Rio conta com todos, mas prefere quem lhe é leal e defenda a estabilidade

Rio conta com todos, mas só com que “são leais” e defendem a “estabilidade”

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Rio sucedeu a Rio na liderança do partido. LUSA/JOSÉ COELHO

O presidente reeleito do PSD diz que a unidade do partido não depende de si e deixa o aviso claro de que não pretende chegar a entendimentos com Luís Montenegro em nome da unidade, como fez com Santana Lopes. Rui Rio, que os militantes escolheram para continuar na liderança do partido na segunda volta deste sábado, declarou, no seu discurso de vitória, que ganhou o PSD, mas que a sua ambição é ganhar Portugal. ”Hoje, eu ganhei o PSD; quero com o PSD começar a ganhar o país”, afirmou num hotel do Porto repleto de apoiantes, que não se cansaram de o aplaudir.

Rui Rio, que teve 16. 420 votos (53,02%), enquanto Luís Montenegro teve 14.547 (46,98%), entrou na sala ao som de PSD, PSD, PSD e de muitas palmas, para declarar logo de seguida que “conta com todos”. Mas não é bem assim. “Conto com todos os que estejam com estabilidade e com lealdade. Este é o meu princípio. Eu aceito desde pequeno todas as diferenças de opinião. Aquilo que não aceito é que, quando não há diferenças de opinião, se inventem [diferenças] para criar problemas”, disse o líder social-democrata que venceu as eleições directas contra Luís Montenegro.

Num discurso onde se mostrou à-vontade, Rio falou muito de unidade, mas quis deixar claro que a unidade não depende de si. Ao ser questionado se a diferença de votos entre si e Luís Montenegro era suficiente para garantir a unidade no PSD, Rui Rio respondeu que sim.

“O resultado é inequivocamente claro. Eu voltei a ganhar as eleições para o PSD. Andamos três meses nisto e só faltava agora irmos medir que falta um voto aqui, um voto acolá”, disse, para acrescentar: “Acho que a diferença é clara. Se é suficiente para a unidade? Do meu ponto de vista, é suficiente e, se fosse [por mais] mais um voto, também era. Mas uma coisa é o que eu quero, outra coisa é o que os outros querem. Isto não depende de mim e eu não consigo fazer milagres”. Estava dado o recado.

Ao contrário do que aconteceu há dois anos, Rui Rio declarou que não pretende fazer qualquer tipo de acordo com Luís Montenegro como fez com Pedro Santana Lopes, com quem negociou uma lista conjunta para o conselho nacional, uma experiência que “correu mal”, para garantir a unidade interna.

“Em 21 de Outubro de 2019 lancei a minha recandidatura. Foram três longos meses. Disse que me candidatava por espírito de missão e sem desprendimento”, recordou, acrescentando que aceita a vitória com sentido de responsabilidade. 

O PSD não está partido
Faz hoje um ano que o conselho nacional do “PSD votou pela estabilidade, ao votar contra a minha destituição a meio do mandato. Hoje, os militantes do PSD voltaram a votar em nome da estabilidade, ao votarem pela manutenção da actual liderança. Espero que a partir de hoje possamos trabalhar com estabilidade. Foi tempo de marcar as diferenças, vamos iniciar agora o momento para marcar a unidade. O PSD, por ter umas eleições disputadas, não está partido”.

“Para mim, cabem todos cá dentro desde que estejam com seriedade ou lealdade. O nosso adversário comum é o PS e a ‘geringonça’, não é, naturalmente, o PSD”, disse, antes de anunciar os três objectivos mais imediatos, por esta ordem. Primeiro, “o reforço da implantação autárquica e regional nos Açores, onde o nosso candidato a Presidente do Governo regional é o dr. José Bolieiro”. Depois, “a abertura do PSD à sociedade civil, porque os portugueses, em minha opinião, têm razão quando se afastam da vida partidária”. Mais: “Temos de ser um partido com novos espaços de militância e através do conselho estratégico nacional vamos dar espaço para as pessoas debaterem o que querem debater e que interessa a Portugal”. Por fim, "fazer uma oposição forte ao PS, construtiva e credibilizadora e prestar um serviço ao país”.

Rui Rio foi repetindo, ao longo do discurso, que não está preso a nada. Disse ainda que na política não tem inimigos, só adversários, ideias que tinha já defendido no seu discurso de uma semana.

Quanto às autárquicas, Rui Rio faz delas uma prioridade para o seu mandato. Num recado directo para os que apoiaram agora, Rio disse que vai “escolher os melhores para candidatar às autárquicas e não os amigos e os líderes de facção”. “Não prometi nada a ninguém. Por isso, não estou preso a nada. Vamos decidir como temos de decidir”, avisou.

As primeiras palavras do novo líder do PSD foram para os militantes a quem agradeceu por terem ido votar mais uma vez e não esqueceu as estruturas de campanha e quatro pessoas que são da sua estrita confiança: José Silvano, secretário-geral do PSD; Florbela Guedes, assessora; Salvador Malheiros, vice-presidente do partido; e Maló de Abreu, vogal da comissão política.

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