Médica agredida: Ordem pede “intervenção urgente” do Governo e da justiça

A Ordem dos Médicos alerta que os casos de violência contra profissionais de saúde estão a aumentar e lamenta que “este aumento exponencial da violência seja mais um sinal de que o SNS não está bem”.

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Rui Gaudêncio/Arquivo

A Ordem dos Médicos condenou a agressão, esta sexta-feira, a uma médica que assegurava o serviço de urgência do Hospital de Setúbal e exigiu uma “intervenção urgente” do Ministério da Saúde, do Ministério Público e de outras entidades.

Em comunicado, a Ordem dos Médicos (OM) considera o ocorrido “absolutamente inaceitável”, lembra que configura crime público e pede intervenção urgente das entidades governamentais e judiciárias.

“A nossa primeira palavra de solidariedade é para com a nossa colega violentada em pleno local de trabalho. Não é de todo aceitável que quem está a salvar vidas não veja a sua própria vida devidamente protegida”, refere o bastonário da OM, Miguel Guimarães.

A OM alerta que os casos de violência contra profissionais de saúde estão a aumentar e lamenta que “este aumento exponencial da violência seja mais um sinal de que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) não está bem”.

“Este tipo de agressões vem mais uma vez revelar a fragilidade da política autoritária que está a ser seguida pelo Ministério da Saúde. Na verdade, a falta de um plano estruturado para a saúde que inclua as reformas essenciais e um investimento sério na saúde das pessoas, mas também nos profissionais que todos os dias fazem o SNS, está a resultar numa desestruturação do próprio serviço público com taxas cada vez mais elevadas de abandono, de absentismo, de sofrimento ético, de burnout e de violência física e psicológica”, adverte a OM.

A OM pede também uma intervenção “mais assertiva das autoridades judiciais nestes casos e que o Ministério da Saúde tenha uma intervenção rápida e urgente”, com medidas e políticas concretas que permitam prevenir este tipo de situações e devolver aos profissionais e aos utentes “um SNS em que o respeito, a confiança, a segurança e a qualidade imperem em todas as suas vertentes”.

“Corremos o risco de termos cada vez menos profissionais disponíveis para trabalhar em contextos exigentes como o serviço de urgência”, aponta Miguel Guimarães, lembrando que “a qualidade e a segurança clínica também podem ser afectadas pelos contextos de pressão excessiva”.

A OM vai também exigir responsabilidades ao Conselho de Administração do Hospital de Setúbal, dar todo o apoio à médica agredida e prevenir todos os médicos que não devem trabalhar sem as as condições adequadas, designadamente aquelas que não garantem segurança clínica e segurança física.

O aumento dos casos de violência e de burnout levou a OM a criar em Maio o Gabinete Nacional de Apoio ao Médico.

A médica, de 65 anos, foi esbofeteada e espancada por uma mulher de 25 anos, que estava a atender na Urgência do Hospital de São Bernardo, Setúbal. A médica teve de ser transferida para Lisboa, onde foi sujeita a uma pequena cirurgia a um olho no hospital de S. José.

A aguardar por ser atendida no serviço de urgência, a utente decidiu entrar no gabinete da médica e agredi-la, puxando-lhe os cabelos e enfiando-lhe um dedo no olho, segundo adiantou o Jornal de Notícias. A agressora foi identificada pela polícia no local e mais tarde acabou por ser libertada.

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