O último apagou a Luz, Pizzi e Almeida acenderam-na para o Benfica

O Benfica sofreu, rematou, falhou e virou o resultado, numa partida de desgaste. Valeram Pizzi - mais um golo, o 12.º - e André Almeida - que chegou a ser expulso neste jogo.

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Jota e Yamga na Luz LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

Houve muitos remates, alguns falhanços e sofrimento até ao final, mas o Benfica venceu o Desportivo das Aves, por 2-1, nesta sexta-feira, em jogo da ronda 16 da I Liga. Vindo do fundo da tabela da Liga, o último apagou a Luz durante 76 minutos, mas o Benfica, com mais de três dezenas de remates feitos, salvou-se perto do final – um triunfo suado, mas justo, cujos números pecam por escassos. E o célebre conceito de “estrelinha de campeão” tem, neste jogo, a aplicação perfeita.

Para esta partida, sem Taarabt, Cervi e Vinícius, Bruno Lage estreou Julian Weigl – jogo apagado –, apostou em Jota e voltou a dar o ataque a Seferovic. E estas duas últimas opções explicam parte do que se passou na Luz. Com Jota em vez de Cervi, o Desp. Aves soube o que fazer ao lado esquerdo do Benfica. Em Seferovic o Benfica teve um avançado perdulário e com claras limitações na finalização – e a equipa sofreu com isso.

Desp. Aves foi às “aulas”

A primeira parte mostrou um Desp. Aves que foi às “aulas”, mas não a todas, porque a “lição” veio sabida a metade. Por um lado, soube como se magoa este Benfica. Por outro, mostrou não saber como se pára os “encarnados”.

Aos 14’, aos 18’ e aos 20’, o Desp. Aves mostrou como fazer para incomodar o Benfica. E a receita foi sempre a mesma. Colocar dois jogadores no corredor direito, “seduzindo” Grimaldo a sair na pressão – algo a que o espanhol nunca resiste –, antes de colocar a bola entre o lateral espanhol e Ferro (e Jota não dobra Grimaldo como costuma fazer Cervi). Foi sempre esse o espaço a ser aproveitado. Aos 14’ e aos 18’ os cruzamentos não foram finalizados, mas, aos 20’, Mohammadi ficou cara a cara com Ferro, driblou o português e finalizou perante Odysseas. Lição bem estudada e, sobretudo, bem aplicada. Esta foi a parte boa do Desp. Aves. A parte má foi… tudo o resto.

A equipa de Nuno Manta Santos, tal como o treinador tinha prometido, não trouxe “autocarro” e adoptou uma postura de pressão à primeira fase de construção do Benfica, mas nunca o fez em bloco – deixou, portanto, muito espaço entre a primeira linha de pressão e a linha defensiva. Isto, contra o Benfica, é pouco menos do que “suicídio”. Só não foi porque os “encarnados” se mostraram particularmente ineficazes na finalização – e Vinícius a aquecer desde os 30 minutos foi um sinal claro de Bruno Lage.

A equipa “encarnada” mostrou uma dinâmica tremenda, com várias trocas posicionais e combinações curtas, sobretudo nos corredores, aproveitando um Desp. Aves constantemente a defender correndo para trás – sinal geralmente claro relativamente ao desequilíbrio defensivo. Quem o aproveitou foram Gabriel e Pizzi – perceberam a necessidade de estarem mais em jogo, não havendo Taarabt para criar –, e foram os “donos da bola”, com vários passes verticais e combinações em zona ofensiva.

A prova de tudo isto é fastidiosa: aos 3’ e aos 6’ houve cruzamentos sem finalização, aos 7’ Seferovic cabeceou por cima, aos 16’ Weigl surgiu para finalizar sem sucesso, aos 25’ Pizzi falhou a recarga a remate de Chiquinho, aos 29’ Seferovic vacilou novamente na cara de Beunardeau, aos 33’ Chiquinho falhou ao segundo poste, aos 39’ Jota falhou perante Beunardeau, aos 40’ Pizzi não concluiu o cruzamento de Grimaldo – nem Jota aos 43’ – e, aos 47’, houve a oportunidade suprema: novamente Seferovic não marcou, Pizzi também não o fez à segunda tentativa, nem Chiquinho à terceira - bolas cortadas perto da linha de baliza.

Golos na fase menos fulgurante

A segunda parte não foi diferente. O Desp. Aves, a equipa com mais golos sofridos de bola parada, confirmou as limitações neste capítulo e cada canto dos “encarnados” – e foram 17 – era um lance de perigo.

Seferovic falhou mais duas oportunidades claras, Gabriel outras duas, tal como Chiquinho e Rúben Dias, somando-se ainda mais três de Vinícius. Muito desperdício – alguns lances com falhanços claros – e Beunardeau, guarda-redes do Aves, a igualar Pasinato e Marco com o recorde de defesas num jogo (dez).

Curiosamente, o Benfica acabou por só chegar ao golo numa fase de menor discernimento e na qual começava a somar más decisões e más execuções – notou-se algum desespero e até cansaço. O primeiro golo chegou num penálti convertido por Pizzi (12 golos na Liga), aos 76’, e muito contestado pelos visitantes.

Antes disso, André Almeida chegou a ser expulso por Carlos Xistra, mas o árbitro reverteu a decisão, com ajuda do VAR. Agradeceu o Benfica, que viu o lateral fazer o golo decisivo, aos 89’, finalizando um lance confuso na área do Desp. Aves.

O festejo foi para lá de efusivo, o que atesta a forma sofrida como este triunfo chegou. Houve sorte, mas uma sorte bem procurada.

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