DCIAP investiga nova queixa da ex-eurodeputada Ana Gomes contra Isabel dos Santos

A antiga eurodeputada já tinha dito publicamente que iria apresentar novos elementos à PGR sobre os negócios de Isabel dos Santos.

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Ana Gomes Rui Gaudencio

A antiga eurodeputada socialista Ana Gomes entregou uma queixa à Procuradoria-Geral da República (PGR) portuguesa que visa as operações financeiras da empresária angolana Isabel dos santos e que está a ser investigada pelo DCIAP.

A PGR confirmou à Lusa a recepção da queixa de Ana Gomes, dizendo que a mesma foi remetida pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP).

Segundo o Jornal Económico, a queixa da antiga eurodeputada, que já tinha dito publicamente que iria apresentar novos elementos à PGR sobre os negócios de Isabel dos Santos, a denúncia foi também entrega à directora-geral da Autoridade Tributária (AT).

Segundo Ana Gomes, a quem a filha do ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos apresentou uma queixa por ofensa ao bom nome e reputação, ainda sem decisão, a empresária Isabel dos Santos e “outros cleptocratas angolanos” utilizam a banca portuguesa para “branquear” fundos desviados de Angola, em prejuízo do povo angolano.

Em entrevista em Novembro à Lusa, a ex-eurodeputada disse que iria apresentar na Justiça “todos os elementos” que possui, envolvendo as dúvidas que tem lançado à origem dos investimentos da empresária angolana Isabel dos Santos.

“Eu mantenho tudo aquilo que disse. E disse que tenho fornecido a várias instâncias, europeias e nacionais, muita informação que deveria levar a questionar a idoneidade da senhora dona Isabel dos Santos”, afirmou, na entrevista à Lusa.

Em causa estão os processos sobre a compra da empresa portuguesa Efacec, transferências feitas para o Dubai por parte da Sonangol, e a origem dos fundos para pagar a bancos de direito português relacionados com a joalharia suíça De Grisogno, adquirida com o marido, Sindika Dokolo.

No caso da empresa portuguesa, em causa está a origem dos fundos utilizados na aquisição, com fundos de Malta, com ligações à Empresa Nacional de Distribuição de Eletricidade (ENDE) de Angola.

As transferências da Sonangol, que foi administrada pela empresária, são também objecto de investigações em Angola.

As participações nas empresas angolanas que suportam a compra da joalharia De Grisogno foram já arrestadas pela justiça de Angola por alegadas irregularidades, depois de o empresário Sindica Dokolo ter acusado a empresa estatal de diamantes de estar a tentar destruir a marca suíça.

No final de 2020, já após a entrega da queixa por parte de Ana Gomes, um tribunal angolano decretou o arresto preventivo de contas bancárias pessoais da empresária angolana Isabel dos Santos, de Sindika Dokolo e Mário da Silva, além de nove empresas nas quais detêm participações sociais.

Uma das origens deste processo está a aquisição da marca de joalharia.

Na entrevista à Lusa, Ana Gomes criticou a falta de ação das autoridades portuguesas em relação a Isabel dos Santos.

“Eu não estou nada preocupada com a senhora engenheira Isabel dos Santos. Eu estou, e desde há muito tempo, é preocupada com as facilidades e as cumplicidades que a senhora engenheira encontrou para investir em Portugal”, com “dinheiro que obviamente pertencia, pertence, ao povo angolano”, disse.

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