinta-feira para 204. Estes novos dados fazem subir o número total de mortes em todo o mundo para 212. Segundo as autoridades de saúde de Wuhei, também o número de infectados em território chinês aumentou para 5,806, totalizando-se 9,320 casos de infecções em todo o mundo. Existem 98 casos confirmados de infecção fora da China, em pelo menos 18 países. Houve também a confirmação de que o vírus já chegou a todas as províncias chinesas, incluindo o Tibete.

Esta quinta-feira, pelo menos 6000 pessoas estiveram retidas no interior de um navio de cruzeiro ao largo de Itália devido às suspeitas de que um casal poderia estar infectado com o novo coronavírus, noticiou a Reuters. Sob suspeita estavam dois passageiros chegados de Macau para embarcar no Costa Smeralda, que estava atracado no porto de Savona, e que apresentavam sintomas gripais. No entanto, confirmou o Governo italiano já ao início da noite, os exames feitos ao casal deram negativo. 

Ainda que nenhum caso tenha sido detectado no navio de cruzeiro, a Itália confirmou esta quinta-feira dois casos no país do novo coronavírus e suspendeu todos os voos provenientes ou com destino à China, apesar da oposição às restrições de voos manifestada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “Como noutros países, temos dois casos confirmados do novo coronavírus. São dois turistas chineses que chegaram há alguns dias [a Itália]”, afirmou o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, citado pela agência France-Presse, acrescentando que a decisão de fechar o espaço aéreo italiano a voos “de e para” a China foi a “título de precaução”.

A Itália é o quarto país europeu a confirmar casos da infecção vírica, depois de França, Alemanha e Finlândia. O novo coronavírus já chegou a pelo menos 18 países, além da China, incluindo Índia e Filipinas que registaram nas últimas horas os primeiros casos.

Novos casos na Índia e Filipinas

O novo coronavírus já chegou também à Índia: há pelo menos um caso positivo, detectado no estado de Kerala, de acordo com um comunicado das autoridades de saúde indianas. As Filipinas também já confirmaram o seu primeiro caso.

Em ambos os casos, as pessoas infectadas haviam viajado desde a província de Wuhan, o epicentro do surto. No caso filipino, a infectada é uma mulher de 38 anos e de origem chinesa. No caso indiano, o aluno infectado estudava na Universidade de Wuhan, apesar de não se saber ao certo quando voltou da China para a Índia. O estudante está actualmente de quarentena.

De acordo com o Ministério da Saúde indiano, todos os hospitais e centros de saúde estão preparados para um possível surto e os aeroportos estão a vigiar os sintomas (como febre, tosse ou dificuldades respiratórias) em todos os passageiros que chegam. O Governo indiano está também a planear realizar dois voos para repatriar os cidadãos que estejam na província de Hubei, na China. Só serão transportados os cidadãos que se mostrarem saudáveis.

Não é o único país a optar pelo repatriamento dos seus cidadãos. O Japão e os EUA já enviaram voos fretados para a China de forma a retirar os nacionais dos seus países. A Austrália prepara-se para fazer o mesmo e já anunciou que os nacionais resgatados ficarão isolados na Ilha do Natal, em quarentena. A chegada dos aviões da Coreia do Sul e do Reino Unido foi atrasada pela falta de autorização das autoridades chinesas, escreve o The Guardian.

Na Europa, o segundo voo fretado à Hi fly para repatriar 350 pessoas de vários Estados europeus saiu do Aeroporto de Beja pelas 10h desta quinta-feira. Prevê-se que este voo traga de volta os 17 portugueses que pediram para sair da China. Itália e Alemanha também anunciaram, de forma independente, dois voos

Rússia fecha as suas fronteiras

Como resposta ao surto, a Rússia optou por fechar a sua fronteira com a China, relata o South China Morning Post. Também não serão emitidos quaisquer vistos electrónicos para nacionais chineses que queiram visitar a Rússia a partir desta quinta-feira.

“Temos de fazer de tudo para proteger a nossa população”, afirmou o primeiro-ministro Mikhail Mishustin, que também aconselha que se evitem todas as viagens à China.

Macau volta a adiar regresso às aulas

O Governo de Macau decidiu também esta quinta-feira adiar novamente o reinício das aulas. A nova data será anunciada uma semana antes da reabertura das “instituições de ensino superior e não superior (ensinos secundário, primário e infantil)” e o recomeço de actividades nos “centros de apoio pedagógico complementar particulares e nas instituições de educação contínua”.

Sem adiantar uma data, Kong Ngai, director do departamento de educação da região semi-autónoma da China, acrescentou que durante a suspensão as escolas “devem usar meios à distância” para trabalhar e acompanhar os alunos. Mesmo os alunos transfronteiriços “não precisam de se deslocar a Macau” e “devem ficar em casa, até ao recomeço das aulas”. As escolas “devem cooperar” com o Governo de Macau e evitar a aglomeração de pessoas e diminuir o risco de propagação do coronavírus.

Por outro lado, as autoridades sanitárias de Macau afirmaram que os mais recentes casos de coronavírus em Zhuhai são de pessoas que estiveram no território, estando a ser verificados os percursos desses doentes. De acordo com a Comissão Nacional de Saúde da China, 26 casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus foram confirmados até ao momento. Zona Económica Especial, Zhuhai situa-se na província de Guangdong (sul da China), a segunda com o maior número de casos no país: 354.

OMS declara emergência global

A Organização Mundial de Saúde (OMS) decidiu esta quinta-feira classificar o surto de coronavírus como uma emergência de saúde pública de interesse internacional, o sinal mais importante que a OMS pode dar ao mundo. Para declarar uma emergência de saúde pública de interesse internacional (PHEIC, na sigla inglesa), a situação em análise tem de cumprir três critérios: deve ser um acontecimento extraordinário, com um risco que represente um perigo elevado à saúde pública de outros países e que exija uma resposta internacional coordenada. É a sexta vez que a OMS recorre a este instrumento de alerta global.

“Nos últimos dias a progressão do vírus, especialmente nalguns países e especialmente pela transmissão de humanos-para-humanos, está a preocupar-nos”, afirmou o director-geral da OMS Tedros Adhanom Ghebreyesus na quarta-feira, citado pela BBC. Na Alemanha, Vietname e Japão, há relatos de pessoas que ficaram infectadas sem nunca terem viajado para a China: apenas pelo contacto com outras pessoas infectadas. “Ainda que os números fora da China sejam relativamente diminutos, têm potencial para causar um surto muito maior”, acrescentou.

De acordo com um estudo publicado na revista cientifica The Lancet, que analisa pelo menos 99 casos do novo coronavírus tratados no hospital de Jinyintan, em Wuhan, entre 1 e 20 de Janeiro, pelo menos 46 pessoas tinham estado no mercado de peixe de Wuhan. A média da idade dos infectados é 55,5 anos e a maioria deles eram do sexo masculino. Os sintomas mais comuns são a febre e a tosse. Pelo menos 11 dos infectados nesse hospital morreram devido à falência de órgãos. Os investigadores concluíram que a infecção afecta mais “homens mais velhos” com outros problemas médicos anteriores. 

Com Sofia Neves

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