Xi Jinping decidiu ser anfitrião de cimeira com líderes europeus

Decisão de substituir Li Keqiang no encontro17+1, com líderes da Europa Central e do Leste, mostra que Pequim está cada vez mais focada na Europa, à medida que a rivalidade com os EUA se alarga para além do comércio.

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Xi Jinping, Presidente da China WU HONG/EPA

O Presidente da China, Xi Jinping, decidiu substituir o primeiro-ministro Li Keqiang como anfitrião da cimeira de Cooperação entre a China e a Europa Central e do Leste (conhecida como 17+1), num sinal de que o Governo de Pequim dá agora maior importância à sua relação com a Europa, devido à rivalidade cada vez maior com os Estados Unidos no palco mundial.

A notícia, avançada pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post, diz que os convites para a cimeira foram enviados em nome de Xi que, de acordo com uma fonte diplomática, vai fazer o discurso de abertura, para sublinhar essa aposta. A cimeira, que junta a China e 17 países europeus, realiza-se em Abril em Pequim.

“A tradição mudou de acordo com as circunstâncias”, disse uma fonte ao SCMP sobre a substituição de Li, que esteve nos últimos seis anos à frente da cimeira, na qual a participação tem vindo a crescer. Este crescimento tem motivado críticas por parte da União Europeia.

“Nos últimos três anos, responsáveis da UE mostraram o seu desagrado por a China estar a minar o processo de integração europeia ao transformar países da UE em ‘cavalos de Tróia’ para semear a divisão no continente. Alguns exigiram que a China adopte a política de ‘uma Europa’, tal como a UE apoia a política ‘uma China’”, lia-se numa análise da cimeira feita no ano passado na revista The Diplomat.

A cimeira junta, além da China, 12 Estados-membros da UE – Estónia, Letónia, Lituânia, Polónia, República Checa, Eslováquia, Hungria, Roménia, Bulgária, Croácia, Eslovénia e Grécia – e cinco aspirantes à entrada (Sérvia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro, Albânia e Macedónia do Norte).

Fontes ouvidas pelo SCMP dizem que é muito significativo ser agora Xi o anfitrião: “É a prova dos esforços de Pequim para aprimorar o seu compromisso com a Europa à medida que a rivalidade com os EUA extravasou da guerra comercial para os campos da tecnologia, da defesa e até da ideologia”.

“A China pretende [aumentar os seus laços com a Europa] e também os [17] participantes”, disse o professor de Relações Internacionais da Universidade Renmin em Pequim, Wang Yiwei.

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