Peso do crédito ao consumo aumentou nas famílias sobreendividadas

Mais de 29 mil famílias pediram ajuda ao Gabinete de Protecção Financeira da Deco em 2019, praticamente o mesmo número que no ano anterior.

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Encargos com empréstimos na origem da falência finamceira de muitas famílias. Andreia Patriarca

Até diminuiu um pouco, mas o número de famílias que pede ajuda ao Gabinete de Protecção Financeira (GFE) da Deco continua elevado, e alguns dados, como o peso do crédito ao consumo, ou a deterioração das condições de trabalho, são preocupantes. O número de pedidos totalizou 29.154 em 2019, depois de serem 29.350 em 2018 e 29 mil em 2017.

As famílias, quando chegam ao GAF, um dos centros de apoio existentes em Portugal, já entraram em ruptura financeira, deixando de pagar os empréstimos ou parte deles, ou estão muito perto disso.

Os encargos com empréstimos naquele universo de famílias atingiram 73% do rendimento familiar, melhor que em 2018, quando representaram 80%, mas bem longe do nível desejável que deveria situar-se em 35%. Na origem da ruptura, de acordo com os dados divulgados esta quarta-feira, estão várias causas, sendo a maior a deterioração das condições laborais, quando habitualmente era o desemprego.

A deterioração das condições de trabalho esteve na origem de 21% dos pedidos, e aqui entram atrasos de pagamento de salários, perdas de rendimentos (nomeadamente devido a baixa médica) e redução de horas extraordinárias ou comissões. O GAF destaca ainda os desempregados que regressaram no ano passado ao mercado de trabalho têm sido confrontados com contratos temporários e/ou parciais.

O desemprego passou à segunda causa, mas mantendo a mesma percentagem do ano anterior. As restantes causas são a incapacidade para o trabalho, divórcio ou separação, alteração da composição do agregado familiar, aumento de encargos com saúde e outras.

As famílias continuam a apresentar cinco créditos, número que se mantém inalterado há vários anos, mas aumentou significativamente o montante de crédito ao consumo, especialmente na vertente de crédito pessoal (sem finalidade específica) e nos cartões de crédito. Os montantes médios do crédito pessoal ascenderam a 22 mil euros em 2019, bem mais que os 16 mil euros de 2018. Nos cartões de crédito a média subiu de 7500 euros para 8300. Já a média dos empréstimos à habitação caiu ligeiramente, de 81.500 para 80 mil em 2019.

Em termos percentuais, o crédito à habitação representou 73% no total de créditos, o crédito pessoal 20% e os cartões de crédito 7%.

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