Criança de oito anos morre no hospital, um dia depois de ter recebido alta

Autoridades de saúde do arquipélago abriram inquérito à morte da menina, que na véspera foi medicada e mandada para casa.

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A morte aconteceu na sala de triagem da Urgência Pediátrica do Hospital Nélio Mendonça, no Funchal Rui Gaudêncio

Uma menina de oito anos morreu este domingo, dia 12 de Janeiro, à tarde no Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal, um dia depois de ter sido assistida no Serviço de Urgências da mesma unidade de saúde. Já foi aberto um inquérito para apurar as circunstâncias da morte e o responsável pela Urgência Pediátrica defende a realização de uma autópsia. 

A morte da criança – avançada pelo Diário de Notícias Madeira e confirmada pelo PÚBLICO junto de fonte próxima da família – ocorreu na sala de triagem da Urgência Pediátrica, onde estava a ser avaliada.

O secretário regional da Saúde, Pedro Ramos, revelou que o caso já motivou a abertura de um inquérito pelo Serviço de Saúde da região autónoma (SESARAM) para apurar as circunstâncias em que Lara morreu.

Fontes próximas da família contaram ao PÚBLICO que a criança tinha estado no último sábado no mesmo hospital, queixando-se de problemas respiratórios e apresentando perdas de consciência e temperatura elevada. Após exames, foi medicada e recebeu alta hospitalar.

Perante a persistência dos sintomas, os pais foram no dia seguinte, domingo, às urgências do Centro de Saúde de Machico (a cerca de 25 quilómetros a leste do Funchal), onde a criança foi encaminhada novamente para a urgência pediátrica do Hospital Dr. Nélio Mendonça.

No hospital foi levada para o gabinete de triagem, onde são priorizados os atendimentos de acordo com o estado de saúde e foi aqui que o estado de saúde se agravou. A criança ficou inconsciente, entrou em paragem cardio-respiratória e apesar das sucessivas tentativas de reanimação acabou por morrer. 

Hospital pede autópsia

Ao início da tarde desta segunda-feira, o Serviço de Saúde da região autónoma revelou, em comunicado, que “a criança deu entrada no Serviço de Urgência Pediátrica no sábado, 11 de Janeiro, com um quadro compatível com uma infecção viral respiratória superior. Perante o quadro que a criança apresentava, foram cumpridos os protocolos de actuação preconizados e prescrita a medicação adequada”.

No dia seguinte – continua o documento – o estado clínico agravou-se, e os pais recorreram ao serviço de atendimento urgente do centro de saúde de Machico, “sua área de residência”, onde a criança foi assistida. “Devido à sua situação inspirar cuidados mais diferenciados, [foi] transferida em ambulância, acompanhada por profissional de saúde para o Serviço de Urgência Hospitalar no Funchal, onde, lamentavelmente, viria a falecer”, acrescenta o SESARAM, afirmando que a “situação está a ser alvo de análise e de averiguação interna.”

O responsável pela Urgência Pediátrica, Manuel Pedro Freitas, disse aos jornalistas que toda a equipa está “bastante consternada”, adiantando aos jornalistas que o procedimento é sempre dar indicações a quem recebe alta hospitalar, para regressar em caso de agravamento dos sintomas.

“Tudo aponta para um quadro viral. Neste momento aguardamos exames complementares”, disse aos jornalistas, considerando que “é justificada” a realização de uma autópsia nesta situação. Um procedimento, que está dependente da decisão do Ministério Público.

O Serviço de Saúde da região autónoma solidarizou-se com os familiares da criança, adiantando que foi “disponibilizado apoio psicológico” para a acompanhar a família e os profissionais de saúde, que estavam na Urgência Pediátrica.

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