Uma banda desenhada com as marcas da nossa violência

Angola Janga, de Marcelo D’ Salete, resgata a epopeia dos quilombos de Palmares para iluminar o desejo de liberdade de homens e mulheres. Contra aqueles que os escravizaram no Brasil.

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Rafael Roncato

Há quatro anos, no Ípsilon, escreveu-se que Cumbe de Marcelo D’ Salete (São Paulo, 1979), enfrentava, com a ficção, o regime esclavagista do Brasil do século XVII. Em quatro contos de banda desenhada — recordam-se? —, encontrávamos personagens de uma fragilidade digna, acções e acontecimentos sublimados nas elipses, diálogos que, ameaçados pela crueldade e pela morte, se liam à beira do silêncio. Sobre Angola Janga (edições Polvo) seria pertinente dizer algo semelhante. Lançado em Novembro passado, no Festival de Banda Desenhada da Amadora, conta histórias que ficaram por contar do mesmo período histórico. A diferença reside no encontro assumido pelo autor com a História e no fôlego daí exigido. Mais de 400 páginas que reinterpretam e re-imaginam os factos na formação dos quilombos de Palmares no Nordeste do Brasil, quando os escravos africanos, em busca de um território de liberdade, resistiram às forças portuguesas. Marcelo D’Salete, vencedor em 2018 de um Prémio Eisner, recorda ao Ípsilon o momento em que se confrontou com uma narrativa de traços épicos e trágicos.

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