Corrupção: Angola sobe 19 lugares no índice da Transparência Internacional

O relatório sobre o ìndice de Percepção da Corrupção assinala como “significativos” os progressos conseguidos no combate à corrupção

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As reformas para combater a corrupção adoptadas por João Lourenço, presidente de Angola, são referidas no relatóriosão LUSA/Ampe Rogério

Angola subiu 19 posições e melhorou a pontuação no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) da Transparência Internacional (TI), segundo a edição de 2019, divulgada esta quinta-feira em Berlim e que destaca as “melhorias significativas” registadas pelo país.

A avaliação anual promovida pela organização Transparência Internacional (TI), com sede em Berlim, assinala que Angola conquistou mais sete pontos do que na edição de 2018, tendo agora 26.

Esta conquista de pontos, numa escala em que zero corresponde a países com altos níveis de percepção da corrupção e 100 a países livres de corrupção, catapultou o país da 165.ª para 146.ª posição.

Angola melhora, assim, pelo segundo ano consecutivo a sua avaliação em matéria de percepção da corrupção, depois de, em 2018, ter subido dois lugares, passando do 167.º para o 165.º com uma pontuação de 19.

Classificando como “significativos” os progressos conseguidos, o relatório assinala, no entanto, que dado o seu baixo nível geral de pontuação, o país se mantém abaixo da média global (43 pontos) dos 180 países analisados.

O relatório, que coloca Angola entre os países a monitorizar, assinala as reformas introduzidas pelo Governo, liderado por João Lourenço, para combater a corrupção após a mudança de eleitoral de 2017.

“Dados os recentes escândalos, espera-se que a corrupção seja o tema dominante nos debates eleitorais para as eleições [locais] de 2020”, aponta o documento.

A avaliação do Transparência Internacional surge quando a actualidade mediática continua a ser marcada pelas revelações da investigação do Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ), conhecida como Luanda Leaks, que detalham esquemas financeiros da empresária e filha do ex-Presidente de Angola, Isabel dos Santos, e do marido, que terão permitido retirar milhões do erário público angolano, utilizando paraísos fiscais.

As alegações da investigação foram consideradas “completamente infundadas” por Isabel dos Santos, que se afirmou vítima de um ataque político e prometeu “lutar nos tribunais internacionais” para “repor a verdade”.

O relatório da Transparência Internacional recorda que Isabel dos Santos foi afastada pelo Presidente João Lourenço da presidência da empresa pública de petróleos, Sonangol, e que em Dezembro, na sequência das investigações a suspeitas de corrupção, um tribunal angolano ordenou o arresto dos bens da empresária angolana.

A TI adianta que o país conseguiu recuperar cinco mil milhões de dólares em bens públicos roubados, mas sustenta que é “preciso fazer mais para fortalecer a integridade e promover a transparência na contabilização das receitas do petróleo”.

O Índice de Percepção da Corrupção (IPC) classifica 180 países e territórios pelos seus níveis percebidos de corrupção no sector público, atribuindo pontuações entre 0 (percepcionado como muito corrupto) e 100 (percepcionado como livre de corrupção).

Na edição deste ano, dois terços dos países e territórios tiveram pontuações abaixo de 50 pontos.

A média global é de 43 pontos, enquanto a África Subsaariana, onde se encontram os países africanos lusófonos, é a região com a pontuação média mais baixa (32 pontos).

O índice é liderado pela Dinamarca e pela Nova Zelândia, com os mesmos 87 pontos, e em último lugar surge a Somália com 9 pontos.

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