20 viagens para 2020

Viajar devagar. O slow travel encabeça, apontam vários estudos, as prioridades dos viajantes para o próximo ano: deixar para trás o imediatismo das redes sociais e dos instantâneos instagramáveis e realmente imbuir-se do espírito local. O que não significa deixar a tecnologia para trás – ela continuará a marcar a experiência de viagem. A Fugas deixa duas dezenas de sugestões – a velocidade é à escolha.

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Jairo Díaz/EyeEm

Albânia

Durante a era comunista, as águas da Albânia – país acompanhado pelos mares Adriático e Jónico – estavam interditas ao mergulho, conta a lenda: Enver Hoxha, o ditador, proibiu a prática para evitar os dissidentes de saírem do país. Quase três décadas depois do final do comunismo no país, as praias albanesas continuam pouco conhecidas, embora nada devam às suas congéneres por todo o Mediterrâneo.

Não são, aliás, só as praias (incluindo as da “Riviera albanesa”) que permanecem quase secretas: são as montanhas e os seus lagos (incluindo o verde-esmeralda Komani e o transparente Ohrid), são as aldeias ancestrais teimosamente agarradas aos seus usos e costumes (incluindo algumas património da UNESCO, como Gjirokastra), são as ruínas de civilizações várias (Butroto, por exemplo, foi grega, romana e bizantina), é a capital Tirana, que trocou o cinzentismo pelo colorido ao serviço do casario e dos murais socialistas e retocou as suas heranças otomana, italiana e comunista exibidas em grandes avenidas.

Como em Portugal, na Albânia tomar café (turco) é um ritual – avash-avash (algo como “devagar devagarinho”) –, pelo que os cafés são um microcosmo do país, onde a influência otomana-turca também se estende à gastronomia, juntamente com a grega. A Albânia ainda não faz “ruído” nos mapas turísticos, mas já está pronta para o seu close-up.

Praia de Jala, na riviera albanesa Reuters
Praia de Orikum, perto de Vlore Reuters
Em Dhermi, perto de Vlore, 200km de Tirana Reuters
Pria de Borsh, costa de Sarande, a 260km de Tirana Reuters
No Monte Dajt, a 16km de Tirana
A woman walks in front of The Orthodox church of Saint Mary in Labova Kryqit, Gjirokaster, Albania January 24, 2018. Picture taken January 24, 2018. REUTERS/Florion Goga REUTERS/Florion Goga
Centro Cultural de Tirana Reuters
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Praia de Jala, na riviera albanesa Reuters

Albânia, o lento despertar da eterna adormecida

Andaluzia, Espanha

É a terra do duende e esse sobressalto, essa inspiração, pode surgir do flamenco omnipresente, da imensidão queimada pelo sol, da visão dos pueblos blancos que interrompem a monotonia da paisagem. A Andaluzia é a paixão que a Espanha exportou mundo fora como imagem de marca e abre-se a descobertas sem pressas, entre cidades monumentais e aldeias e vilas fora de caminho mas que surpreendem em cada recanto florido.

Sevilha, Córdova, Málaga e Granada são os principais pontos cardeais de uma geografia que é um permanente encontro de culturas, a cristã e a islâmica, em planícies de campinas (e touros) e olivais e montanhas, na praia e na neve, ou em passeios vertiginosos como o Caminito del Rey, uma das grandes atracções turísticas actuais. Altiva, nos seus palácios, igrejas e mosteiros renascentistas, barrocos, mudéjares, humilde nas fachadas caiadas de branco, a Andaluzia pode ser a região mais pobre de Espanha, mas é, provavelmente, a mais orgulhosa – e, certamente, a mais generosa (peçamos uma cerveja e surpreendamo-nos sempre com a tapa que trazem de oferta).

Aqui, onde os árabes encontraram a sua terra prometida, a Espanha se “completou” e tantos povos se cruzaram, há sempre mais para conhecer – aqui tão perto.

Sevilha Carlos Lopes
Cavalos e cavaleiros. Aqui à saída de uma mostra equestre em Coin, perto de Málaga REUTERS/Jon Nazca
Ponte de Triana em Sevilha, na passagem de procissão na Semana Santa REUTERS/Marcelo del Pozo
A Feira de Sevilha, um dos maiores eventos do ano na cidade Reuters
A Feira de Sevilha, um dos maiores eventos do ano na cidade Javier Diaz/reuters
Um "penitente" a caminho da tradicional procissão da Semana Santa em Sevilha Reuters/Marcelo del Pozo
Turistas junto à catedral REUTERS/Marcelo del Pozo
Tradições, turismo e souvenirs em Santa Cruz, Sevilha REUTERS/Marcelo del Pozo (
Sevilha REUTERS/Marcelo del Pozo
Um beijo na feira REUTERS/Marcelo del Pozo
Pôr do sol em La Palma del Condado, com o touro da Osborne que se tornou ícone REUTERS/Marcelo del Pozo
Caminito del Rey, uma das atracções maiores do turismo actual na Andaluzia REUTERS/Jon Nazca
Ronda, perto de Málaga REUTERS/Jon Nazca
Ronda, perto de Málaga REUTERS/Jon Nazca
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Sevilha Carlos Lopes

A Andaluzia nas entrelinhas, a paixão à flor da pele

Budapeste, Hungria

É uma cidade jovem, Budapeste (apenas em 1873 se uniram Buda, Peste, Óbuda e a ilha Margarida), mas tem tiques de anciã – veja-se como ainda hoje se cumpre o ritual romano de ir às termas, novos e velhos, faça sol, chuva ou neve, ali a “cozer” em água quente quase como se estivessem num café. Que, aliás, não faltam na capital húngara, herdeiros – entre muitos –  da época do apogeu da cidade, o final do século XIX. “Cortesia” dos Habsburgos que transformaram “uma pequena velha cidade na co-capital de um império”, como ouvimos de Levi, guia húngaro.

Budapeste elevada a co-capital do império austro-húngaro e a crescer em edifícios neoclássicos, barrocos, Arte Nova; Budapeste capital da Hungria socialista acrescida de neo-realismo de inspiração soviética. Imperturbável, o Danúbio assistiu a tudo, cada vez com mais pontes, com as margens a encherem-se. Por estes dias, as gruas são omnipresentes na silhueta da cidade, onde sobressaem as inevitáveis cúpulas do Parlamento, em Peste, e as torres do palácio real, em Buda: vive-se uma renovação.

E, entretanto, os bares-ruínas continuam a ser um chamariz da agitada vida noctívaga da cidade (embora os locais os desdenhem como turísticos), cujo epicentro prossegue no bairro judeu, em Peste. 

Budapeste Zoltan Balogh
Miguel Manso
Miguel Manso
Miguel Manso
Miguel Manso
Miguel Manso
Miguel Manso
Miguel Manso
Miguel Manso
Miguel Manso
Miguel Manso
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Budapeste Zoltan Balogh

Os dias e as noites de Budapeste

Dacar, Senegal

A teranga sempre foi a beleza mais exaltada de Dacar: a hospitalidade senegalesa que acolhe os forasteiros de braços abertos. A capital senegalesa pode ter, e tem, trânsito caótico, ruas sujas e negligenciadas, mas tem (quase) sempre uma cara amiga de sorriso aberto. Mas a capital senegalesa também emana uma energia especial que a torna muito distinta das suas equivalentes africanas – e que vai além da sua localização privilegiada, no extremo da península de Cabo Verde.

Tem uma vibração francesa, herança colonial, que se reflecte na sua arquitectura, mas o burburinho das suas ruas é uma explosão: de cores garridas exibidas mesmo nos fatos mais aprumados, de música (do mbalax, que mistura os tambores sabar com pop, ao jazz e hip-hop contaminados pelos ritmos locais), de cheiros, de vozes. E deste caldo se alimenta uma cidade cosmopolita, que se vê moderna no centron – Dakar-Plateau, onde tanto se vai ao museu IFAN, repleto de arte da África Ocidental, como ao mercado (Sandaga, alojado num edifício histórico, ou Kermel, por exemplo) – e relaxada no litoral, onde é sempre uma boa altura para surfar. Ao largo, há ilhas (na de Gorée instalaram-se os portugueses durante o século XV); não muito distante, um lago cor-de-rosa (Lac Retba). Coisa boa: a TAP tem voos directos.

Dacar, Senegal Frans Sellies
À sombra dos embondeiros em Djilakh REUTERS/Ricci Shyrock
Na praia de Ngor, Dakar REUTERS/Lucas Jackson
Pescadores em praia de Lompoul, 150 de Dakar REUTERS/Daniel Flynn
Um jogo de futebol em praia de Dakar REUTERS/Finbarr O'Reilly
Um jovem senegalês numa praia de Dakar por ente o colorido dos barcos REUTERS/Finbarr O'Reilly
Ensaio musical na ilha de Gorée REUTERS/Finbarr O'Reilly
Danças e pinturas tradicionais durante uma cerimónia de inauguração da presidência de Abdoulaye Wade em 2007 - Dakar REUTERS/Finbarr O'Reilly
Uma velha casa colonial na ilha de Gorée REUTERS/Finbarr O'Reilly
A grande mesquita de Touba, a "pequena Meca" REUTERS/Nick Tattersall
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Dacar, Senegal Frans Sellies

Senegal, uma aventura solidária

Dubai, Emirados Árabes Unidos 

Da super-estrela do turismo dos Emirados Árabes Unidos (EAU) espera-se sempre mais (e maior, e melhor) e em 2020 o Dubai promete não desiludir. Desde logo porque vai receber a Expo 2020, com 192 países a exibirem, durante 173 dias, os seus projectos em três distritos (Sustentabilidade, Oportunidade, Mobilidade) que compõem 4,3 quilómetros quadrados de extravagâncias arquitectónicas – a começar pelo “falcão” do Dubai.

O futuro, que no Dubai é o presente, vai chegar não só na Expo – onde, por exemplo, haverá rede 5G disponível para os visitantes – como num novo museu. Chama-se exactamente Museu do Futuro e ameaça desde já tornar-se um novo ícone visual do Emirados: um “olho”revestido a aço inoxidável gravado com caligrafia árabe ergue-se junto à principal via do estado, a Sheikh Zayed Road. No seu interior não se esperem gadgets de encher o olho, antes tecnologias que vão responder aos grandes desafios vindouros, da medicina às mudanças climáticas. Para encher o olho será o primeiro resort a abrir no arquipélago “O Mundo”, com os seus quartos subaquáticos e a sua promessa de neve todo o ano.

Adriano Miranda
Adriano Miranda
Adriano Miranda
Adriano Miranda
Adriano Miranda
Adriano Miranda
Adriano Miranda
Adriano Miranda
Adriano Miranda
Adriano Miranda
Adriano Miranda
Adriano Miranda
Adriano Miranda
Adriano Miranda
Adriano Miranda
Adriano Miranda
Adriano Miranda
Adriano Miranda
Adriano Miranda
Adriano Miranda
Adriano Miranda
Adriano Miranda
Adriano Miranda
Adriano Miranda
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Adriano Miranda

O futuro é o presente do Dubai

Egipto

Parece que 2020 é que é o ano e, então, repete-se o Egipto nas sugestões de destinos de viagens. Não que sejam necessários argumentos rebuscados para que o país do Nilo marque presença no radar de viajantes – é um dos grandes clássicos do “turismo” internacional desde o século XIX – mas aquele de que falamos promete tornar-se na oitava maravilha do país.

Depois de a sua abertura ter estado anunciada para 2019, tudo aponta para que esta aconteça no próximo ano: o Grande Museu Egípcio abrirá portas aos seus quase 500 mil metros quadrados com vista para a única das “sete maravilhas do mundo” que chegou até hoje (mais ou menos) intacta – a pirâmide de Quéops, a maior e mais antiga da necrópole de Gizé (onde tem a companhia de mais pirâmides e da esfinge).

Será o maior museu do mundo dedicado a uma só civilização e no centro da sua exposição de 50 mil artefactos do Antigo Egipto estará o tesouro de Tutankhamon, o rei-menino cuja tumba, no Vale dos Reis, foi a única de um faraó a ser encontrada incólume à passagem de saqueadores. As cinco mil peças encontradas no túmulo vão estar em exposição simultânea pela primeira vez (e será para a “eternidade” – já foi anunciado que as peças não mais sairão do país) e o país faraónico (e não só) continua a exibir-se a quem o quiser conhecer. Dos cruzeiros pelo Vale do Nilo e as paragens incontornáveis em Luxor e Assuão às águas do mar Vermelho, sem esquecer Alexandria e Cairo, a capital que nunca dorme, por exemplo.

Egipto, a Esfínge que tudo comanda Miguel Madeira
O Grande Museu Egípcio a chamar as atenções: esta máscara da morte de Tutankhamon no museu foi feita com 7260 cápsulas de café. Apresentada a 28 de Dezembro, entrou para o Guinness REUTERS/Mohamed Abd El Ghany
À espera dos turistas nas pirâmides de Gizé REUTERS/Amr Abdallah Dalsh
Museu Egipcío no Cairo REUTERS/Mohamed Abd El Ghany
A máscara de Tutankhamon, Museu Egipcío no Cairo REUTERS/Mohamed Abd El Ghany
No velho Cairo, rua de Elmoez, Lideen Ella EUTERS/Asmaa Waguih
Na parte velha do Cairo REUTERS/Asmaa Waguih
A noite do Cairo junto ao Nilo, com restaurantes e discos em barcos REUTERS/Asmaa Waguih
El Max, Alexandria REUTERS/Amr Abdallah Dalsh
Um mergulho em Alexandria REUTERS/Amr Abdallah Dalsh
Falucas no Nilo, Aswan
Mergulho no Mar Vermelho, Dahab REUTERS/Asmaa Waguih
Mergulho no mar Vermelho, Dahab REUTERS/Asmaa Waguih
Na praia em Dahab, mar Vermelho REUTERS/Asmaa Waguih
A navegar no Nilo, em Luxor REUTERS/Asmaa Waguih
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Egipto, a Esfínge que tudo comanda Miguel Madeira

Suazilândia

Passa quase despercebido entre a imensidão da África do Sul e Moçambique e isso até constitui uma vantagem para a antiga Suazilândia – desde 2o18, eSwatini, “terra dos swazi”: o país é tão pequeno que tudo se percorre em curtas (e confortáveis – as estradas são boas) viagens de carro desde a capital, Mbabane, ou desde seu coração turístico, o Vale Ezulwini, “vale do paraíso”, encaixado entre cumes rochosos a dez minutos da capital (e a outros dez da segunda cidade do país, Manzini).

E a verdade é que, se com os seus poucos mais de 17 mil km2 eSwatini é uma espécie de microcosmo natural e cultural de África – e a cultura não é de somenos: ao longo do ano, são várias os momentos culturais no país, que tanto podem ser o festival de música e artes performativas Bushfire, considerado um dos melhores de África, como a cerimónia Umhlanga, para a qual os turistas estão convidados, que pode culminar com o rei (um dos últimos monarcas absolutistas do mundo) a escolher uma nova mulher (o actual vai em 15, longe das 125 do pai) – é mesmo a natureza o grande cartaz turístico.

São vários os parques e reservas naturais. Do Parque Nacional de Hlane, um dos mais emblemáticos, já que não só constitui a maior área protegida do país, como é casa de quatro dos “grandes cinco” – aos leões, elefantes, leopardos e rinocerontes só falta a companhia dos búfalos africanos – à Reserva Natural Mlawaula, que inclui savanas e florestas tropicais, passando pelo Santuário de Vida Selvagem Mlilwane, a primeira área protegida do reino (na década de 1950), que se estende acima das nuvens sem caça grossa e, portanto, passível de ser explorada autonomamente entre girafas, zebras e ímpalas, por pastagens, florestas de eucaliptos e alguns dos pontos mais altos país.

Entre vales e florestas, as montanhas Lebombo REUTERS/Mike Hutchings
Reserva Mlilwane REUTERS/Siphiwe Sibeko
Reserva Mlilwane REUTERS/Siphiwe Sibeko
Reserva Mlilwane REUTERS/Siphiwe Sibeko
Numa plantação de cana de açúcar REUTERS/Mujahid Safodien
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Entre vales e florestas, as montanhas Lebombo REUTERS/Mike Hutchings

Suazilândia: um rei, muitas esposas, 25 filhos

Galway, Irlanda

Conhecida por ser o coração cultural da Irlanda, em 2020 Galway vai abrir o coração a toda Europa e assumir o papel de Capital Europeia da Cultura (CEC). A sua criatividade inata, que se reflecte ao longo do ano em inúmeros festivais e eventos servidos por inúmeras companhias, organizações e grupos que vão da música ao teatro, do cinema à dança, às artes visuais e à literatura, vai ser amplificada.

A cidade universitária vai ser uma festa constante, tendo como cenário as suas ruas empedradas ladeadas por edifícios de mil cores onde os pubs são omnipresentes, tantas vezes com música ao vivo, tantas vezes tradicional.

Situada na costa oeste da Irlanda, o lado mais selvagem do país (natureza agreste, recortes costeiros dramáticos, castelos cénicos) e mais arreigado às tradições celtas (da música à língua, com mais bolsas de falantes de irlandês), em Galway confluem esse património cultural e de ligação telúrica intrínseca com as vanguardas e a abertura ao mundo que se respira pela cidade – seja no bairro The Claddagh, à beira do rio Corrib, onde as tradições piscatórias ainda persistem, seja no sempre esfuziante trecho que vai de Market Street até a Street Cross, cheio de galerias, boutiques, lojas “místicas” e pubs, sempre. Num tributo a essa união, a programação da CEC vai estender-se às aldeias e às ilhas (Aran) do condado e estará simbolicamente dividida pelas quatro estações celtas: começam no Imbloc (em Fevereiro, a Primavera), seguem por Bealtaine, Lughnasa e Samhain. Espere-se boémia: tradicional e artística.

Galway, Irlanda Slow Images
A feira Maam Cross, Connemara, Galway REUTERS/Clodagh Kilcoyne
A cavalgar pela praia Rusheen, Galway REUTERS/Clodagh Kilcoyne
Úm salto na praia de Salthill, Galway REUTERS/Clodagh Kilcoyne
Na feira de Maam Cross, Connemara, Galway REUTERS/Clodagh Kilcoyne
As ruínas de Claregalway Friary, abadia franciscana medieval REUTERS/Clodagh Kilcoyne
Durante a feira medieval do castelo Claregalway REUTERS/Clodagh Kilcoyne
Actores em performance de rua, o grupo Bru Theatre group, dedicada aos pescadores locais no Arco Espanhol de Galway REUTERS/Clodagh Kilcoyne
Durante as celebrações do dia de St. Patrick em Galway REUTERS/Clodagh Kilcoyne
Dun Aonghasa, um rochedo pré-histórico nas remotas ilhas Aran, Galway REUTERS/Clodagh Kilcoyne
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Galway, Irlanda Slow Images

Hoi An, Vietname

Não tem a imponência da cidade imperial, Hué, mas é uma sedutora descarada que até nos indica como melhor a desvendar: é cidade para andar de bicicleta e a pé, apresenta-se assim Hoi An. No centro do Vietname (a 850km de Ho Chi Minh e 780km de Hanói – o aeroporto mais próximo é em Danang, a 30km), Hoi An não é estranha ao turismo, no entanto, permanece relativamente recatada, entretida na atmosfera que foi construindo para si ao longo dos séculos.

O seu centro histórico é paradigmático de uma cidade portuária do Sudeste Asiático que se desenvolveu entre os séculos XV e XIX (também por isso é Património Mundial da UNESCO) – e que o assoreamento do rio Thu Bon ajudou a preservar, tendo desviado a atenção da cidade (perdeu importância como entreposto comercial, ficou para trás no desenvolvimento, mas escapou aos bombardeamentos norte-americanos).

Assim, vagueia-se entre arquitectura ecléctica, que tanto exibe marcas chinesas como japonesas e até europeias (francesas), testemunhos dos seus tempos áureos. O amarelo torrado é a cor predominante no casario, onde se distinguem os antigos armazéns do porto, agora transformados em cafés, bares e lojas, as casas dos mercadores, recuperadas, os templos chineses e a ponte japonesa coberta, que permanece como um dos raros (se não o único) exemplar com um templo budista no seu tabuleiro. Não faltam praias (e ilhas) e, nos seus arredores, arrozais que, mesmo não tendo o dramatismo dos do Norte do país, oferecem cenários inesquecíveis. Hoi An é também conhecida pelos seus alfaiates – quem tiver tempo, pode verificar da sua perícia – e pela sua gastronomia, também ela uma mescla de várias influências (incluindo portuguesas).

Hoi An, Vietname John Harper
Hoi An, Vietname REUTERS/Jorge Silva
Hoi An, Vietname REUTERS/Jorge Silva
Hoi An, Vietname REUTERS/Jorge Silva
Hoi An, Vietname REUTERS/Jorge Silva
Hoi An, Vietname REUTERS/Stefano Rellandini
Hoi An, Vietname REUTERS/Stefano Rellandini
Hoi An, Vietname REUTERS/Nguyen Huy Kham
Hoi An, Vietname REUTERS/Nguyen Huy Kham
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Hoi An, Vietname John Harper

Vietname: os jovens, os resorts e a foice

Japão

Tóquio recebe os Jogos Olímpicos de Verão, os XXXII desta era – e multidões de adeptos de desporto esperam-se na capital japonesa. A juntarem-se aos milhões que lá vivem, aos milhões que anualmente a visitam hipnotizados pela colmeia gigante, futurista e anacrónica à vez, que é.

À espera dos visitantes em 2020 está uma renovação do antigo campus olímpico (1964) e algumas novas adições, como o Novo Estádio Nacional, desenhado em estilo biofílico (associação de elementos naturais às construções), tão ao gosto japonês.

Já aberto desde Novembro está o Shibuya Scramble Square, que não é uma praça, antes um arranha-céus com jardim no topo, construído mesmo sobre o cruzamento de Shibuya, talvez o mais icónico (e cinematográfico) local do bairro, com as multidões icónicas que o cruzam perante gigantescos ecrãs e anúncios que o rodeiam e lhe valem comparações com Times Square (mas em versão frenética). As vistas são eclécticas: tanto o turbilhão de néons citadinos como, asseguram, em dias límpidos, o monte Fuji. E, do centro de Tóquio, um dos mais modernos sistemas ferroviários do mundo em pouco tempo transporta os turistas para outro Japão: para Nikko e a sua cultura samurai, para Quioto e os seus contrastes entre presente e futuro à flor da pele…

Uma vista nocturna de Tóquio, com o estádio olímpico a concentrar as atenções (Outubro 2019) REUTERS/Matthew Childs
O cruzamento de Shibuy, Tóquio REUTERS/Kim Kyung-Hoon
Ginza, Tóquio REUTERS/Kim Kyung-Hoon
Akihabara, Tóquio REUTERS/Yuriko Nakao
O Palácio Imperial, aqui sob um manto de neve de Janeiro REUTERS/Toru Hanai
No templo de Meiji, Tóquio REUTERS/Toru Hanai
A Via Láctea recriada vista no reflexo de uma janela com os arranha-céus da baía de Tóquio no cenário REUTERS/Issei Kato (JAPAN
Outra visão de Tóquio, aqui com o Monte Fuji REUTERS/Issei Kato (JAPAN
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Uma vista nocturna de Tóquio, com o estádio olímpico a concentrar as atenções (Outubro 2019) REUTERS/Matthew Childs

Líbano

Durante anos, a instabilidade no Líbano afastou turistas deste território-encruzilhada de interesses políticos e religiosos, minado por guerras civis, ocupações estrangeiras e violência sectária. Contudo, o país do Médio Oriente parece estar a recuperar de décadas de ebulição, embora nos últimos meses a viver uma crise política ainda por resolver.  Por outro lado,  começou a mostrar-se preparado para recomeçar a receber visitantes – que até já obtiveram luz verde de muitos governos relativamente à segurança no país (em Portugal, poderá consultar as actualizações dos conselhos para viajantes do Ministério dos Negócios Estrangeiros).

E, de novo, se tudo correr pelo melhor,  se abrem as portas para além de Beirute, a cidade que já foi conhecida como a “Paris do Médio Oriente” e a que nem o acosso e a destruição retiraram o fulgor criativo e vanguardista que lhe valeram o epíteto no passado. Fora da capital tão resiliente quanto hedonista – onde a alta cozinha faz escola e a cozinha local é escola, se dança no topo de prédios e se ouve música em caves escuras – são  montanhas cobertas de florestas e vales de mosteiros escavados na pedra, praias que encontram o Mediterrâneo, ruínas de tantas civilizações (incluindo conjuntos romanos dos mais grandiosos e preservados na região) que voltam a abrir-se ao mundo. E tantas vezes tudo se mistura, egípcios, assírios, fenícios, gregos, romanos, bizantinos, árabes, cruzados, otomanos (a lista está incompleta) neste pequeno pequeno país, onde o Oriente e o Ocidente, o cristianismo e o islão se encontram – tréguas?

Beirute, Líbano Slow Images
Beirute, Líbano. Na rua, em Novembro 2019, a assistir a um jogo de classificação para o Mundial de Futebol (Líbano-Coreia do Norte), na praça dos Mártires REUTERS/Andres Martinez Casares
Beirute, Líbano. Turistas visitam a estátua de Nossa Senhora do Líbano, Harisa (2013) REUTERS/Jamal Saidi
Beirute, Líbano. Um mergulho no Mediterrâneo (2012) REUTERS/Jamal Saidi
Beirute, Líbano. No topo de um velho cinema abandonado, conhecido como O Ovo, com a mesquita Mohammad Al-Amin, durante celebrações da independência do Líbano (Novembro, 2019) REUTERS/Aziz Taher
Beirute, Líbano. Um arco-íris na praça dos Mártires (2011) REUTERS/Jamal Saidi
Beirute, Líbano. Um pescador em Antelias, com o skyline de Beirute ao fundo (Novembro, 2019) REUTERS/Andres Martinez Casares
Beirute, Líbano. Museu Nacional de Beirute, quando o Governo decidiu que passasse a ser gratuito. (2014) REUTERS/Mohamed Azakir
Beirute, Líbano. A baixa da Cidade fotografada em semana natalícia (em 2012) REUTERS/Hasan Shaaban
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Beirute, Líbano Slow Images

Luang Prabang, Laos

Chamavam-lhe a “cidade dos mil templos”: se é apenas domínio das lendas ou já foi factual é impossível saber, mas os templos que permanecem estão, certamente, entre os mais belos do Sudeste Asiático. Chamam-lhe a “cidade dourada”: as duas ruas principais são eloquentes, com os seus mosteiros de fachadas brilhantes.

Luang Prabang não é uma desconhecida no Laos, é motivo de peregrinações turísticas e em 2020 comemora os 25 anos como Património Mundial da UNESCO. A sua localização não é alheia à aura da cidade, encravada entre os grande rio Mekong e o Nam Khan – forma uma península que se abarca melhor subindo os 328 degraus do monte Phu Si, entre santuários e altares pejados de oferendas a Buda. No seu topo – e são apenas cem metros – descansa do Wat That Chom Si e a sua estupa rectangular.

Na cidade, o dourado mistura-se com o colorido das casas, varandas alpendradas e reminiscências coloniais francesas – a mescla entre a tradicional laociana e a estrutura urbana europeia foi um dos motivos da distinção da UNESCO – e o Palácio Real recorda que esta foi cidade de reis. Continua a ser cidade sagrada, ritmo tranquilo como o dos monges que todas as manhãs cumprem o ritual de sair dos mosteiros à espera das oferendas dos crentes.

Laos Cyril Eberle
Luang Prabang, turistas visitam um templo budista REUTERS/Tim Chong
Luang Prabang, dois noviços tiram fotos dentro de um templo, há mais de 30 templos na cidade REUTERS/Tim Chong
Luang Prabang REUTERS/Tim Chong
A navegar no Mekong River, em Luang Prabang REUTERS/Tim Chong
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Laos Cyril Eberle

Laos, o sorriso de Buda

Maldivas

Em 1987, as Maldivas foram o primeiro país a alertar para as mudanças climáticas na Assembleia Geral das Nações Unidas e, desde então, têm sido pioneiras na área da protecção ambiental. É fácil compreender porquê: o país-arquipélago é tão paradisíaco como frágil – com uma altitude média de 1,5 metros e 99% do território aquático, pode desaparecer em poucas décadas com a subida das águas devido ao aquecimento global.

Por isso, as 1200 ilhas que compõem o cenário de sonho de tantos turistas estão na linha da frente das medidas de protecção e sustentabilidade natural com o objectivo de tornar o país do Índico neutro em carbono já em 2020. Com toda a contradição que pode encerrar, o turismo é um dos meios de sobrevivência do país, onde os resorts não só dão o exemplo (reciclagem quase total, construção em materiais sustentáveis), como contribuem para a manutenção dos ecossistemas. Dos recifes de coral, por exemplo, albergues de uma variedade enorme de peixes, aves, tubarões-baleia e tartarugas.

Maldivas, ilha Kunfunadhoo Anton Dijkgraaf
Maldivas, Kurumba Resort, ilha Vihamanafushi REUTERS/Dinuka Liyanawatte
Mergulhadores e um Tubarão-baleia, o maior peixe do mundo, atol de Ari REUTERS/David Loh
Resort no atol de Male REUTERS/Reinhard Krause
Praia na ilha Fuvahmulah REUTERS/Reinhard Krause
Vista aérea de um atol das Maldivas REUTERS/Reinhard Krause
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Maldivas, ilha Kunfunadhoo Anton Dijkgraaf

Marraquexe, Marrocos

É sobejamente conhecida a aura da cidade rosa (que até tem um jardim azul no coração) à porta do deserto do Sara. Marraquexe é a quinta-essência do encontro de África com o Médio Oriente, e o seu legado arquitectural, cultural e artístico é (ainda mais) reconhecido em 2020, em que vai servir como Capital Africana da Cultura. É a primeira cidade africana a ostentar o “título”, numa iniciativa lançada pela Africidades, a cimeira promovida pela organização pan-africana Cidades e Governos Locais Unidos (CGLU-África), que acontece a cada três anos.

i-video

Mais um pretexto para rumar à cidade imperial marroquina e deixar-se imbuir pela atmosfera da medina e da praça Jemaa el-Fna, perder-se no labirinto do souk e hipnotizar-se com os encantadores de serpentes, subir aos terraços para os pores do Sol (e os cumes nevados da cordilheira do Atlas) e descobrir a cultura berbere no Musée Berbère, bem no centro do tal “jardim azul”, o Jardim Majorelle e as suas mais de 300 espécies botânicas.

Marraquexe Miguel Manso
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Marraquexe Miguel Manso

Nicarágua

Dizem que é uma espécie de Costa Rica com menos turistas – mas também com mais convulsões políticas e sociais, o que faz com que o maior país da América Central seja também um dos menos visitados da região.

A Nicarágua tem natureza prístina de floresta tropical polvilhada por vulcões, praias que abraçam o Pacífico e o mar das Caraíbas, cidades coloniais e ilhas mais ou menos remotas – e está a preparar-se para se mostrar ao mundo. Na costa ocidental, Granada, a aristocrática, e Leon, a revolucionária, alinham as suas cores vibrantes em fachadas coloniais, San Juan del Sur enrola as melhores ondas para os surfistas, enquanto na costa oriental as ilhas Cork e Pearl Keys dão brilho às suas lagoas azuis e praias de infinita areia branca.

No interior, os trilhos vulcânicos e as reservas naturais esperam caminhantes – e as tirolesas penduram-se no topo de árvores. Como a Costa Rica, a Nicarágua tem a mira apontada ao desporto de aventura: fazer surf num vulcão activo ou canoagem em pântanos efervescentes de jacarés, por exemplo. Alguém pediu adrenalina?

Nicarágua Jorge Torres
El Transito REUTERS/Oswaldo Rivas
Cratera Santiago no Parque Nacional do Vulcão Masaya REUTERS/Oswaldo Rivas
Granada, Lagoa Apoyo REUTERS/Oswaldo Rivas
Praia de San Juan Del Sur REUTERS/Oswaldo Rivas
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Nicarágua Jorge Torres

Noroeste da Argentina

Estamos longe da Patagónia, do fim do mundo de Ushuaia; Buenos Aires é uma miragem.

A província de Jujuy é o faroeste argentino, o fim do mundo à sombra dos Andes – Bolívia a Norte, Chile a Oeste, a Ruta 9 como vaso sanguíneo herdeiro dos incas. Por aldeias pré-conquista, algumas feitas vilas ou pequenas cidades, entrepostos comerciais então e agora, é a Argentina indígena (de que Mercedes Sosa foi voz – e ela nasceu em Tucumán, uma província quase vizinha) que se revela, com as suas tradições vertidas no artesanato, na gastronomia, nos rostos.

Tilcara, Maimara, Uquía, Huacalera, Qulla, Purnamarca, Humahuaca: os nomes das povoações são eles próprios janelas para um passado alçado a mais de 2500 metros de altitude, entre picos despidos, salinas, regatos que vão e vêm ao sabor dos caprichos da natureza. É aqui, nesta espécie de reino maravilhoso, que as pedras se transfiguram: “pintadas” são telas inesgotáveis, sempre em mudança, percorrendo uma paleta que avança pelos laranjas e vermelhos, com todas as declinações amarelas e rosas. Estamos, afinal, em território da Quebrada de Humahuaca, desfiladeiro majestoso e desolado, e os locais asseguram que a irregular Serrania de Hornocal, arredores de Humahuaca-cidade, exibe 33 tons de pedra; mais a sul, o Cierro de los Siete Colores pode ter menos diversidade de tons, mas a sua intensidade (roxos, damascos, castanhos…), em formas que lembram vagas de um oceano revoltado, constitui um verdadeiro espectáculo geológico. É Património Mundial da UNESCO – é a simbiose entre o natural e o cultural.

Argentina, Humahuaca Stefano Oppo/getty
San Salvador de Jujuy REUTERS/Cassandra Garrison
Durante uma passagem da vida sul-americana do rali Dakar pela etapa Termas de Rio Hondo-Jujuy REUTERS/Marcos Brindicci
Entre San Miguel de Tucumán e San Salvador de Jujuy REUTERS/Ricardo Moraes
Salinas Grandes REUTERS/Enrique Marcarian
Um cemitério, Nuestra Senora del Carmen, em Maimara REUTERS/Enrique Marcarian
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Argentina, Humahuaca Stefano Oppo/getty

Quirguízia

Não há que enganar: 95% do território do país da Ásia Central, um dos que “nasceram” das cinzas da URSS, é constituído por montanhas. Não vai à Quirguízia quem não seja amante da natureza – ainda selvagem, quase intocada. E quem não queira abrandar – e quase acompanhar o ritmo semi-nómada de tantos dos seus habitantes que, à semelhança dos vizinhos mongóis, vivem em yurts durante o Verão, levando o gado a pastar na altitude (e caçando com águias), e recolhem às aldeias no Inverno.

É a caminhar que se desvendam as belezas naturais da Quirguízia, sobretudo depois que abriu a rede de trilhos Issyk Köl – o nome é o do segundo maior lago alpino do mundo, que, apesar da altitude a que se situa (1600 metros) significa “lago quente” (é-o graças, entre outras coisas, à actividade termal), e é a principal atracção turística do país – deixando à mercê dos aventureiros 814 quilómetros de caminhos por alta montanha. O Inverno não é, portanto, uma boa altura para deambular pelo país, cuja capital, Bichkek, era, originalmente, um ponto de passagem das caravanas de um dos caminhos da Rota da Seda – edifícios da era soviética compõem a sua fachada monumental, à semelhança das outras cidades do país.

Osh. No cavalo, um yurt dobrado a caminho da feira Reuters/Vladimir Pirogov
Cavalos nas pastagens de Sarala-Saz, 3000m acima do nível do mar Reuters/Vladimir Pirogov
Um homem e o seu cavalo, um descanso durante uma feira em Susamyr Reuters/Vladimir Pirogov
Nas montanhas a norte da capital, Bishkek Reuters/Vladimir Pirogov
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Osh. No cavalo, um yurt dobrado a caminho da feira Reuters/Vladimir Pirogov

Rijeka, Croácia

É a terceira maior cidade da Croácia, mas tem-se mantido em plano secundário, deixando o palco principal para Dubrovnik, Zagreb, Split ou a “vizinha” Pula. Contudo, em 2020, Rijeka está destinada a dar que falar, já que a cidade que alberga o maior porto croata será Capital Europeia da Cultura (CEC).

Apesar de a costa Adriática brilhar na constelação turística croata, Rijeka, com o seu carácter menos polido, até áspero, sempre foi uma excepção, dominada que está pelas actividades de construção naval e portuária (e todos os derivados, como refinarias de petróleo). O porto é sintoma e causa do facto deste pedaço de terra aninhado contra montanhas se ter tornado encruzilhada de muitos povos ao longo da história e de ter vivido um século XX convulso (desde a I Guerra Mundial vários foram os países que reclamaram soberania sobre a região da baía de Kvarner), do qual emergiu preservando uma mescla de ruínas romanas (aqui se erguia Tarsatica), castelos e igrejas medievais, arquitectura barroca e austro-húngara, embrulhados no modernismo jugoslavo.

Como tantos outros “patinhos feios”, Rijeka desenvolveu uma cultura alternativa, marcadamente urbana, que no próximo ano ganhará fôlego exibindo-se em espaços renovados para receberem museus, galerias, salas de concerto.

Rijeka, Croácia Anna Gorin/Getty
Rijeka Reuters
Um pequeno porto perto de Rijeka REUTERS/Nikola Solic
Rijeka REUTERS/Nikola Solic
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Rijeka, Croácia Anna Gorin/Getty

Ruanda

Depois de anos nas bocas do mundo pelos piores motivos (guerra civil e genocídio), o Ruanda vive uma bonança. A sua economia é uma das que regista maior crescimento em África (e o turismo já é uma parte importante na contabilidade nacional) e a segurança voltou ao país: há “aldeias da reconciliação”, onde hutus e tutsis vivem lado a lado, o número de estudantes no ensino superior passou dos quatro mil em 1994 para os 88 mil, há um fundo verde que promove políticas de sustentabilidade ambiental.

Da capital, Kigali (a porta de entrada óbvia e que até usufrui de uma localização privilegiada no centro do país) às mais recônditas montanhas onde resistem dos poucos gorilas do mundo, o Ruanda sacode o passado (sem o esquecer: em Kigali, o Memorial ao Genocídio não permite indiferença) e abraça o futuro. Que passa muito pela preservação dos valores naturais que têm o seu epítome no Parque Nacional dos Vulcões, nas montanhas Virunga: 160 quilómetros quadrados de floresta tropical, lar dos gigantes gentis – as licenças para os ver (ou não) são limitadas e caras, como deve ser: é o preço para a manutenção do seu habitat. Para a sua não extinção.

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Ruanda Danita Delimont

Washington DC, Estados Unidos

Em 2020 haverá eleições nos Estados Unidos, logo há sempre um bulício-extra na capital do país. Se a isto se somar o centésimo aniversário da 19.ª Emenda à constituição norte-americana – que concedeu o direito de voto às mulheres (ainda que até 1965 este beneficiasse, sobretudo, mulheres brancas) – e a revitalização de partes da cidade, é fácil antever que Washington estará no turbilhão de um triângulo político-social-cultural em que será difícil destrinçar os elementos.

A Biblioteca do Congresso já deu início à celebração da 19.ª Emenda, com a exposição Shall Not Be Denied: Women Fight for the Vote, que estará patente até Setembro do próximo ano, mas as mais prestigiadas instituições culturais da cidade – entre elas o Smithsonian Institute, o National Museum of American History, o National Museum of Women in the Arts e a National Portrait Gallery – em breve se lhe juntarão.

E se o National Mall, sobretudo a porção em torno do seu eixo Capitólio - Monumento a Washington (o obelisco), onde muitos destes museus se encontram (juntamente com edifícios tão icónicos como o Memorial a Lincoln), continuará a ser centro de peregrinações, a quatro quarteirões de distância a cidade chega à água com nova cara. Washington redescobriu o rio Potomac e fez dele uma nova centralidade: no The Wharf há restaurantes, bares, hotéis, livrarias, salas de concertos; não faltam jardins e barcos – quatro molhes servem transportes públicos ou de lazer.

Washington DC Jason Reed
A Casa Branca, o Monumento a Washington e o Jefferson Memorial vistos do parque Lafayette
National Mall Reuters
Dentro do Capitólio REUTERS/Jonathan Ernst
Capitólio Reuters/Jonathan Ernst
Abraham Lincoln Memorial REUTERS/Jason Reed
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Washington DC Jason Reed
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