Alvalade abre 2020 com FC Porto a tentar furar 11 anos de bloqueio

Primeiro de dois clássicos no período de 12 dias obriga Sporting a provar já frente aos “dragões” que pode aspirar a mais do que o actual terceiro lugar. Sérgio Conceição procura vitória que escapa desde 2008-09.

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Danilo e Bruno Fernandes deverão reencontrar-se no domingo LUSA/RODRIGO ANTUNES

O Sporting-FC Porto promete marcar de forma indelével o pontapé de saída do futebol português em 2020, sem permitir que se ignorem o impacto e consequências directas de um clássico imprevisível nas contas do título. Independentemente de uma certa tendência, vincada pela incapacidade portista de vencer em Alvalade desde 2008-09 — ainda João Moutinho equipava de verde e branco —, o duelo entre “leões” e “dragões” (domingo, 17h30) promete, desde logo, manter o rival da Luz agarrado à cadeira, numa posição mais ou menos confortável consoante o resultado que os líderes da Liga alcancem, esta noite, em Guimarães.

Em termos relativos, para Silas esta pode muito bem ser a hora da verdade, já que qualquer desfecho que não passe por uma vitória só servirá para deixar o Sporting cada vez mais resignado e consciente de que o terceiro lugar será apenas o mal menor de mais uma época longe do título de campeão nacional. 

Já Sérgio Conceição, que nesta Liga só perdeu uma vez, logo na primeira jornada, em Barcelos — cedendo posteriormente empates com Marítimo e Belenenses SAD, sempre na condição de visitante —, pode considerar-se advertido para os riscos de mais uma deslocação sem rede e que, ao mínimo deslize, poderá complicar seriamente as contas do título.

Com a condição de Danilo Pereira a alimentar um clima de incerteza no plano táctico, o FC Porto sabe que existe uma oportunidade de corrigir a história dos últimos 11 anos, assim consiga explorar a fenda aberta pelas vitórias de Rio Ave (2-3) e Famalicão (1-2), em Alvalade, e recuperar os tempos em que intercalava derrotas e empates com o orgulho de vitórias recorrentes — mesmo que sempre pela margem mínima — nos domínios dos “leões”. 

Mas como o futebol faz questão de provar frequentemente, história e tradição interferem muito pouco ou nada no desempenho das equipas, pelo que nem o Sporting pode ficar à espera de colher dividendos de um contexto desactualizado, nem o FC Porto surgirá em campo minimamente pressionado pelas estatísticas. Até porque neste hiato de uma década, o balanço positivo do Sporting não obviou uma instabilidade transversal, traduzida na passagem de cinco presidentes pelo clube. Nem o desacerto dos “dragões” na arena leonina travou a conquista de cinco campeonatos, o último dos quais sob o comando técnico de Sérgio Conceição, que nas duas viagens a Alvalade não marcou nem sofreu golos. 

De resto, só os golos poderão evitar um empate que não serve os interesses de Sporting e FC Porto. Neste particular, podem apontar-se maiores fragilidades à equipa da casa, mais permissiva, já com 15 golos sofridos em 14 rondas, sete dos quais em Alvalade — o que até não é novidade, repetindo-se o quadro da última época, apenas pior no capítulo da concretização, com menos seis golos marcados na presente campanha. Os problemas na baliza, com a ausência de Renan, ainda a recuperar de uma lesão muscular (Luís Maximiano repetirá a titularidade), também não podem ser desvalorizados quando pela frente surge o segundo ataque mais concretizador da Liga, apoiado numa defesa ainda imaculada no Dragão e batida apenas por seis vezes. 

Com mais de meia volta por disputar, e apesar de o Benfica só ter cedido na recepção ao FC Porto, mesmo a uma distância de cinco meses do final da competição os responsáveis não ignoram que este poderá ser um jogo com peso determinante nas grandes decisões, mesmo que o Benfica tenha, igualmente, que colocar-se na posição do FC Porto, com uma visita a Alvalade agendada já para daqui a duas semanas. 

Mas o ideal é mesmo esperar pela melhor versão de 2020 de um clássico irrepetível, ainda que o calendário ofereça uma última oportunidade, possivelmente bem mais dramática, de encerrar a questão do título a três jornadas do cair do pano da Liga.

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