As trocas de treinador no Sp. Braga não têm dado resultados

Mudanças de técnico a meio da temporada têm sido pouco produtivas na presidência de António Salvador.

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António Salvador LUSA/RICARDO CASTELO

Com 18 pontos, o Sporting de Braga apresenta o pior registo da era António Salvador à 14.ª jornada, mas as últimas trocas de treinador a meio da época têm resultado em estagnação ou até queda na tabela. Com Rúben Amorim, o técnico oriundo da equipa B no lugar de Sá Pinto, os “arsenalistas” esperam um desfecho diferente.

Um dia depois de se ter apurado para a final a quatro da Taça da Liga, o Sporting de Braga rescindiu o contrato com o treinador Ricardo Sá Pinto, válido até Junho de 2021. O despedimento, porém, não foi uma surpresa para quem acompanha o dia-a-dia "arsenalista”, como Tinoco Marques, vice-presidente do Conselho Geral do clube. “Com Sá Pinto, vi um Sporting de Braga de duas caras”, disse ao PÚBLICO o também provedor dos sócios do Sp. Braga. “Na Liga, os resultados não têm aparecido e, quando assim é, o sacrificado é o treinador”.

Se, por um lado, o Sp. Braga realizou a melhor fase de grupos de sempre na Liga Europa (14 pontos), apresenta, por outro, a pior marca pontual relativa às primeiras 14 jornadas da Liga, desde que António Salvador é presidente (liderava a SAD bracarense no início de 2003/04 e assumiu também o clube durante a temporada).

Com 18 pontos, os “arsenalistas” são oitavos e somam menos um ponto do que em 2013/14, temporada que acabou com um nono lugar, e menos dois do que em 2010/11, época marcada pela final da Liga Europa, em que ainda subiram à quarta posição. No extremo oposto, o clube atingiu os 33 pontos em 2009/10, época em que lutou pelo título com o Benfica, e no ano passado.

O clube tem ainda uma diferença de golos negativa (16 marcados e 17 sofridos), algo inédito desde 2003/04. Em cinco das seis derrotas sofridas para o campeonato, o Sp. Braga não marcou qualquer golo, mas, para Artur Monteiro, director executivo do futebol “arsenalista” entre 1998 e 2007, os problemas principais da equipa estão no meio-campo, com o sub-aproveitamento de André Horta, e na defesa.

“O Bruno Viana, por exemplo, foi importante no ano passado, mas neste ano não está a ter rendimento algum. Isto parte muito da competência do treinador”, vincou. O ex-dirigente considerou ainda que Ricardo Sá Pinto foi por vezes “muito frágil” nos seus discursos.

Rúben Amorim para inverter tendência negativa

O sucessor de Sá Pinto é Rúben Amorim, treinador com um contrato válido por dois anos e meio, assegurou fonte oficial dos bracarenses ao PÚBLICO. Depois da passagem pelo Casa Pia, na época passada, ter acabado em polémica, devido à alegada falta de qualificações (não tem o nível IV da UEFA), o técnico de 34 anos assumiu o comando do Sp. Braga B na presente temporada e catapultou a equipa para a vice-liderança da Série A do Campeonato de Portugal, com oito triunfos em 11 jogos.

Se a aposta mais recente em treinadores da equipa B - Abel Ferreira - correu bem (quarto lugar nas duas últimas épocas), a história das mudanças técnicas a meio da época é diferente; sob a presidência de António Salvador, o clube quase nunca subiu na classificação após uma troca.

Na última ocasião em que o fez, 2016/17, o Sp. Braga trocou José Peseiro por Jorge Simão e caiu do quarto para o quinto lugar final. As trocas de Jesualdo Ferreira por Jorge Paixão, em 2013/14, e de Jorge Costa por Manuel Machado, em 2007/08, tiveram o mesmo resultado: a queda na classificação. A única excepção é a temporada 2006/07, quando os minhotos caíram do quarto para o quinto lugar depois de substituírem Carlos Carvalhal por Rogério Gonçalves e voltaram ao quarto posto, com a entrada de Jorge Costa.

Habituados aos quatro primeiros lugares com António Salvador ao leme – conseguiram-no por 11 vezes em 16 épocas –, os bracarenses ambicionam de novo esse patamar em 2019/20. Para Tinoco Marques, esse objectivo não requer nenhum “milagre”, apenas tempo e tranquilidade para Rúben Amorim. “É preciso não pressionar o treinador, nem a equipa, e esperar que uma melhoria nos resultados ajude quem trabalha”, vaticinou.

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