Trabalhadores da Galp pedem reforço da participação do Estado na empresa

Comissão de trabalhadores diz que se trata de “necessidade urgente” depois de arresto de bens de Isabel dos Santos, que tem uma participação indirecta na empresa.

Foto
A refinaria da Petrogal, em Matosinhos Paulo Pimenta

A Comissão Central de Trabalhadores (CCT) da Petrogal, o ramo do negócio de petróleo da Galp, considerou hoje que o reforço da participação do Estado na empresa é uma “necessidade urgente”, na sequência do arresto de bens de Isabel dos Santos, que detém participações naquela empresa.

“Começamos o ano com a participação angolana na berlinda pelo arresto de contas bancárias e participações em empresas angolanas de Isabel dos Santos, uma das accionistas da Esperaza em conjunto com a Sonangol, por sua vez accionistas da Amorim Energia BV, principal accionista do grupo”, começa por referir o comunicado da CCT da Petrogal, detida pela Galp.

Na sequência daquelas notícias sobre a empresária angolana, a CCT considerou uma “necessidade urgente” que o Governo reforce a participação “do Estado na Galp, por exemplo, via Parpública que detém 7% do capital, o segundo maior accionista directo, uma participação equivalente à de Isabel dos Santos”.

Para aquela estrutura representativa, se a Parpública adquirisse a participação dos accionistas angolanos na Galp, o Estado Português assumiria novamente o controlo da empresa, “sem ficar à mercê de arranjos accionistas ou de jogos de interesses de Estados estrangeiros”.

A CCT admite, no entanto, não esperar que o Governo decida aumentar a participação na Galp, uma vez que “não fez vingar o direito de ter um administrador directo” na empresa quando instado pela CCT para o fazer, na assembleia-geral de 2019, e aponta também culpas ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

“O Sr. Presidente parece entender que o país deve pagar uma renda brutal ao Grupo Amorim para nos fazer o favor de ser o accionista de referência, não se importando com os postos de trabalho destruídos, ou a redução dos salários e dos direitos dos trabalhadores que seguem ao som da guitarra portuguesa, como um fado”, defenderam os representantes dos trabalhadores da Petrogal, numa referência à visita de Marcelo Rebelo de Sousa a Angola em 2018, que vêem como uma tentativa de “pôr água na fervura”, depois das notícias sobre um possível desinvestimento da Amorim Energia na Galp.

Na segunda-feira, o Tribunal Provincial de Luanda decretou o arresto preventivo de contas bancárias pessoais de Isabel dos Santos, do marido, Sindika Dokolo, e do português Mário da Silva, além de nove empresas nas quais a empresária detém participações sociais.

Isabel dos Santos detém participações em Portugal em sectores como a energia (Galp e Efacec), telecomunicações (NOS) ou banca (EuroBic).

Um dia depois da ordem do tribunal, a empresária Isabel dos Santos afirmou, num comunicado enviado à agência Lusa, que o investimento da Sonangol na Galp é o “mais rentável na história” da petrolífera de Angola e que por isso não foi lesivo para o Estado angolano.

Sugerir correcção
Comentar