“O Governo não se está a comprometer connosco”, diz líder do PCP

Jerónimo de Sousa revela que nenhuma das propostas dos comunistas foi até agora acolhida, apesar da compreensão que sente por parte do executivo. “O inferno está cheio de boas intenções”, disse.

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João Oliveira e Jerónimo de Sousa à chegada a Belém JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

Nem uma proposta do PCP foi acolhida no Orçamento do Estado apresentado no Parlamento, revelou Jerónimo de Sousa à saída do encontro de hora e meia com o Presidente da República. O sentido de voto dos comunistas continua em aberto, mas Jerónimo lamenta essa falta de acolhimento: “O Governo não se está a comprometer connosco”.

O secretário-geral do PCP sublinhou que, nesta legislatura, não tem havido o espírito de cooperação da “geringonça”. “Hoje há uma situação diferente de há quatro anos, temos que ser nós a procurar informação, a fazer a leitura e o estudo dos conteúdos, na medida em que o Governo não se está a comprometer connosco. Salvo num ou noutro momento em que nos foi possível transmitir as nossas preocupações e as nossas propostas”, disse.

Apesar disso, o líder comunista dá o benefício da dúvida ao Governo: “O que eu sinto é que, no fundo, o Governo dá razão [a PCP], percebe a pertinência e a frontalidade com que nós colocamos estes problemas. Mas é preciso ver se o acolhimento das nossas sugestões e propostas tem efeito prático. O inferno está cheio de boas intenções, é preciso ir ao concreto das coisas e procurar as respostas necessárias”, sublinhou.

As três possibilidades de voto continuam, por isso, em cima da mesa, “muito dependente da evolução” das negociações em sede parlamentar e da apreciação que for feita pelo partido. “Um documento com mil páginas precisa de uma análise mais fina”, frisou Jerónimo, prometendo que a decisão será tomada “de forma autónoma e independente”.

Certo é que o PCP gostaria de considerar este Orçamento “no quadro das experiências passadas, da demonstração de que, avançando, o país fica melhor”. E que desde já se mostra preocupado com a falta de resposta a “problemas urgentes” em particular no Serviço Nacional de Saúde, na educação, nas forças de segurança e nas forças armadas.

“Transmitimos ao Presidente da República estas preocupações mas acreditando que é possível que o caminho que foi encetado há quatro anos de avanços, progressos nos rendimentos de quem trabalha e trabalhou, é uma linha a seguir para o desenvolvimento económico do país”, afirmou o líder comunista. Que se afirmou “preocupado, mas também confiante que é possível dar alguns passos adiante para que o povo consiga uma vida melhor”.

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