Governo português estuda possibilidade de retirar cidadãos de Wuhan

A retirada só acontecerá se for viável à luz das regras de saúde pública. O apoio aos cidadãos nacionais na cidade já foi reforçado.

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Apenas veículos de emergência podem circular em Wuhan Reuters/ALY SONG

As autoridades portuguesas estão a cooperar com outros países europeus para reforçar o apoio aos cidadãos nacionais que se encontram em Wuhan, onde ocorreram os primeiros casos do novo coronavírus, admitindo a possibilidade de retirá-los daquela cidade chinesa.

“Estamos em contacto com os cidadãos e a cooperar com outros países europeus para procurar reforçar o apoio aos compatriotas portugueses retidos” em Wuhan, disse hoje à Lusa fonte do gabinete da secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes.

Um dos cenários, adiantou a mesma fonte, é o de retirar os portugueses daquela cidade, “se isso for viável à luz das regras de saúde pública”.

Na sexta-feira, o Governo tinha indicado à Lusa que a embaixada portuguesa tem estado a estabelecer contacto com os portugueses, tendo identificado duas dezenas de cidadãos que são ali residentes ou que se encontram em visita à cidade.

Segundo o gabinete governamental, destes cidadãos, “14 pessoas estavam já registadas como residentes em Wuhan junto da embaixada de Portugal em Pequim”. A embaixada tem remetido “para as recomendações formuladas no Portal das Comunidades Portuguesas”.

No alerta, publicado no portal na passada quinta-feira, as autoridades portuguesas recomendam aos viajantes que “reconsiderem a realização de deslocações não essenciais à China”.

“Em geral, os viajantes devem permanecer atentos ao constante evoluir da situação, bem como às informações divulgadas nos portais da Direcção-Geral da Saúde, do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) e da Organização Mundial da Saúde”, lê-se ainda na mensagem.

Além disso, o Portal das Comunidades aconselha o registo das deslocações na aplicação Registo Viajante, e pede aos residentes, que caso não o tenham ainda feito, procedam à sua inscrição consular ou à respectiva actualização junto do posto com jurisdição sobre a área de residência.

No contexto da evolução do vírus “2019 -- nCoV”, a actuação do Ministério dos Negócios Estrangeiros português na China está a ser coordenada pela embaixada em Pequim, que “se encontra em articulação com outras representações consulares portuguesas no país (consulados de Macau, Xangai e Cantão) e com a Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas, em Lisboa.

O gabinete de Berta Nunes referiu ainda que a embaixada prossegue “a monitorização atenta de todos os desenvolvimentos, através do diálogo com as autoridades governamentais chinesas, com a delegação da União Europeia na China e com as embaixadas de outros países, tendo também participado em reuniões com representantes da Organização Mundial de Saúde na China”.

Os primeiros casos do vírus “2019 -- nCoV” apareceram em meados de Dezembro na cidade chinesa de Wuhan, capital e maior cidade da província de Hubei, no centro da China, quando começaram a chegar aos hospitais pessoas com uma pneumonia viral.

Os sintomas destes coronavírus são mais intensos do que uma gripe e incluem febre, dor, mal-estar geral e dificuldades respiratórias, incluindo falta de ar.

O vírus já matou 41 pessoas na China e infectou mais de 1300 em vários países.

Além do território chinês, foram confirmados casos em Macau, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coreia do Sul, Japão, Estados Unidos, Malásia, França e Austrália.

Ao longo dos últimos dias, as autoridades chinesas proibiram as entradas e saídas de Wuhan e várias cidades na região, afectando mais de 50 milhões de chineses, e, hoje, decretaram que apenas veículos de emergência podem circular naquela cidade.

Também em Wuhan começou a ser construído um novo hospital, com capacidade para 1.300 pacientes, que estará concluído em duas semanas, e foi anunciado o envio de equipas de médicos militares especialistas para a província de Hubei, onde se localiza Wuhan.

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