É o nevoeiro no Tejo que tem feito um navio buzinar toda a noite

As regras de segurança prevêem que os navios buzinem em condições de visibilidade reduzida, para avisar outros navios e evitar abalroamentos.

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O navio fez soar repetidamente a buzina durante a noite na zona em frente à Praça do Comércio MIGUEL MANSO/ARQUIVO

O ano novo começou com queixas de quem vive em Lisboa: havia um navio a buzinar noite dentro, não os deixando dormir. E o ruído não era apenas ouvido nos bairros mais próximos do Tejo, como também em zonas mais distantes como as Avenidas Novas e Alvalade. Afinal, trata-se de uma medida de prevenção, prevista num regulamento internacional que recomenda que se faça uso das sirenes em casos de visibilidade reduzida — neste caso, por culpa do nevoeiro. “É uma prática habitual em casos de nevoeiro que serve para evitar abalroamentos e avisar os outros navios da sua presença”, diz ao PÚBLICO o capitão do Porto de Lisboa, João Coelho Gil.

A prática está prevista no Regulamento Internacional para Evitar Abalroamentos no Mar em que há sinais sonoros próprios para serem utilizados quando existem condições de visibilidade reduzida (nevoeiro, neblina ou aguaceiros fortes).

O responsável da Capitania do Porto de Lisboa ressalva que se trata de uma “situação normalíssima” e que o regulamento internacional “recomenda, mas não obriga” a utilização destes sinais sonoros. Neste caso, é provável que o cargueiro utilize as suas sirenes por estar perto “de uma zona em que os cacilheiros cruzam e é evidente que isso pode representar perigo” se as embarcações de passageiros não souberem da presença do navio de grandes dimensões.

Durante esta quinta-feira já “há condições de boa visibilidade e não se tem feito estes sinais sonoros”, explica o capitão Coelho Gil. Por agora, sabe-se que o navio poderá ficar perto da margem do rio Tejo a emitir sinais sonoros enquanto houver nevoeiro. Nesta quinta-feira previa-se “neblina ou nevoeiro matinal”, com nuvens baixas e céu muito nublado. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) ainda prevê nevoeiro para a manhã de sexta-feira.

O capitão Coelho Gil confirmou que o navio em causa é o cargueiro Western Miami, com bandeira das Filipinas. A TSF avançou nesta quinta-feira que o navio está fundeado no Mar da Palha e se encontra a abastecer de combustível. Segundo o site Marine Traffic, trata-se de um cargueiro que saiu de Gijón, em Espanha, a 24 de Dezembro com destino a Brownsville, nos Estados Unidos, com chegada prevista a 20 de Janeiro. Este site diz que o navio continua fundeado no rio Tejo, na zona em frente ao Terreiro do Paço — informação também confirmada pelo capitão do Porto de Lisboa.

Entretanto, o Bloco de Esquerda entregou esta quinta-feira um requerimento à Câmara de Lisboa, questionando Fernando Medina sobre a poluição sonora causada pelas sirenes do navio. Em causa, diz o BE, está a “violação dos níveis de ruído de ambiente exterior estabelecidos no plano de acção do ruído da Câmara de Lisboa”. Além disso, o incidente compromete também o direito ao descanso e “o bem-estar dos lisboetas que vivem mais próximo da frente ribeirinha”.

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