Morreu António Gervásio, histórico comunista que participou na fuga de Caxias

Tinha 92 anos. Foi preso três vezes, em 1947, 1960 e 1971, passando cinco anos e meio nas prisões do Aljube, de Caxias e de Peniche.

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António Gervásio fotografado em 2015 José Silva

O histórico dirigente comunista e deputado à Constituinte António Gervásio, que participou na célebre fuga de Caxias no carro blindado de Salazar, morreu, aos 92 anos, anunciou esta sexta-feira o secretariado do PCP.

Numa nota divulgada à imprensa, aquele órgão do PCP manifestou profundo pesar pela morte do histórico comunista, que nasceu em Montemor-o-Novo, em 25 de Fevereiro de 1927, aderiu ao partido com 18 anos, e foi deputado à Assembleia Constituinte, em 1975, e depois à Assembleia da República, eleito em 1979.

O corpo de António Gervásio estará em câmara ardente a partir das 9h de sábado, no Centro de Documentação e Arquivo da Reforma Agrária (Arquivo Municipal de Montemor-o-Novo) e o funeral realizar-se-á domingo, dia 12 de Janeiro, pelas 10h, para o cemitério da Paz, em Setúbal, onde será cremado, pelas 12h, indica o comunicado.

Militante desde 1945, António Gervásio passou à clandestinidade no Verão de 1952. Foi membro do comité central (CC) do PCP de 1963 a 2004 e integrou a comissão política do CC de 1976 a 1990.

Membro da comissão central de controlo eleito no XV Congresso, em 1996, até ao XVI Congresso, em 2000, António Gervásio foi preso três vezes, em 1947, 1960 e 1971, passando ao todo cinco anos e meio nas prisões do Aljube, de Caxias e de Peniche.

Com mais sete camaradas, participou na célebre fuga de Caxias no carro blindado de Salazar, em Dezembro de 1961, retomando de imediato a actividade partidária na clandestinidade, recorda o PCP.

Segundo o comunicado, António Gervásio foi “brutalmente torturado nas prisões de 1960 e 1971, com espancamentos até à perda de sentidos e a tortura do sono, sendo impedido de dormir durante 18 noites e 18 dias seguidos, cerca de 400 horas”.

Em Abril de 1974, estava na prisão do Forte de Peniche, após a condenação a 14 anos de cadeia e “medidas de segurança" em 1971, tendo sido um dos presos políticos libertados na madrugada de 27 de Abril, acrescenta.

Do percurso do comunista, cujo mais recente livro, Histórias da Clandestinidade, foi publicado em 2017, pela editorial Avante, o PCP salienta que foi “participante directo e incansável” no processo da Reforma Agrária “nos campos do sul, na liquidação do latifúndio” e na “constituição de unidades colectivas de produção”.

António Gervásio dedicou a sua vida à “causa revolucionária do seu partido de sempre, pela emancipação dos trabalhadores e dos povos, pela democracia, na resistência antifascista, na Revolução de Abril e na defesa das suas conquistas, por uma sociedade liberta da exploração e da opressão, pelo socialismo e o comunismo”, considera o PCP, no comunicado.

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