Conselho Independente da RTP elogia Flor Pedroso e pede que se mantenha orientação

Equipa demissionária cumpriu o modelo de serviço público, diz órgão de fiscalização, que vinca que a informação da RTP em 2019 se distinguiu “pela independência, equilíbrio e neutralidade informativa”.

Foto
LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

O Conselho Geral Independente (CGI) da RTP elogia o trabalho desenvolvido pela direcção de Informação liderada por Maria Flor Pedroso, que pediu demissão na segunda-feira, vincando que “correspondeu ao modelo de serviço público definido pela lei da televisão”. Em comunicado, o órgão máximo de fiscalização do serviço público deseja que a administração encontre “com celeridade e no interesse da empresa” uma nova direcção de Informação que “mantenha, no essencial, a orientação” que esta equipa vinha seguindo há pouco mais de um ano.

Aquele órgão vinca que “o trabalho desenvolvido pela direcção de Informação correspondeu às linhas de orientação estratégicas que, a seu tempo, o CGI definiu para o serviço público de informação televisiva”.​ E reforça: “Ao longo de 2019, a informação da RTP distinguiu-se pela independência, equilíbrio e neutralidade informativa. A preocupação com estes valores assumida pela direcção de Informação foi manifesta na exemplar cobertura das campanhas eleitorais de 2019.”

O CGI diz-se profundamente preocupado com a polémica em que a RTP se viu envolvida — é o tema do debate de actualidade marcado pelo PS para esta quinta-feira à tarde no Parlamento — e que levou ao pedido de demissão de Maria Flor Pedroso. Há pelo menos duas semanas que existia um conflito entre a directora e a coordenadora do programa Sexta às 9. Sandra Felgueiras acusou a directora de intromissão no programa — tanto no atraso do seu regresso à grelha de programação, com o caso do lítio, como em conteúdos, com a intervenção na investigação ao Iscem.

Na sequência desta polémica, houve um plenário em que os jornalistas aprovaram um comunicado em que apontavam falhas “deontológicas e de lealdade” da directora para com a redacção.

Admitindo que “não lhe compete” pronunciar-se sobre questões que envolvem a autonomia editorial como são as da direcção de Informação, o CGI avisa que é sua competência assegurar que a informação da RTP “se adequa, com rigor, às linhas de orientação estratégica que definiu”, nomeadamente em ser “independente de todo o tipo de poderes” e “tendo como base critérios editoriais rigorosos e eticamente irrepreensíveis, sem concessões ao populismo mediático”.

Como que prevenindo que não se agudizem os desentendimentos dentro da hierarquia da redacção, o CGI deixa um espécie de conselho à próxima equipa de Informação: que “estruture, da forma mais adequada à execução rigorosa do seu projecto informativo, os mecanismos internos que garantam unidade e coerência da estrutura de informação, e evitem situações fortemente lesivas da RTP, como as que recentemente tiveram lugar”.

Sugerir correcção
Ler 3 comentários