Puigdemont pediu ajuda para pagar os custos do referendo

As autoridades espanholas exigem a 20 líderes independentistas que paguem os 4,1 milhões de euros usados para organizar a consulta popular de 1 de Outubro de 2017. Sánchez vai encontrar-se com Torra a 6 de Fevereiro.

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Carles Puigdemont é actualmente eurodeputado no Parlamento Europeu PATRICK SEEGER/EPA

Carles Puigdemont, antigo presidente do governo da Catalunha e actualmente eurodeputado, recorreu esta terça-feira às redes sociais para pedir aos catalães que contribuam financeiramente para ajudar a pagar os custos do referendo sobre a independência, realizado a 1 de Outubro de 2017 e que tinha sido proibido pelo Governo espanhol.

A justiça espanhola exige que Puigdemont e outros 19 líderes catalães paguem a factura da consulta popular e devolvam aos cofres do executivo catalão os 4,1 milhões de euros desembolsados para a sua realização.

“O Tribunal de Contas solicita uma fiança de 4,1 milhões de euros àqueles que tornaram possível o referendo em 1 de Outubro. Temos 15 dias para evitar que os nossos bens sejam apreendidos. Se votou a 1 de Outubro, precisamos de si”, escreveu Puigdemont no Twitter partilhando o Twitter da Caixa de Solidaritat, com o número da conta para fazer a transferência.

A solicitação de Puigdemont chegou no mesmo dia em que a porta-voz do Governo espanhol, María Jesús Montero, anunciou em conferência de imprensa que o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, vai reunir-se com o actual presidente do executivo catalão, Quim Torra, no dia 6 de Fevereiro. A também ministra garantiu que o agendamento da reunião nada teve a ver com o que se passou na segunda-feira no parlamento da Catalunha e diz que é um fruto da negociação entre equipas dos dois governos.

Torra (JxC-Juntos pela Catalunha) negou-se, na segunda-feira, a renunciar ao seu lugar de deputado, como exigido pelo Supremo Tribunal espanhol e a Junta Eleitoral Central, pedindo ao presidente do parlamento, Roger Torrent (ERC-Esquerda Republicana da Catalunha), que desobedecesse aos dois órgãos do Estado espanhol, o que Torrent recusou.

Advertido pelo líder da assembleia que o seu voto não seria contado caso apertasse o botão, o presidente catalão acabou por fazer com que o seu grupo parlamentar não participasse nas votações do dia.

O confronto entre o JxC e a ERC mereceu críticas de alguns dos condenados à prisão no processo sobre o referendo e a declaração unilateral de independência da Catalunha. Os ex-conselheiros Joaquim Forn e Jordi Turull criticaram as divisões no independentismo, num tempo que devia ser de unidade.

“Foi um dia triste, não gostei do que vi pela televisão. Chegou a altura de abandonar a estratégias partidárias”, disse Forn no parlamento da Catalunha. “A sociedade pede-nos unidade”, lembrou. “Se querem que a nossa estadia na cela seja mais feliz, episódios como o de ontem [segunda-feira], não os façam”, afirmou Turull.

Seis dos noves presos, incluindo o ex-vicepresidente da Generalitat, Oriol Junqueras, tiveram autorização dos serviços prisionais para comparecer na comissão de investigação sobre os efeitos da aplicação do artigo 155.º da Constituição, que suspendeu a autonomia catalã a seguir ao referendo.

Junqueras defendeu o diálogo com o Governo de Pedro Sánchez: “Jamais condicionaremos o diálogo por estarmos na prisão”, opinião também referida por Forn: “Temos de aproveitar todas as oportunidades de diálogo. Será demorado; custará.”

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