Marcha de grupos pró-armas deixou Virgínia em “estado de emergência”

Governador invocou “retórica extremista” semelhante a Charlottesville para proibir armas na manifestação. Temeu-se violência, mas o protesto foi pacífico.

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Marcha teve participação de milhares de pessoas Reuters/STEPHANIE KEITH
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Viram-se várias mensagens de apoio a Trump Reuters/STEPHANIE KEITH
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Manifestantes exibem armamento fora do recinto do protesto Reuters/STEPHANIE KEITH
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Milhares de pessoas juntaram-se em Richmond Reuters/STEPHANIE KEITH
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Manifestante exibe cartaz contra restrições à posse de armas EPA/JIM LO SCALZO

Na cidade de Richmond, no estado norte-americano da Virgínia, foi decretado “estado de emergência temporário”, por ocasião da marcha de grupos pró-armas que decorreu esta segunda-feira e que deixou as autoridades em alerta máximo, devido ao risco de participação de grupos extremistas e supremacistas. Ao início da tarde – menos cinco horas que em Portugal continental – a manifestação aproximava-se do fim, sem quaisquer episódios de violência ou de confrontos.

Convocada e promovida por várias organizações que são contra restrições ao direito de porte de arma que o congresso da Virgínia – de maioria do Partido Democrata –, planeia aprovar, e realizada debaixo de um enorme dispositivo de segurança, a manifestação juntou milhares de pessoas, vindas de diversas partes dos Estados Unidos.

Trouxeram cartazes e gritaram palavras de ordem contra o que dizem ser uma manobra do congresso da Virgínia para limitar os direitos consagrados na Segunda Emenda da Constituição.

E receberam o apoio do Presidente dos EUA, Donald Trump, que também o teve, em grande medida, junto de vários participantes da marcha. “A vossa Segunda Emenda está sob um sério ataque na Virgínia. É o que acontece quando votam nos democratas, eles tiram-vos as vossas armas”, escreveu Trump no Twitter.

No âmbito da declaração de “estado de emergência”, foram proibidas todas e quaisquer armas dentro do espaço destinado à realização da manifestação, tendo os manifestantes cumprindo estas ordens. 

Do lado de fora das cercas e barreiras montadas pelas autoridades para limitar o local do protesto, porém, centenas de pessoas apresentaram-se com as suas armas, relatam os media norte-americanos. 

Para estas zonas da cidade foram também mobilizados vários elementos das forças de segurança, muitos deles posicionados nos telhados dos edifícios mais próximos, descreve a CNN.

O pacote legislativo propõe, entre outras medidas, a verificação de antecedentes criminais a todas as pessoas que queiram comprar uma arma de fogo; a limitação de aquisição de algumas armas (pistolas e revólveres) a uma por mês; e a atribuição de competência e autoridade aos governos locais para banirem armas de edifícios públicos e outros locais. 

Prevê-se ainda a aprovação de uma lei para permitir às autoridades a retirada de armas a pessoas que sejam consideradas um risco para a comunidade.

“Ameaças de violência”

O governador do estado, Ralph Northam, invocou “ameaças de violência” de grupos armados e a existência de retórica extremista semelhante à que antecedeu a marcha de Charlottesville, em 2017, quando um homem lançou o seu carro contra uma contra-manifestação protestando contra a marcha de um grupo supremacista branco e matou uma mulher, deixando ainda 19 pessoas feridas.

Vários líderes de grupos que marcharam em Charlottesville, em 2017, disseram que estariam presentes em Richmond para mostrar apoio aos que se opõem a leis mais restritivas para o porte de armas. 

Para além disso, tanto a polícia como o FBI alertaram para a participação de neonazis e elementos de outros grupos supremacistas violentos na manifestação, com planos para levar a cabo acções violentas.

Alguns dos organizadores partilhavam a apreensão das autoridades: “Estou com algum medo. Estive em Charlottesville”, disse à emissora britânica BBC Tammy Lee, vinda do estado do Oklahoma. “Há muita gente zangada a vir para cá. Muita gente sem educação”.

Apesar de a marcha ter ocorrido sem incidentes, as autoridades da Virgínia permanecem em estado de alerta, particularmente nos locais onde não está abrangida a proibição de porte de armas.

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