Neste novo autocarro turístico, serve-se Lisboa ao sabor dos doces

Entre a Baixa e Belém, um percurso de autocarro para ver as vistas enquanto se saboreia um pastel de nata, uma queijada de Sintra ou um salame. Para turistas e não só.

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FRANCISCO ROMAO PEREIRA
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É um híbrido entre cafetaria e autocarro turístico. Além do passeio turístico normal, o Coffee Time Tour é personalizável para eventos privados, onde tudo é possível.

Um pastel de nata, uma queijada de Sintra, um palmier recheado e um mini-salame: é este o nosso lanche. Para acompanhar, pedimos um chocolate quente. O cenário podia ser de uma pastelaria no centro de Lisboa, mas estamos dentro de um autocarro turístico de dois andares. É o Coffee Time Tour que nasceu este Verão e ambiciona ser uma forma original de visitar Lisboa.

A ideia surgiu quando Cecília Prata se viu desempregada. “Pensei por que não fazer a ligação entre os dois pontos principais de Lisboa: a Baixa e Belém”, explica a empresária. A principal preocupação foi não criar mais um autocarro hop on hop off.

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Nasceu o Coffee Time Tour, um misto de cafetaria com música e de autocarro turístico. As viagens partem da Praça dos Restauradores e da Praça do Império, em Belém. O bilhete é válido apenas num sentido e inclui quatro doces miniatura e uma bebida, quente ou fria.

São 15h45 e chove a potes na Praça dos Restauradores. Esta é a quinta viagem de hoje. No autocarro, entram duas turistas britânicas. “É tão agradável”, dizem ao sentar-se.

Sentamo-nos no banco atrás delas. O lanche é servido e ainda não chegámos ao Terreiro do Paço. “As pessoas comem os bolos num instante”, comenta Cecília Prata.  A combinação dos quatro doces a servir foi um desafio. Se o pastel de nata era uma escolha óbvia, os outros nem tanto.

O Google foi o melhor amigo de Cecília Prata para descobrir os doces com maior procura por parte dos turistas. “Muita gente não tem ideia, por exemplo, que o salame de chocolate é tão procurado”, sublinha a empresária. Chegou então à combinação de pastel de natal, palmier recheado com doce de ovos (ambos fornecidos pela Pasteleria Aloma), queijada de Sintra e mini-salame de chocolate (estes dois da Casa do Preto).

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O turista “sem nada programado”

Cecília Prata explica que criou o Coffee Time Tour a pensar num tipo de turista específico, “aquele que vem sem nada programado”. Existem dois tipos de turistas, segundo a empresária: aquele que quer ver o máximo pelo menor preço possível, e o mais tranquilo, quem vem à descoberta.

Quando fundou o projecto, Cecília Prata imaginou que seria para uma faixa etária mais avançada. Enganou-se. “Eu achava que era mais para os mais velhos, mas temos recebido imensa gente de 20 e 25 anos”, revela a empresária.

Espanhóis, franceses, americanos e chineses são as nacionalidades que mais escolhem o Coffee Time Tour para uma experiência diferente pela cidade. Cecília Prata conta, ainda, que têm sido surpreendidos com muitos viajantes solitários, que andam à descoberta da cidade e apanham boleia de ou até Belém.

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Cecilia Prata, empresaria, mentora do projecto. FRANCISCO ROMAO PEREIRA

Nem só de turistas vive a Coffee Time Tour

“Esta é a Ponte 25 de Abril. É quase igual à Golden Gate em São Francisco, mas bem mais bonita”, diz ao altifalante o guia Frederico Paten. As turistas sorriem. O guia vai falando esporadicamente, já que toda a informação sobre o percurso pode ser consultada no guia turístico, disponível no site do Coffee Time Tour.

O discurso no passeio turístico é sempre o mesmo, mas o Coffee Time Tour pode ser totalmente personalizado. Quando a Fugas fez o percurso, o autocarro ia receber uma festa de 40 mulheres, por exemplo.

Durante 60 minutos do passeio, tudo pode ser escolhido ao pormenor: o catering, as bebidas e a música. “É um conceito diferente, não é uma multinacional”, explica Cecília Prata. Para fazer uma festa no autocarro azul, basta entrar em contacto e apresentar a ideia. 

“Esta é uma das vistas mais bonitas de Lisboa”. Estamos a descer a Avenida da Torre de Belém, ladeada por jacarandás verdes. Um último golo no chocolate quente e termina assim o lanche. Ou melhor, termina o passeio de autocarro.

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