Hong Kong: “Não importa que seja Natal”

Polícia recorreu a gás lacrimogéneo e gás pimenta para dispersar os manifestantes, desapontados com a falta de resposta do Governo de Hong Kong.

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Polícia garante que reagiu com contenção aos protestos. Apesar disso, 25 pessoas ficaram feridas JEROME FAVRE/EPA

Sem concessões do governo de Hong Kong apesar da vitória generalizada do movimento pró-democracia nas eleições municipais de 24 de Novembro, os protestos voltaram à estratégia de confrontação no dia de Natal. Cansados da falta de respostas, os manifestantes que haviam baixado o tom dos protestos durante o mês de Dezembro à espera de um gesto da chefe do executivo da região, Carrie Lam, desafiaram a polícia nesta terça e quarta-feira que respondeu com gás lacrimogéneo e gás pimenta.

“A confrontação é esperada, não importa que seja Natal”, afirmou, à Reuters, um empregado de restaurante de 28 anos, de seu nome Chan, parte de uma multidão que insultava a polícia junto a um centro comercial no distrito de Mong Kok.

“Estou desapontado porque o governo ainda não respondeu a qualquer uma das nossas exigências”, acrescentou o mesmo interlocutor que apenas se quis identificar pelo apelido: “Vamos continuar a sair à rua apesar de não ter muita esperança”.

Os cantos de protesto fizeram-se ouvir junto aos centros comerciais, onde turistas e compradores olhavam as montras e entravam nas lojas – a maioria manteve as portas abertas. Centenas de manifestantes, vestidos de negro e com máscaras, gritaram palavras de protesto: “Libertem Hong Kong! A Revolução do nosso tempo”.

Na sua conta no Facebook, Carrie Lam apelidou os manifestantes de “arruaceiros irresponsáveis e egoístas” que com os seus “actos ilegais” acabaram por “estragar o ambiente festivo” e “prejudicaram os comerciantes locais”.

A polícia deteve vários manifestantes na terça-feira à noite, como se pode ver nas imagens de televisão e, apesar do uso de gás pimenta e gás lacrimogéneo, garante que respondeu aos protestos de forma contida e só como reacção. O excessivo uso de força pelas autoridades é uma acusação recorrente do movimento pró-democracia nestes seis meses de protestos.

De acordo com a Autoridade dos Hospitais, 25 pessoas ficaram feridas durante a véspera e o dia de Natal, incluindo um homem que caiu do segundo para o primeiro andar de um centro comercial ao tentar escapar da polícia e outro que caiu do terraço de um restaurante, por razões ainda por esclarecer.

“Estou aqui porque quero que o mundo nos apoie. Já estamos aqui há seis meses, por isso, não faz qualquer diferença estar aqui também na véspera de Natal”, afirmou Terry, de 30 anos, em declarações à Reuters no distrito de Sha Tin.

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