Cartas ao director

A tragédia do Meco

O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem diz-se “chocado" com a investigação que foi efectuada no caso dos seis jovens que morreram na praia do Meco, em Dezembro de 2013, ou seja, praticamente há seis anos. Mas o mais insólito e caricato foi a actual ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, que em 2015, na qualidade de Procuradora-Geral Distrital de Lisboa, ter vindo a público defender o procurador Moreira da Silva, responsável pelo primeiro arquivamento do caso. As respectivas famílias, e bem, revoltaram-se na altura contra aquele magistrado. Pergunto: na cerimónia do início do Ano Judicial, recentemente efectuada, onde a base dos discursos foi a morosidade dos processos judiciais nos nossos tribunais, esta vergonha foi falada? Claro que não, é a Justiça que temos, como o caos na saúde.

Tomaz Albuquerque, Lisboa

Erros humanos

As guerras só por si já são resultado da insensatez e da ganância dos homens que a pretexto da defesa dos povos pouco se importam com aqueles que à sua volta acabam por ser apanhados no fogo cruzado, sendo muitas vezes os primeiros a sofrer o resultado da falta de sensibilidade que caracteriza certos dirigentes mundiais.

A verdade é que a tragédia do abate do avião ucraniano que ocorreu recentemente no Irão mais não é do que o resultado da incúria dos homens, que muitas vezes actuam sem avaliar as consequências dos seus actos, potenciando a resposta dos supostos ofendidos, num espiral de acusações e desafios imprudentes que geram um não mais acabar de agressões que não têm em conta as vitimas inocentes, cujas alternativas são ficar ou fugir á cobardia dos homens.

Num mundo onde o poder militar serve para dividir os homens, e medir a força entre os mesmos, corremos demasiados riscos com atitudes imprudentes que não servem outros fins que não sejam a pobreza, o sofrimento, e a destruição da humanidade, onde os menos poderosos se converterão em excluídos e onde não adiantam os discursos alusivos à paz, se alimentamos a indústria bélica para fazer a guerra.

Américo Lourenço, Sines


Serenamente, frente ao mar

Em Serenamente, frente ao mar, (PÚBLICO, de 14 de Janeiro), Pedro Cabrita Reis escreveu: “Se a Câmara de Matosinhos me pagou o que eu propus, é porque desejava ter uma peça da minha autoria na cidade”. O conjunto escultórico “A Linha do Mar”, junto ao Farol da Boa Nova em Leça da Palmeira, tem suscitado opiniões acaloradas. Luísa Salgueiro, presidente da edilidade matosinhense, autorizou o pagamento de 300 mil euros porque o dinheiro não é dela. Uma obra de arte não o é apenas por ser feita por um artista plástico. Uma escultura na marginal de Leça da Palmeira deveria abraçar algo que comunicasse com a realidade local. Uma coisa é certa: os mestres do Renascimento dariam umas pinceladas ao acaso numa tela, como o fazem a generalidade dos artistas plásticos de hoje. No entanto, a generalidade dos artistas plásticos da actualidade seriam incapazes de pintar A Adoração dos Magos, de Leonardo da Vinci, ou A Ronda da Noite, de Rembrandt.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

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