Uma mulher não pode ser Presidente em 2020? Warren e Sanders às turras

O debate dos pré-candidatos do Partido Democrata no Iowa, a três semanas do início das primárias nos Estados Unidos, começa a indicar divisões mais profundas.

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A discussão de Sanders e Warren poupou Biden Shannon Stapleton/REUTERS

Elizabeth Warren e Bernie Sanders envolveram-se numa discussão no debate dos candidatos do Partido Democrata às presidenciais que teve lugar no Iowa sobre se ele lhe teria dito em privado que uma mulher não pode conquistar a Casa Branca em 2020. A discussão entre os dois candidatos mais à esquerda foi de tal forma que a senadora do Massachusetts se recusou a cumprimentar o seu colega do Vermont no fim do debate desta madrugada.

Os dois candidatos mais progressistas desta corrida, colocados pela média nacional das sondagens em segundo (Sanders, com 19%) e terceiro (Warren, 16%) lugar nas preferências dos eleitores democratas, dizem que são amigos, e uma parte importante dos seus programas coincide ou é compatível. Mas as divisões aprofundam-se, com a aproximação do início das primárias – a 3 de Fevereiro, precisamente no Iowa – e a diminuição do número de candidatos em liça – são agora 12, com a saída da corrida de Cory Booker esta semana, embora apenas seis tenham reunido as condições necessárias para participar no debate.

Quem beneficiou da tensão entre Sanders e Warren, aliás incentivada pelos moderadores do debate, foi o ex-vice-presidente Joe Biden, que lidera as preferências dos eleitores democratas. Não esteve sujeito a um escrutínio tão cerrado dos outros candidatos como seria de prever.

Warren e Sanders tinham acordado no início da campanha não se atacarem um ao outro. No debate, Sanders negou ter alguma vez dito que uma mulher não podia ser eleita Presidente este ano, afirmando ser “incompreensível” que dissesse tal coisa.

Warren confirmou o comentário e disse discordar do senador, mas rapidamente passou para a questão de saber se uma mulher pode ser Presidente. “Bernie é meu amigo, e não estou aqui para discutir com ele. Mas esta questão sobre se uma mulher pode ou não ser Presidente tem sido levantada e já é tempo de a atacarmos de frente”, declarou a candidata.

Esta discussão traz para a ribalta questões de género, sexismo e elegibilidade, quatro anos depois de Hillary Clinton ter perdido para Donald Trump na sua tentativa de ser a primeira mulher Presidente dos Estados Unidos.

Este foi o primeiro debate dos candidatos do Partido Democrata deste o assassínio pelos Estados Unidos do general iraniano Qassem Soleimani, que desencadeou toda uma série de reacções na política internacional.

Elizabeth Warner, que em 2002 votou contra a autorização para a guerra no Iraque, criticou Joe Biden por apoiar esse conflito. Salientou que ambos ouviram os mesmos argumentos da Administração de George W. Bush, mas que chegaram a conclusões diferentes. “Eu achei que estavam a mentir, não acreditei neles”, afirmou. “Fiz tudo o que me foi possível para evitar aquela guerra. Joe viu as coisas de forma diferente.”

Biden, que na altura era secretário do Comité de Relações Exteriores do Senado, e que gosta de apresentar a sua experiência em política de Segurança e Relações Internacionais, reconheceu que a votação para autorizar a invasão do Iraque “foi um grande erro” e disse que como vice-presidente de Barack Obama, se esforçou para trazer as tropas americanas de regresso a casa.

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