2020 será difícil. Que seja também esperançoso

Façamos com que 2020 seja melhor que 2019. Um excelente ano para os nossos assinantes e leitores são os votos de toda a equipa do PÚBLICO.

O ano que está a acabar não deixará para o futuro legados traumáticos como o dos incêndios de Pedrógão ou o do estouro do BES. As portas do escândalo de Tancos escancararam-se, o país continuou a pagar o descalabro da banca, a economia não deixou de voar baixinho, as contas públicas robusteceram-se, o PS consolidou a sua imagem de partido charneira do sistema político, o PSD agravou as contradições internas que ameaçam o seu futuro e o equilíbrio do sistema partidário, novos partidos chegaram ao Parlamento, mas nada disto assinala rupturas ao passado recente. É bom viver assim, tranquilamente. É péssimo viver assim, perto da anomia. Porque sabemos que sob a capa da aparência o mundo está a mudar depressa sem que sintamos no país esse estado de urgência e ânimo para antecipar e preparar com clareza o que se vai passar.

Sejamos optimistas e reconheçamos que, com todos os problemas, Portugal é ainda um lugar invejado. Os serviços públicos pioraram, mas no essencial ainda são do primeiro mundo. A segurança é exemplar. A paz social resiste. A economia e o emprego respiram. O sistema político adaptou-se e fez prova de vida. Mas sejamos também pessimistas e percebamos que esta espécie de Verão indiano está a chegar ao fim. A tensão política e social está a aumentar. O discurso do Chega ou dos extremismos anti-racismo, antiliberalismo ou antieuropeísmo ganha espaço. A intolerância raivosa pulula nas conversas de café ou nas redes sociais. O desequilíbrio da balança externa regressou. O padrão de desigualdade típico de um país pobre é um nó que teremos de desatar. O ano que finda é um ano de transição que remata o sucesso que começou com a saída limpa da troika. Vêm aí tempos desafiantes. E talvez difíceis.

Para o PÚBLICO, 2019 foi um ano bom. Crescemos 50% no tráfego online, sustivemos a queda da edição impressa e quase duplicámos o número de assinantes. Estivemos presentes em grandes séries editoriais – não deixámos por exemplo que o centenário de Jorge de Sena caísse no esquecimento. Relançámos o PÚBLICO na Escola e, com o apoio de nove empresas, o PSuperior. Vencemos o principal prémio de design europeu. O serviço público que prestamos reforçou-se, mas também nós estamos a viver um período de transição entre tempos difíceis e desafios duros e esperançosos. Partilhamos afinal os mesmos dilemas e vicissitudes do país. Com o mesmo sentido de urgência. E com a mesma energia e confiança.

Façamos então com que 2020 seja melhor que 2019. Um excelente ano para os nossos assinantes e leitores são os votos de toda a equipa do PÚBLICO.

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