Uma semana de Kino para descobrir o cinema alemão (e não só)

Mostra de cinema de língua alemã regressa ao cinema São Jorge de 29 de Janeiro a 5 de Fevereiro.

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"No Meu Quarto", de Ulrich Köhler, vai ser exibido na integral que a Kino dedica ao cineasta dr

Entre as muitas semanas regulares de cinema europeu que percorrem o país ao longo do ano, a Kino - Mostra de Cinema de Expressão Alemã tem sido uma das mais constantes e mais atentas — em parte porque também o cinema alemão e austríaco tem originado alguns dos cineastas e dos filmes mais interessantes dos últimos anos, como o prova, por exemplo, a obra de Christian Petzold. A 17.ª edição da Kino abre esta quarta 29, e prolonga-se até à próxima quarta, 5 de Fevereiro, este ano limitando-se a Lisboa e centrada no cinema São Jorge com prolongamentos ocasionais ao Goethe-Institut. Por ela passam, desde logo, uma retrospectiva integral de Ulrich Köhler, um dos nomes ligados à “Escola de Berlim”, e o filme-sensação da temporada, System Crasher de Nora Fingscheidt (segunda 3, 21h00), que foi o nomeado oficial da Alemanha aos Óscares 2020 (tendo ficado de fora da lista final).

A abertura oficial, na noite de 29, dá-se com Lara, de Jan-Ole Gerster, e o encerramento, a 5, é com Das Vorspiel de Ina Weisse, com a aclamada Nina Hoss (Phoenix, Barbara) no papel principal — dois filmes que têm em comum a música, com o primeiro a falar da relação complicada entre uma mãe e um filho pianista, e o segundo a contar a história de uma professora de música obsessiva e do modo como a sua vida se desintegra.

Outras escolhas da Kino deste ano destacam-se pelo modo como transformam formas e géneros: Lillian, primeira ficção do austríaco Andreas Horvath (quinta 30, 21h00), que vimos no Porto/Post/Doc 2019, recorre a uma abordagem quase documental para reconfigurar um caso verídico, enquanto Space Dogs da dupla austríaca Levin Peter e Elsa Kremser (segunda 3, 18h30), oriundo de Locarno, combina imagens de arquivo e material contemporâneo para perguntar se o ser humano não será o mais cruel dos animais, e o mais experimental Ralfs Farben de Lukas Marxt (terça 4, 18h30) filma um esquizofrénico solitário na ilha de Lanzarote.

Entre sexta 31 e domingo 2, a Kino programa a integral de longas-metragens de Ulrich Köhler, de quem No Meu Quarto foi o único filme a chegar até agora às nossas salas. Um dos cineastas mais interessantes e raros afiliados com a “Escola de Berlim” de Angela Schanelec, Thomas Arslan ou Christoph Hochhäusler, Köhler tem apenas cinco longas em carteira: Bungalow, Montag kommen die Fenster, Schlafkrankheit, No Meu Quarto e Das freiwillige Jahr, que serão exibidos na presença do realizador.

O programa completo da mostra pode ser consultado no site oficial.

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