Guterres preocupado com fim da moratória norte-coreana sobre ensaios nucleares

O secretário-geral da ONU afirma esperar que os testes nucleares não sejam retomados, “de acordo com as resoluções relevantes do Conselho de Segurança”.

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António Guterres entende que “a não proliferação continua a ser um pilar fundamental da segurança nuclear global” Reuters/Denis Balibouse

O secretário-geral das Nações Unidas manifestou esta quarta-feira preocupação face ao anúncio do líder norte-coreano, que pretende retomar os ensaios nucleares e de mísseis balísticos intercontinentais, e defendeu a retoma do diálogo com vista à desnuclearização completa daquela península.

Segundo a agência estatal norte-coreana KCNA, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, anunciou o fim da moratória sobre os ensaios nucleares e sobre os ensaios de mísseis balísticos intercontinentais firmada por Pyongyang. 

“Não temos qualquer motivo para continuar ligados unilateralmente a este compromisso”, indicou a KCNA num texto recebido em Seul, numa referência às declarações de Kim Jong-un perante responsáveis do seu partido no poder. “O mundo vai descobrir num futuro próximo uma nova arma estratégica que a Coreia do Norte possui”. 

Numa nota emitida pelo seu porta-voz, e citada pelo portal ONU News, o secretário-geral manifesta preocupação com o anúncio de Kim e afirma esperar “muito que os testes não sejam retomados, de acordo com as resoluções relevantes do Conselho de Segurança.”

Comentando esta reviravolta norte-coreana, António Guterres defendeu a retoma “de um diálogo que leve à desnuclearização completa e verificável da Península Coreana”.

Na ótica do líder da ONU, “a não proliferação continua a ser um pilar fundamental da segurança nuclear global”, pelo que “deve ser preservada”. “O empenho diplomático é o único caminho para a paz sustentável”, frisou.

Em 2018, Kim Jong-un tinha declarado que a Coreia do Norte não necessitava de ensaios nucleares e de ensaios de mísseis balísticos intercontinentais. 

As suas mais recentes declarações parecem contrariar a diplomacia nuclear dos dois últimos anos, com o Presidente norte-americano, Donald Trump, a evocar regularmente a “promessa” do líder norte-coreano. 

No entanto, as conversações entre as duas capitais estão num aparente impasse, depois de a cimeira Kim-Trump, que decorreu em fevereiro em Hanói, ter terminado sem acordo.

Perante o comité central do seu Partido dos Trabalhadores, Kim indicou claramente que a Coreia do Norte está preparada para continuar a ser alvo do regime de sanções internacionais para preservar a sua capacidade nuclear. 

“Os Estados Unidos formulam exigências contrárias aos interesses fundamentais do nosso Estado e adotam um comportamento criminoso”, disse, citado pela KCNA. 

Washington “promoveu dezenas de exercícios militares conjuntos [com a Coreia do Sul] que o Presidente [Donald Trump] prometeu suspender”, enviou ao Sul equipamento militar de alta tecnologia e reforçou as sanções contra o Norte, acrescentou. 

“Jamais venderemos a nossa dignidade”, assegurou, antes de prometer uma “ação siderante para fazer pagar [aos Estados Unidos] o preço da dor infligida ao nosso povo”.

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