Lobo d’Ávila quer “recuperar credibilidade” do CDS

Candidato à sucessão de Assunção Cristas condena “erros” da actual direcção

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Filipe Lobo d'Ávila mantém em aberto apoio a um futuro candidato presidencial Rui Gaudencio

Filipe Lobo d’Ávila, ex-deputado e candidato à liderança do CDS, coloca a recuperação da “credibilidade” do partido como um dos principais desafios. Na sua moção “Juntos Pelo Futuro” ao 28º congresso do partido, Filipe Lobo d’Ávila é muito crítico da estratégia da direcção de Assunção Cristas: “Foi errada e de difícil percepção”.

Entre os candidatos à liderança, Lobo d’Ávila é o mais contundente sobre o que levou à derrota eleitoral das legislativas. “O prometido partido catch-all deu lugar a um partido praticamente sem eleitores. O prometido pragmatismo de Gondomar deu lugar a um unanimismo que nos conduziu ao desastre”, escreveu, rejeitando estar a fazer um “ajuste de contas”. No texto, o conselheiro nacional (eleito por uma lista alternativa à de Cristas) lembra que “não foi por falta de aviso” que o CDS chegou aos 4,2%. E aponta o dedo à direcção e aos que ficaram “tacticamente em silêncio”, o que pode ser entendido como uma crítica a João Almeida (porta-voz da direcção, e a Francisco Rodrigues dos Santos, líder da JP, que nunca assumiu críticas públicas a Cristas. “O caminho foi o caminho de toda uma direcção que, legitimamente entusiasmada com o resultado eleitoral obtido em Lisboa, esqueceu o essencial. Esqueceu que quando se dá primazia ao pragmatismo sem ideologia e sem identidade, nada somos. Esqueceu que a imagem não substitui a clareza e robustez das nossas propostas (…) Esqueceu que Lisboa não é o país e que um partido não se faz apenas no Largo do Caldas e, sobretudo, não pareceu perceber as alterações profundas ocorridas em 2015”, lê-se na moção que tem o mesmo título daquela que foi apresentada no congresso de 2016.

O candidato, que deixou de ser deputado em 2018 em ruptura com a direcção de Cristas, defende que “o desafio de futuro é o desafio de recuperar a credibilidade do partido” e que o CDS “tem de ter sempre presente a sua matriz democrata-cristã e não pode deixar de continuar a ser um espaço que saiba incluir igualmente conservadores e liberais”.

Relativamente ao posicionamento do partido, o advogado sustenta que o CDS “deve procurar demarcar-se relativamente à esquerda” e não ter “qualquer receio em afirmar a sua identidade no espaço da direita democrática e moderada, mostrando com orgulho e assertividade a sua diferença”. Essa diferença deve ser visível na defesa de “menos impostos e menos Estado, de menos burocracia e maior flexibilidade, de incentivo à liberdade individual, premiando a iniciativa, o risco e o mérito”.

Como valores de referência, Lobo d’Ávila coloca os valores do “personalismo e do humanismo, os valores do trabalho e da família”, mas também da “coesão e da solidariedade”, “da iniciativa privada e do desenvolvimento”, da “sustentabilidade e da subsidiariedade”, os do “pluralismo e da meritocracia” e da “lusofonia e da Europa”.

Sobre as presidenciais, o ex-deputado quer manter os apoios “em aberto”, contrariando (e até com uma crítica implícita) a posição favorável manifestada por Assunção Cristas no início deste ano. Lobo d’Ávila defende ainda o regresso das directas e o uso da sigla CDS (Centro Democrático Social) sem a sigla PP (Partido Popular).

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