Catarina Martins sobre Isabel dos Santos: a justiça e a política portuguesa devem actuar “rápido e com resultados”

Líder do Bloco acusa PS e PSD de serem “cúmplices” da empresária por terem permitido que responsáveis políticos saltassem entre o Governo português e os “interesses da família dos Santos”. Apesar de considerar os arrestos de património nas empresas portuguesas, Catarina Martins quer que Executivo de António Costa actue para impedir prejuízo para a economia nacional.

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LUSA/CARLOS BARROSO

A líder do Bloco de Esquerda defende que a justiça e o poder político portugueses também devem actuar no caso de Isabel dos Santos, uma vez que a empresária angolana tem participações importantes em grandes grupos portugueses que podem colocar em causa o seu funcionamento e teve (e continua a ter) como cúmplices a “elite do poder político e do poder económico”.

Catarina Martins não se cansa de apontar o dedo à empresária e lembra que o Bloco de Esquerda o faz há vinte anos, mas apesar de ter ficado na maior parte do tempo a falar sozinho. Recorde-se que os deputados bloquistas costumam ser os únicos a não integrar as comitivas das visitas oficiais a Angola do Presidente da República ou do Governo. A líder bloquista realçou os avanços registados no combate à corrupção em Angola com o novo Presidente João Lourenço e considera que a justiça angolana está a “fazer a sua parte”. Ora, neste caso, “Portugal tem também de fazer a sua parte porque o que aconteceu em Angola aconteceu com cúmplices em Portugal, e o roubo que foi feito ao povo angolano também empobreceu Portugal. Porque fez parte de um crime económico grave, gravíssimo, e a actuação tarda.”

A coordenadora bloquista, que falava à margem de uma visita ao hospital de Torres Vedras, defendeu que a actuação da justiça portuguesa “deve ser rápida e deve ter resultados”. Lamentando e dizendo ser “difícil de compreender” que não se conheça ainda qualquer passo da justiça portuguesa, a bloquista apontou ser necessário intervir no combate aos esquemas de branqueamento de capitais, lavagem de dinheiro e nas cumplicidades com o crime económico.

“Agora, é preciso fazer [intervenção] a sério. E fazer a sério é compreender que o assalto que Isabel dos Santos fez ao povo angolano não o fez sozinha. Os seus cúmplices em Portugal foram a elite do poder político e do poder económico. Foram e são - porque até ver ainda não aconteceu nada.”

Catarina Martins não tem mesmo problema e apontar nomes: "O que houve foi uma cumplicidade inaceitável entre representantes de governos de PS e PSD com o poder angolano que assaltou o povo angolano e o que há é cumplicidade dos grandes grupos económicos que estão lá, que são os parceiros de negócios de Isabel dos Santos: o grupo Sonae, o grupo Amorim, o grupo BPI.”

Aos quais acrescenta os “responsáveis políticos [que] saltaram entre o Governo e os interesses da família das Santos em Angola. Basta pensar em Martins da Cruz, em Mira Amaral, em Teixeira dos Santos, em Durão Barroso… enfim, é uma lista que não acaba e que mostra essa promiscuidade e Portugal deve fazer a sua parte.” E a líder bloquista insiste que "o assalto que foi feito ao povo angolano foi feito com lavagem de dinheiro em Portugal, com a cumplicidade da elite política e económica”.

Catarina Martins defende que o Estado angolano “tem toda a razão para fazer o arresto de bens”, uma vez que, quando Isabel dos Santos comprou a Efacec, comprou a sua participação na Galp ou no BPI, o fez “com dinheiro que roubou ao povo angolano”. Para além de a justiça portuguesa ter que actuar e de colaborar com a justiça angolana, o Governo português deve negociar com o Executivo angolano “para garantir o funcionamento de empresas que são tão fundamentais à economia portuguesa” e que não podem ficar prejudicadas pelos arrestos.

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