Vila Franca de Xira quer apoios para os municípios de “fronteira” por causa dos transportes

Parques de estacionamento junto das estações de comboios não estão a dar resposta ao aumento da procura, por causa do aumento de passageiros devido ao preço dos novos passes.

Foto

A Câmara de Vila Franca de Xira defende que devem existir apoios do Estado central aos municípios das áreas metropolitanas que, devido à sua localização de “fronteira”, estão a ser muito mais procurados pelos utentes de transportes públicos, que procuram aceder aos passes mais baratos criados nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto. A autarquia vila-franquense sublinha que os parques de estacionamento associados às principais estações ferroviárias do seu território estão “esgotados” e que vai ser preciso investir bastante na construção de novos parques ou na ampliação dos existentes.

Considerando que situação semelhante é vivida por outros municípios das áreas metropolitanas de Lisboa (caso de Mafra) e do Porto, o presidente da Câmara de Vila Franca de Xira suscitou o problema na última reunião do conselho directivo da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP). “Tive oportunidade de falar sobre esta questão, que tem a ver com os municípios das zonas de fronteira. Estamos a falar de Vila Franca de Xira, de Mafra e de outros municípios, que estão a ter alguns problemas, porque as pessoas vêm apanhar os transportes ferroviários e fluviais às zonas que já estão abrangidas pelo passe metropolitano.

O número de pessoas que vão para estas estações é, hoje, muito maior do que aquilo que estava previsto e os parques não têm capacidade de resposta”, constata Alberto Mesquita, eleito do PS, frisando que defendeu, no seio do conselho directivo da ANMP, que é preciso “encontrar uma solução que permita que os municípios tenham condições financeiras para alargarem as estruturas de estacionamento situadas perto das estações das zonas de fronteira”.

No caso do concelho de Vila Franca de Xira, o problema é mais sensível, porque a oferta de comboios na Linha do Norte atrai mais utentes de concelhos vizinhos como Alenquer, Arruda, Azambuja e Benavente. Por isso, as estações do norte do município vila-franquense (Castanheira do Ribatejo, Vila Franca e Alhandra) têm mais procura e não dispõem de parques de estacionamento de apoio que cheguem para as necessidades.

O problema torna-se, ainda, mais grave na cidade de Vila Franca e na vila de Alhandra, onde muitos utentes de transportes acabam por deixar os seus carros estacionados nas ruas das localidades durante todo o dia, condicionando muito as movimentações de residentes e de clientes do comércio local. Recorde-se que os utentes que utilizam o passe metropolitano de Lisboa pagam apenas 40 euros mensais e os residentes nos concelhos vizinhos, situados fora da AML, pagam normalmente mais de 100 euros mensais. Também por isso, muitos optam por usar viatura própria até concelhos como Vila Franca, Mafra ou Loures e, a partir daí, recorrem aos transportes públicos, usando também um passe metropolitano de 40 euros.

Comboios “sobrelotados”

Mas o problema não se resume à falta de estacionamento de apoio às estações. Também os comboios estão, agora, mais “sobrecarregados” e a oposição camarária de Vila Franca de Xira defende que a Câmara tem que tomar uma posição a este respeito, porque muitos utentes já não conseguem lugar em composições das chamadas “horas de ponta” ou são reiteradamente obrigados a fazer viagens de mais de 20 quilómetros em pé.

“O problema dos parques de estacionamento é um problema que afecta também a população do concelho de Vila Franca de Xira, porque parques de estacionamento como o parque de apoio à estação de Alhandra há muito que se encontram sem capacidade de resposta”, observa Nuno Libório, vereador da CDU, considerando que este não é um problema que resulte apenas da crescente procura dos passes apoiados, porque já existia e agravou-se nos últimos meses.

O eleito da CDU pede, também, para ter acesso aos resultados de um estudo de mobilidade desenvolvido no âmbito da AML. “Em todas as freguesias do concelho de Vila Franca de Xira subsistem problemas de mobilidade e de falta de transportes públicos e não é só aos fins-de-semana. Há freguesias em que, aos fins-de-semana, existem poucos ou nenhuns transportes públicos”, criticou Nuno Libório, apontando, também, o problema da crescente “sobrelotação” dos comboios que servem o concelho.

O vereador da CDU defendeu que o executivo camarário (maioria PS com o apoio da coligação liderada pelo PSD) deve fazer sentir este problema junto do Governo e da CP. “São dezenas de milhares de utentes que utilizam diariamente as estações do concelho de Vila Franca de Xira com destino a Lisboa. A Câmara tem que insistir junto do Governo e da CP no sentido de se avançar para o reforço da oferta de transportes ferroviários”, reclamou o vereador da CDU, frisando que na estação de Vila Franca muitos ainda conseguem lugares sentados, mas em Alhandra só alguns o conseguem, em Alverca já muitos têm que fazer as viagens em pé e na Póvoa de Santa Iria por vezes já nem conseguem lugar.

No regresso, ao final da tarde, segundo o eleito da CDU, o problema coloca-se no sentido contrário e, na Gare do Oriente, será frequente passageiros terem que esperar pelo comboio seguinte, porque o primeiro que pretendiam “apanhar” já vai completamente cheio. “É um problema que afecta o concelho e que tem que ser manifestado pela Câmara”, conclui Nuno Libório, que defende composições mais extensas e mais oferta de comboios, sobretudo nas “horas de ponta”.

Sugerir correcção
Comentar