RTP escolhe José Fragoso para acumular cargo de director de Informação e de Programas

Saem Cândida Pinto e Helena Garrido, entram Adília Godinho e Carlos Daniel que se juntam a António José Teixeira como directores-adjuntos. Nomeação terá que ser sujeita a parecer vinculativo da ERC.

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José Fragoso Rui Gaudencio

É uma solução interna para evitar mais polémicas, em especial com contratações: o conselho de administração da RTP decidiu indigitar José Fragoso, actual director de programas da RTP1 e RTP Internacional, também como novo director de Informação, em substituição de Maria Flor Pedroso, apurou o PÚBLICO.

José Fragoso, que lidera a Programação da RTP1 e da RTP Internacional desde Junho do ano passado, escolhido por Gonçalo Reis quando este assumiu um novo mandato, vai acumular as duas direcções, transformando-se numa espécie de super-director, à imagem do que aconteceu com a contratação de Emídio Rangel em 2001, quando a RTP era presidida por João Carlos Silva, e que lhe permitia definir uma visão global para todo o canal de televisão. Esta solução dará mais responsabilidade aos directores-adjuntos.

A nova direcção será agora sujeita ao parecer vinculativo da Entidade Reguladora para a Comunicação Social - que terá, primeiro, que aprovar a saída de Maria Flor Pedroso, que pediu demissão na passada segunda-feira. E será preciso também que a equipa liderada por Gonçalo Reis justifique ao regulador esta mudança de paradigma.

A equipa da direcção de Informação irá incluir, como directores-adjuntos os jornalistas Adília Godinho, António José Teixeira e Carlos Daniel, e como subdirectores estão nomeados Hugo Gilberto, Joana Garcia e Rui Romano.

Isto significa que da equipa de Maria Flor Pedroso saem as duas jornalistas que havia trazido consigo para a direcção de Informação e que haviam motivado na altura fortes críticas da comissão de trabalhadores - Cândida Pinto e Helena Garrido – e o subdirector Alexandre Brito. O sinal para haver poucas alterações tinha vindo do Conselho Geral Independente que, na quarta-feira à noite havia pedido “celeridade” à administração para encontrar uma nova direcção de Informação que “mantenha, no essencial, a orientação” que esta equipa vinha seguindo há pouco mais de um ano.

Cândida Pinto foi também visada na polémica entre a directora e a coordenadora do Sexta às 9, que levou a todo este processo. A adjunta era o elo de ligação da directora ao programa, sabia que o negócio do lítio em Montalegre seria o tema do primeiro programa que devia ter ido para o ar a 13 de Setembro, e foi também ela que desvalorizou a importância da investigação sobre os movimentos em dinheiro e “suspeitas de corrupção” no Instituto Superior de Comunicação Empresarial (Iscem) – porque a escola não tinha multibanco, argumentou à equipa do programa.

CGI confortável com acumulação de Fragoso

O PÚBLICO apurou que da parte do Conselho Geral Independente esta nomeação não levantou grandes problemas já que Gonçalo Reis terá garantido que a eficácia não seria afectada. O órgão de supervisão não manifestou qualquer desconforto com a solução apresentada por não se tratar de alteração da orgânica dos serviços, mas apenas do facto de a mesma pessoa ocupar dois cargos, apontou fonte do CGI.

José Fragoso assumiu o cargo de director de Programas da RTP em Junho de 2018, regressando então ao mesmo cargo que havia desempenhado em 2008. Fragoso, de 56 anos, foi um dos fundadores da TSF e já passou também pela SIC e TVI, pela RTP1 e pela RTP2. Para além das estações televisivas, o jornalista colaborou com o semanário Expresso e mais tarde integrou o PÚBLICO.

O conselho de redacção da RTP já deu, entretanto, parecer favorável às destituições e às nomeações anunciadas pelo conselho de administração.

O anúncio da escolha de José Fragoso acontece poucas horas depois de o Parlamento ter debatido a polémica sobre a alegada interferência da direcção de Informação tanto no regresso do programa Sexta às 9 à antena da RTP1 como na condução de uma investigação jornalística ao Iscem. E menos de 24 horas depois de o Conselho Geral Independente (CGI) pedir “celeridade” ao conselho de administração na escolha de uma nova direcção de Informação para tentar acabar rapidamente com a polémica.

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