CDS pede esclarecimentos sobre “tensão” entre Costa e Centeno

PSD, PS e PCP ignoraram a polémica e preferiram falar da proposta de Orçamento do Estado para 2020. Bloco acusa Governo de estar a colocar no OE2020 medidas que já estavam acordadas.

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A líder da bancada centrista tentou alimentar a polémica entre Costa e Centeno LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

O CDS aproveitou a sua declaração política desta quarta-feira para tentar repescar as “discordâncias” entre o primeiro-ministro António Costa e Mário Centeno, ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo, a propósito da proposta de orçamento europeu. Nenhuma das outras bancadas lhe respondeu, preferindo abordar apenas a outra parte da sua intervenção que era sobre o Orçamento do Estado (OE) 2020.

Dias depois de o ex-líder Paulo Portas se ter referido ao caso na rubrica Global, na TVI, a líder da bancada centrista, Cecília Meireles, começou por sustentar que a questão é “política, e não pessoal”, e considerou que o OE entrou no Parlamento com uma “indisfarçável tensão” entre Costa e Centeno, “que tem de ser esclarecida”. A deputada lembrou que o secretário de Estado do Tesouro esteve na reunião que aprovou o orçamento da zona euro. “Ou votaram contra as instruções do primeiro-ministro. Ou votaram sem o primeiro-ministro saber e sem mandato do primeiro-ministro”, apontou, questionando: “A quem é que compete representar Portugal no Eurogrupo?”.

Apesar de António Costa já ter negado uma “zanga” entre os dois, nomeadamente na entrevista ao PÚBLICO, a deputada pede esclarecimentos sobre a questão. “Temos de perceber que o Ministro das Finanças está cá para ficar ou se à medida que os efeitos das suas políticas – carga fiscal e cativações – se virá alguém para lidar com as consequências”, afirmou.

Os ecos deste pedido parecem não ter chegado às demais bancadas que a interpelaram. O PSD, pela voz de Duarte Pacheco, preferiu sublinhar o aumento da carga fiscal neste OE 2020 – criticado também pela deputada. “No ano passado o Governo aumentou nove impostos e o ministro das Finanças pensou que era ‘mixuruca’. Agora, propõe 15 impostos agravados”, disse, enumerando todos, gracejando por já não ter tempo para os referir na sua totalidade.

Pelo PS, o deputado Francisco Anastácio ignorou a parte da intervenção de Cecília Meireles sobre a polémica entre Costa e Centeno e justificou o aumento da carga fiscal com as contribuições para a segurança social (há 300 mil novos empregados) deixando uma pergunta à deputada: “Em que é que cortava para reduzir os impostos? Nos transportes, pensionistas?”.

O deputado comunista Duarte Alves também interpelou a deputada sobre os impostos que incidem sobre as pequenas e médias empresas, o que levou Cecília Meireles a dar uma resposta mais ideológica ao referir que o modelo económico do PCP, no mundo, corresponde a “salários de miséria”. 

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