NATO preparada para retomar missão de treino no Iraque se o país autorizar

Secretário-geral da NATO reuniu o Conselho do Atlântico Norte para avaliar desenvolvimentos no Médio Oriente. Stoltenberg pediu ao Irão para se abster de mais violência e provocações.

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Stoltenberg: “Foi uma decisão tomada pelos Estados Unidos e não pela NATO” STEPHANIE LECOCQ/EPA

A NATO está preparada para retomar a sua missão de treino no Iraque, suspensas no sábado, assim que a situação de segurança no terreno o permita e se o Governo iraquiano concordar com o resumo das actividades militares, declarou o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, no final de uma reunião do Conselho do Atlântico Norte, esta segunda-feira em Bruxelas.

Os aliados reuniram de emergência para avaliar os últimos desenvolvimentos no Iraque, após o assassínio do general Qassem Soleimani, líder histórico da força al-Quds, a unidade de elite dos Guardas da Revolução do Irão, numa operação montada pelos Estados Unidos na madrugada da passada sexta-feira.

“Essa foi uma decisão tomada pelos Estados Unidos e não pela NATO”, distinguiu o secretário-geral da Aliança Atlântica, que teve a oportunidade de ouvir uma exposição da delegação norte-americana sobre os motivos que justificaram a morte do líder iraniano. “Os EUA forneceram aos aliados o seu racional para o ataque ao general Soleimani mas não me compete a mim divulgá-los”, referiu Stoltenberg.

Porém, o secretário-geral da NATO fez eco das preocupações dos aliados com as “acções desestabilizadoras” levadas a cabo pelo Irão no Médio Oriente, e a sua condenação do apoio da república islâmica às actividades de grupos terroristas responsáveis, por exemplo, por ataques contra bases militares da coligação internacional de combate ao Daesh. Stoltenberg disse ainda que os aliados concordam que o Irão não pode desenvolver armas nucleares.

A morte de Soleimani provocou uma forte vaga de protesto contra a presença dos Estados Unidos no Iraque, e levou mesmo o Parlamento nacional a aprovar uma moção a exigir a retirada do efectivo de cerca de 5000 soldados norte-americanos do país. A posição dos deputados mereceu o apoio do primeiro-ministro, Adel Abdul Mahdi, que se encontra demissionário na sequência dos protestos populares contra a corrupção e a situação económica.

Esta segunda-feira, Jens Stoltenberg lembrou que a missão de treino que a NATO mantém no Iraque — e que integra 30 militares portugueses — se encontra no país a convite das autoridades nacionais e no âmbito da missão internacional Inherent Resolve criada para combater o Daesh.

“Os aliados manifestaram o seu forte apoio aos esforços da coligação internacional que combate o Daesh e da missão de treino da NATO no Iraque”, disse Stoltenberg, recordando que as acções de treino no terreno foram suspensas por causa da instabilidade que se seguiu ao assassínio do general Soleimani. “Tomámos todas as precauções necessárias para proteger o nosso pessoal, e mantemos o contacto próximo com o Governo do Iraque. A NATO está preparada para retomar a missão assim que a situação o permitir”, garantiu.

O secretário-geral da NATO voltou a apelar à contenção, e ao “comportamento responsável” de todos os actores da região para evitar o aumento da tensão. Stoltenberg não quis comentar as acções dos EUA, ou as ameaças repetidas esta segunda-feira pelo Presidente Donald Trump contra alvos iranianos. Mas disse que o Irão “deve abster-se de mais violência e provocações”.

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