Entre as 21 barragens das bacias do Sado e Guadiana, 16 têm caudal inferior a 50%

Depressão Elsa deixou nas 26 barragens alentejanas um acréscimo de 325 milhões de metros cúbicos de água mas a escassez de recursos mantém no vermelho uma dezena de albufeiras.

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A bacia do Sado continua com problemas LUSA/ANTÓNIO COTRIM

Temia-se que a depressão Elsa provocasse estragos de monta na região alentejana mas ao mesmo tempo acreditava-se que a forte pluviosidade aumentasse as reservas de água nas albufeiras e charcas que se encontravam secas ou com índices muito baixos nos seus níveis de armazenamento. Mas o acréscimo de precipitação teve um impacto pouco significativo nas albufeiras públicas dispersas pelo sul do país, ao contrário do que aconteceu na região acima do rio Mondego, onde todas as barragens receberam afluências acima da média para o mês de Dezembro.

Os dados publicados no site do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH) relativos ao mês de Dezembro de 2019 confirmam que nas 19 barragens instaladas nas bacias do Lima, Ave, Cavaco, Douro e Mondego, 13 apresentam reservas entre os 80% e 100% e, nas restantes seis, o volume armazenado está entre os 60% e 80%.

A sul do rio Mondego, nas 39 barragens das bacias do Tejo, Sado, Guadiana, Mira, Arade e ribeiras do Barlavento Algarvio, apenas em sete as reservas de água estão entre os 80% e 100%. No total das 58 barragens públicas, só três têm o seu armazenamento a 100% (Serra Serrada, Alijó e Cova do Viriato), todas com uma pequena capacidade de encaixe entre os 1500 e os 1760 milhões de metros cúbicos. A barragem do Castelo do Bode que abastece a cidade de Lisboa armazena 1.044.520.000 metros cúbicos de água e está com 95,4% da sua capacidade máxima.

Antes da chegada da depressão Elsa, as disponibilidades hídricas da região Alentejo, no dia 19 de Dezembro, acendiam aos 3.483.000.000 de metros cúbicos. No dia 31 de Dezembro os valores recolhidos pelo SNIRH referem que as reservas nas 26 barragens públicas alentejanas ascendiam aos 3.808.000.000 de metros cúbicos de água, o que representa um acréscimo de 325 milhões de metros cúbicos. No dia 20 de Dezembro, quando o temporal se abatia sobre a bacia do Guadiana, a albufeira do Alqueva armazenava 2.753.000.000 de metros cúbicos e a sua cota atingia os 145,20 metros acima do nível do mar. No final de Dezembro a cota do Alqueva subiu mais 61 centímetros para os 145,81 que corresponde a um acréscimo de caudais na ordem dos 100 milhões de metros cúbicos. 

A continuarem os dias de sol intenso e sem precipitação atmosférica, os valores no armazenamento de água rapidamente ficarão ao nível dos registados na semana que antecedeu a chegada da depressão Elsa. O volume de afluências às barragens alentejanas, se a chuva não regressar com abundância durante o Inverno e princípios da Primavera, colocará problemas graves ao abeberamento do gado e das populações que residem nas zonas mais críticas durante o próximo Verão. Só a albufeira do Alqueva perde anualmente por evaporação cerca de 300 milhões de metros cúbicos de água, sensivelmente o mesmo volume de afluências que as barragens alentejanas receberam na sequência da precipitação causada pela depressão Elsa.

A escassez de recursos hídricos mantém no vermelho as barragens do Divôr (12,3%) na bacia do Tejo, Campilhas (8,6%), Fonte Serne (29,8%), Monte Miguéis (25,7%), Monte Gato (27,9%), Monte da Rocha (10%), Pego do Altar (25,9%) e Roxo (16,4%) na bacia do Sado, Caia (29%) e Vigia (21.8%) na bacia do Guadiana. O volume de caudais das albufeiras alentejanas, no final de Dezembro, apresenta valores inferiores à média para o mês de Dezembro: Guadiana 65,8% (bacia que beneficia do factor Alqueva), Sado (32,3%) e Mira (49,4%).

No outro lado da fronteira, as reservas nas albufeiras antes da chegada da depressão Elsa estavam nos 48,5% da sua capacidade total. No dia 26 de Dezembro, o volume de água armazenada registava uma subida para os 55,7%, segundo os dados do Ministério da Transição Ecológica (Miteco) espanhol.

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