“Esta manifestação foi positiva, por ter dado visibilidade às nossas reivindicações”

Cerca de 200 polícias manifestaram-se esta terça-feira junto ao Estádio Municipal de Braga, um dos pontos de protesto a nível nacional previstos para o dia.

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LUSA/HUGO DELGADO

Os apitos começaram a sobrepor-se pouco depois das 18h, junto ao Estádio Municipal de Braga, na antecâmara do jogo de futebol entre Sporting de Braga e Sporting, para a Taça da Liga; foi o ponto de partida para a manifestação que reuniu cerca de 200 polícias, da PSP e da GNR, a reivindicarem mudanças nas suas carreiras profissionais.

Nas várias camisolas brancas envergadas pelos agentes, estavam inscritas mensagens como “actualização da tabela remuneratória”, “saúde e segurança no trabalho”, “subsídio de risco, já!” e “retroactivos, já!”, que traduzem alguns dos direitos exigidos pela Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) e pela Associação de Profissionais da Guarda (APG) ao Ministério da Administração Interna.

“Esta manifestação foi positiva, por ter dado visibilidade às nossas reivindicações. É também uma motivação para a nossa próxima manifestação, a ocorrer em Fevereiro, caso o ministério não atenda as nossas exigências”, disse o presidente da ASPP/PSP, Paulo Rodrigues, em jeito de balanço a um dia que contou também com manifestações em Lisboa e em Faro.

Além de ter reunido as duas forças policiais, a manifestação conseguiu também juntar profissionais de vários postos do Norte e do Centro do país que lamentam vários problemas enfrentados no dia-a-dia, além de reivindicarem alguns direitos transversais a toda a classe.

Agente da secção de logística da Divisão de Vila Nova de Gaia da PSP, Luís Santos recordou que o subsídio de risco é uma reivindicação que continua sem resposta do ministério, algo que, a seu ver, não faz sentido, por haver profissões sujeitas a “menores riscos” face à sua que usufruem desse direito.

O polícia criticou ainda o funcionamento do subsistema de saúde para o qual os agentes da PSP contribuem, o SAD/PSP, por considerar que os descontos são elevados, quando são “cada vez menos as especialidades comparticipadas”.

Outra das queixas do agente respeita à falta de condições de trabalho, quer a nível de instalações, quer a nível de material; há situações em que não é dado uso aquilo que existe, revela. “Há cerca de 200 viaturas do Comando Metropolitano do Porto imobilizadas no parque da Belavista, sem uso”, disse.

Noutro ponto da manifestação, um grupo de profissionais da GNR do Comando de Viseu também se reunia em protesto. As queixas relativas à situação laboral também são várias: desde a escassez de fardas de chuva em vários postos, levando os seus agentes a manterem os seus uniformes normais nessa situação, à falta de condições de alguns postos, como Cinfães e Canas de Senhorim, ao mau estado das viaturas e à falta de verbas para as reparar. 

“Temos viaturas na estrada com mais de 700.000 quilómetros e não temos dinheiro para as reparar regularmente. Só vamos conseguir reparar as que temos daqui a três meses, quando chegar o dinheiro do OE”, afirmou Rui Sousa, cabo-chefe da secção de Investigação Criminal do Comando de Viseu. O guarda, que é também membro da APG, exigiu, por isso, que o ministro Eduardo Cabrita “cumpra o que prometeu”.

Tal como a temperatura, a manifestação começou a arrefecer à medida que a hora do jogo se aproximava e prosseguiu na Bancada Nascente do Municipal de Braga, onde se encontravam os adeptos do Sporting. À passagem do minuto 21 do jogo foi erguida uma tarja entre os adeptos do Sporting onde se lia “Polícias exigem respeito”.

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