A economia é uma questão de sangue

Uncut Gems, dos irmãos Safdie, que estreia dia 31 no Netflix, lembra que a “economia” também é uma questão de sangue.

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Cedendo ao velho prazer cinéfilo de descrever um filme a partir de uma equação, começaríamos por dizer que Diamante Bruto/Uncut Gems é como o argumento da Morte de um Apostador Chinês de Cassavetes filmado por Abel Ferrara nas mean streets de Scorsese (aliás, creditado como produtor executivo do filme dos Safdie). Outras combinações seriam possíveis, o filme tem riqueza para tal, sem com isso implicar que os Safdie praticam um cinema “digestivo” mas sendo certo que lidam com “restos”, com ecos, com memórias. Também por isso, a equação podia tornar-se mais complexa: dizer que Diamante Bruto fica a milímetros (quer dizer, a minutos, antes do desfecho) de ser como uma daquelas fábulas caprianas que juntam milagres, ambientes económicos adversos e fé cega na justiça do “sistema”; dizer que, como certos momentos de Woody Allen, os Safdie constroem o filme por cima do ambiente cultural judaico de Nova Iorque, dele dando um testemunho pouco canónico mas presente. Falando de especificidades culturais, de resto, o caldeirão é mais complexo, a cultura negra também é chamada à colação, o hip hop, o basquetebol, e uma das personagens principais traz o ex-basquetebolista da NBA Kevin Garnett a interpretar uma versão dele próprio (sendo que também se torna imperioso notar que um dos primeiros diálogos do filme refere o falecido Kobe Bryant).

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