O Benfica, a escusa do venerando desembargador, a paixão, a Relação

Jamais passaria pela cabeça a qualquer português imaginar que ela resultou de ele ser benfiquista e daí que se ela for favorável ao Porto, se ter encolhido e, se ela for favorável ao Benfica, o que já se sabia.

O juiz, que tem uma paixão pelo S.L. Benfica, e que é acionista da SAD e tem lugar cativo e red pass na catedral, teve a coragem de pedir a escusa no julgamento dos emails postos a nu.

O juiz, seguramente pela sua experiência de tantos anos, conhece os limites da emoção, dos sentimentos e da razão fria e desapaixonada. Por isso, e para que a decisão, sobre a matéria, não pudesse ser objeto de qualquer suspeita tomou a decisão que é de todos conhecida – escusa.

É de presumir que a decisão de pedir escusa tenha sido amadurecida como sendo a melhor para a boa decisão da causa. Como também é conhecido da opinião pública, Deus não dorme e o senhor juiz desembargador, após o sorteio lhe ter atribuído o processo, a convite da administração da SAD foi visitar as instalações do Seixal, o que deve ter deixado o convidado, apaixonado do Benfica, perto do sétimo céu, dado o primor do centro benfiquista.

Como já se conhecia que aquele era o juiz é de supor que a decisão da administração da SAD do SLB tenha pensado que um homem da têmpera do senhor desembargador jamais se deixaria influenciar pela visita, pois faria como o grande Buda, olharia em frente e conseguiria com um apego último à sua razão apagar no cérebro palavras, estádio, instalações e com essa milagrosa esponja estaria de novo recapacitado para se atirar desapaixonadamente à Apelação interposta pelo FC Porto.

Tudo porque Deus não dorme, nem o tal gabinete de crise criado quando Paulo Gonçalves era braço-direito de Luís Filipe Vieira, mas afinal trabalhava para si mesmo, sem qualquer conhecimento do presidente, homem impoluto, talvez a condecorar, como tantos já medalhados.

Afinal o sr. dr. juiz, presidente do venerando Tribunal da Relação do Porto, veio acalmar os ânimos e decidir que o sr. dr. juiz desembargador relator podia decidir porque era apaixonado do Benfica, tinha red pass, era acionista, mas isso pouco contava face ao desvelado amor à razão e daí poder decidir como o mármore de Carrara - friamente.

E além do mais havia outros desembargadores no julgamento, coisa que não se imaginava, face ao número de casos vindos a público dando conta das chamadas assinaturas de cruz nos doutos acórdãos prolatados. Cruzes.

Claro que com toda a frieza que se é capaz de obter a partir de uma arca congelada a 17 graus centígrados abaixo de zero, seja qual for a decisão que o sr. dr. juiz desembargador tome, ninguém vai dela duvidar.

Jamais passaria pela cabeça a qualquer português imaginar que ela resultou de ele ser benfiquista e daí que se ela for favorável ao Porto, se ter encolhido e, se ela for favorável ao Benfica, o que já se sabia.

Face a este cenário com toda a frieza – não havia outro Juiz? Parece que não. Ficou a parecer que tinha que ser aquele.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

     

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