Reeleição de Tsain Ing-wen será uma boa notícia para os EUA

No braço de ferro entre Washington e Pequim pela supremacia da Ásia-Pacífico, a derrota do Kuomitang é importante para os interesses norte-americanos.

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O Shandong, o novo porta-aviões chinês Reuters

Para os Estados Unidos e os seus aliados na zona da Ásia-Pacífico, nomeadamente o Japão, 2019 foi um ano de grande expectativa com epicentro em Taiwan. A impopularidade da Presidente Tsai Ing-wen dificultava a sua reeleição e abria caminho ao regresso a Taipé de uma política pró-Pequim que afectaria os interesses dos Estados Unidos na região e desequilibraria a balança a favor da China.

Como explica Yi-Zheng Lian no New York Times, “Taiwan está no meio da chamada ‘primeira cadeia de ilhas’, que se estende do Norte do Japão para as Filipinas até à península malaia. Do ponto de vista da América e dos seus aliados asiáticos, esta é uma cadeia de defesa que pode bloquear qualquer avanço da China no Pacífico”. Se se perder Taiwan, perde-se a cadeia de defesa.

“Os Estados Unidos vêem a China como um dos seus mais importantes adversários estratégicos, sendo Taiwan uma das ferramentas centrais para refrear o desenvolvimento da China”, diz Chiu Yi, antigo deputado taiwanês, citado pela CGTN. A continuação de Tsai Ing-wen no poder é, como tal, importantíssimo para a estratégia de Washington para a região.

Desde que assumiu a presidência em 2016, Tsai Ing-wen tem recusado o “Consenso” de 1992 e a ideia de “uma China”, mostrando uma hostilidade em relação a Pequim, por palavras e actos. A chefe de Estado quer garantir que Taiwan assume identidade própria sem ligação à China. E assumiu que para isso precisa da força de Washington para equilibrar a balança de poder que não pode equilibrar sozinha com Pequim: o telefonema a Donald Trump para o felicitar pela sua eleição foi a primeira conversa entre chefes de Estado dos dois países desde que os EUA aceitaram a autoridade do Partido Comunista Chinês sobre toda a China, incluindo Taiwan.

“Washington espera utilizar a hostilidade entre Taiwan e a China continental para ‘contra-atacar a China com o seu próprio povo. Nos anos 1970, os EUA tentaram ‘criar’ duas Chinas nas Nações Unidas”, explica à CGTN Zhang Shun, investigador do Instituto de Estudos Taiwaneses da Academia de Ciências Sociais chinesa.

Há exactamente um ano, o Presidente da China, Xi Jinping, definiu a reunificação de Taiwan como “a grande tendência da História” e intensificou as acções nesse sentido, apertando o cerco a Tsai Ing-wen, proibindo as visitas de turistas chineses a Taiwan, aumentando o uso de pau e cenoura em relação aos poucos países com quem Taipé ainda mantém relações diplomáticas. A reeleição da chefe de Estado, apesar de toda a pressão e o apoio ao seu adversário é um revés para Xi Jinping e um alívio para Washington.

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