Denúncias comparam canil de Ourém a “galinheiro”

Membro da Associação Protectora dos Animais de Torres Novas diz que condições do canil são “chocantes, indignas e cruéis”. Câmara lembra que tem aprovado um projecto para a construção de um novo canil.

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Autarca diz que canil existe assim há 20 anos e tem capacidade para cerca de 30 animais DR

São imagens que mostram cães aninhados num espaço exíguo, de cimento, revestido por uma rede, o que faz lembrar um “galinheiro” coberto com chapas de zinco. “[Os animais] tremem com o frio e o corpo molhado, sofrem embrulhados a um canto.” O relato é de um associado da Associação Protectora dos Animais de Torres Novas, que denunciou assim, nas redes sociais, as condições em que os animais estão a ser acolhidos no canil municipal de Ourém. A câmara reconhece que as condições não são as mais adequadas, mas que são hoje melhores do que há uns anos. E sublinha que há um projecto aprovado para a construção de um novo canil na cidade. 

O PÚBLICO tentou contactar a Associação Protectora dos Animais de Torres Novas para tentar obter mais detalhes sobre as condições em que são acolhidos estes animais, mas não obteve resposta. Já ao final da tarde desta terça-feira, a associação considerou, em comunicado, que esta é uma “situação vergonhosa que não dignifica a bonita cidade de Ourém e deveria embaraçar os responsáveis autárquicos”. E clarificou que, embora este associado não seja residente em Ourém, conhece o espaço e apelida as condições do mesmo de “chocantes, indignas e cruéis”. 

“A situação que temos hoje não é a mais adequada, mas é mais favorável do que a que os animais que tinham antes”, reconhece o presidente da Câmara de Ourém, Luís Miguel Albuquerque. Segundo explicou o autarca ao PÚBLICO, “o canil existe assim há 20 anos” e os animais que são para ali encaminhados permanecem naquelas instalações “dez, quinze dias” e são depois transferidos para o Canil Intermunicipal em Proença-a-Nova, onde, supostamente, têm melhores condições. É por isso que Luís Miguel Albuquerque afirma que a situação é hoje mais favorável para os animais, porque ali permanecem menos tempo. O autarca disse ainda que o município adquiriu uma “viatura própria” para fazer esse transporte. 

Actualmente, o canil tem capacidade para acolher cerca de 30 animais, mas o autarca não soube precisar quantos se encontram actualmente no local. A acompanhá-los há um veterinário e um funcionário em permanência, disse ainda. 

Luís Miguel Albuquerque lembrou ainda que a câmara tem um “projecto aprovado” para a construção de um novo canil. O projecto foi aprovado pelo executivo municipal há quase um ano. Na altura, o município justificou a construção desta infra-estrutura com a proibição do abate de animais por motivo de sobrelotação das instalações.

O andamento da empreitada está dependente da conclusão da revisão do Plano Director Municipal (PDM) de Ourém. Segundo o autarca, esse processo deve ficar concluído no primeiro trimestre do ano. Por isso, acrescentou, “não faz grande sentido estar a fazer grandes alterações” ao actual canil, uma vez que há um projecto novo, cujas obras poderão avançar no final do Verão, depois de cumpridas todas as etapas da contratação pública.

O investimento previsto para o novo canil ronda os 450 mil euros e as novas instalações, que serão construídas junto ao edifício do Serviço Municipal de Protecção Civil, vão permitir acolher “40, 50 animais”, entre cães e gatos.

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