Preparar a celebração dos 900 anos da Fundação de Portugal

As comemorações dos 900 anos da fundação da Portugal devem transformar-se num evento internacional, não esquecendo a lusofonia, com a intervenção da CPLP.

A par de outras razões, os países quase sempre escolheram, para o dia da Nação, a data da sua independência. Com a batalha de S. Mamede contra a sua mãe e o galego Fernão Peres de Trava, em 24 de junho de 1128, D. Afonso Henriques iniciou a definição do território que hoje é Portugal. A derrota de D. Afonso Henriques representaria a perda, sem remissão, da causa nacional.

Uma minoria pouco esclarecida aponta datas diferentes para a fundação de Portugal. Este facto justifica uma análise, ainda que breve, sobre a questão, para que não restem dúvidas a ninguém, como resulta da opinião da esmagadora maioria dos historiadores.

É certo que entre os sécs. XIV a XVII, a batalha de Ourique (1139) foi vista como o acontecimento mais importante, por se tratar de um facto sancionado pela visão miraculosa de Cristo. Mas, no séc. XIX, o historiador Alexandre Herculano restituiu à Batalha de S. Mamede o significado nacional, passando a ser o facto mais importante, por se tratar de uma ação coletiva, envolvendo a maioria dos senhores do Norte de Portugal contra o domínio estrangeiro. Herculano chamou-lhe mesmo uma “revolução pelo que que S. Mamede equivale a uma declaração formal de independência” (cf. HP, I, pág. 399). E no fim do tomo I da sua História de Portugal afirma que sem ele (D. Afonso Henriques) “não existiria hoje a nação portuguesa e, porventura, nem sequer o nome de Portugal”.

Opinião semelhante tem o historiador José Mattoso que chama à batalha de S. Mamede a “1.ª tarde portuguesa”.

O historiador José Hermano Saraiva aponta a batalha de S. Mamede como o “primeiro ato de um processo que se desdobra em várias etapas das quais as mais importantes são a Batalha de S. Mamede, em 1128, a paz de Tui de 1137, a conferência de Zamora, e a enfeudação ao Papa em 1143, o desaparecimento do título de imperador com a morte de Afonso VII, em 1157 e a bula papal de 1179, com o reconhecimento da nova monarquia pela Santa Sé”.

Damião Peres diz que “a vitória de S. Mamede foi um episódio que acelerou o advento do Estado português com mais eficácia”. Para o historiador A. Almeida Fernandes “a batalha de S. Mamede trouxe-nos a independência efetiva…” ( cf. Viseu, Agosto de 1109, nasce D. Afonso Henriques, pág. 17)

Freitas do Amaral afirma: “em minha opinião, não há dúvida de que a batalha de S. Mamede foi o início do processo que conduziu à independência de Portugal porque nos libertou da dependência da Galiza” (cf. Biografia de D. Afonso Henriques, pág. 49). Vários outros autores têm opiniões iguais ou semelhantes.

Mas, já nos primórdios da nacionalidade era patente a ideia da independência e da fundação da nacionalidade. Com efeito a Crónica dos Godos, documento dos fins do séc. XII, ao descrever a batalha de S. Mamede diz o seguinte:

“Era de 1166 (1128 da era cristã): no mês de junho, festa de S. João Batista, o ínclito infante Afonso, filho (…) travou com eles (…) indignos e estrangeiros da nação combate no campo de S. Mamede, próximo do castelo de Guimarães, venceu-os e prendeu-os na sua fuga”.

Daí que se considere este facto histórico como o mais adequado para a celebração do dia da fundação de Portugal que contará, em 2028, 900 anos, fazendo de Portugal a nação mais antiga da União Europeia (UE).

Assente que a Batalha de S. Mamede é o acontecimento fundamental e decisivo da fundação de Portugal e que tal facto ocorreu em Guimarães se deverá a partir daqui a iniciativa de lançar ideias, com um certa antecedência, para que as comemorações dos 900 anos da fundação da Portugal se transformem num evento internacional, não esquecendo a lusofonia, com a intervenção da CPLP.

A Grã-Ordem Afonsina disponibiliza-se, desde já, para se juntar ao município vimaranense e às demais associações locais para tornar a data num grande acontecimento internacional. Recorde-se que as comemorações dos 800 anos da fundação de Portugal ocorreram em Guimarães, em 1940, com grandiosas celebrações promovidas pelo antigo regime e pelo município vimaranense, comemorações essas devidamente registadas em vídeo.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

                                                                              

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