Paulo Gonçalves (1979-2020). Em 41 anos de história, o rali Dakar tirou a vida até ao seu criador

No total, já se registaram 70 mortes, directa ou indirectamente relacionadas com a competição. A mais recente: a do piloto português Paulo Gonçalves.

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Joaquim Rodrigues, um dos portugueses a competir no Dakar, reage à morte de Paulo Gonçalves LUSA/ANDRE PAIN
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Paulo Gonçalves já inanimado após o acidente que sofreu LUSA/ANDRE PAIN

Aquela que é considerada a prova de todo-o-terreno mais dura e exigente do mundo disputa-se desde 1979. E ao longo dos seus 41 anos de história houve vários momentos em que a morte, seja de pilotos, seja de espectadores, marcou a competição. Aliás, nem o seu fundador escapou.

No total, e contabilizando já a de Paulo Gonçalves, piloto português que morreu este domingo, na Arábia Saudita, o rali Dakar tirou a vida a 75 pessoas. Só entre pilotos foram 30 os que não regressaram a casa. A última vítima do Dakar tinha sido o motard polaco Michal Hernik, que não resistiu a uma queda e foi encontrado sem vida, junto à sua moto, durante a terceira etapa da edição de 2015 - a primeira ocorreu logo em 1979, quando o também motard francês Patrick Dodin não resiste a uma queda, numa etapa disputada no Níger.

Mas não têm sido apenas os participantes a morrer no Dakar. Desde a primeira edição que espectadores, jornalistas ou mecânicos das equipas têm perdido a vida durante a prova.

Aliás, um dos acidentes mais mortíferos do Dakar não envolveu sequer nenhum piloto. Em 1986, o francês Thierry Sabine, inspirador e criador do rali Dakar, morreu no deserto do Mali, quando o helicóptero em que viajava e a partir do qual dirigia a prova, embateu numa duna durante uma tempestade de areia. Juntamente com Sabine, faleceram mais quatro pessoas.

Um rali africano que deixou África

Originalmente disputado entre Paris, capital francesa e Dakar, a capital do Senegal, o rali ficou, desde cedo, marcado pela sua dureza. Aliás, essa era a sua imagem de marca. Os primeiros trajectos tinham 10 mil quilómetros de extensão - praticamente o dobro dos mais de 5 mil actuais.

A logística também era impressionante. Durante os seus primeiros anos de vida, a prova passava por cinco países, depois de deixar Paris, cidade que, a partir do ano 2000, deixou de ter o exclusivo da partida, com Barcelona e Lisboa a terem sido também locais de arranque da competição.

Em 2008 verifica-se um dos momentos mais importantes na história do Dakar - por motivos de segurança, a prova foi cancelada, naquela que foi a única vez em que tal sucedeu até hoje. A situação instável que se vivia na Mauritânia, país que receberia oito das 15 etapas do percurso e onde terroristas ligados à Al Qaeda ameaçavam cometer atentados contra os membros da caravana, levou a essa tomada de decisão drástica.

E, a partir desse ano, o Dakar deixou de percorrer solo africano, deixou de terminar em Dakar, mudando-se para a América do Sul, embora mantendo o nome. Argentina, Chile, Paraguai e Bolívia passaram a acolher a prova que, este ano, em mais uma mudança radical, estreou-se noutro continente e mudou-se de armas e bagagens para a Ásia.

Pela primeira vez disputado num só país, o Dakar deste ano, totalmente realizado na Arábia Saudita, fica desde já ensombrado por mais uma morte, a primeira de um português.

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