Bruxelas escolhe oficial da GNR para liderar missão de gestão de crises na República Centro-Africana

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Militares portugueses ana República Centro-Africana LUSA/CEMGFA

O coronel da Guarda Nacional Republicana Paulo António Pereira Soares foi escolhido para chefiar a missão Europeia de Gestão Civil de Crises na República Centro-Africana (EUAM-RCA), anunciou nesta terça-feira o Ministério da Administração Interna (MAI).

Em comunicado o MAI refere que a decisão do Comité Político e de Segurança da União Europeia (UE) surge dias depois da EUAM-RCA ter sido formalmente aprovada pelos chefes da diplomacia da UE, e tem como missão aconselhar o ministro do Interior e as forças de segurança da República Centro-Africana.

O Ministério tutelado por Eduardo Cabrita destaca que Portugal, que tem também 19 elementos da PSP ao serviço da Organização das Nações Unidas (ONU) na RCA, vê assim “reforçado o seu papel no processo de paz na República Centro-Africana, com a liderança da nova EUAM-RCA através do coronel Paulo Soares para chefe da missão”.

A missão chefiada por Paulo Soares tem como “grande desafio” contribuir para o restabelecimento da autoridade do estado centro-africano a fim de aumentar as condições de segurança e estabilidade até ao final do próximo ano.

A República Centro-Africana prevê realizar eleições presidenciais e legislativas em 2020.

Segundo o MAI, o oficial da GNR tem 55 anos e está, desde Março, à frente da célula de interoperabilidade da missão de treino da UE na República Centro-Africana.

Licenciado em relações internacionais e mestre em estudos sobre guerra e paz, Paulo Soares foi comandante territorial da GNR em Braga até Fevereiro.

Paulo Soares foi ainda oficial de ligação do Ministério da Administração Interna em Moçambique e oficial de ligação da GNR em Timor-Leste, diretor da repartição de relações internacionais e cooperação da Direcção-Geral da Administração Interna e, entre outras funções, comandante do Centro de Formação da Guarda, na Figueira da Foz.

A RCA caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-presidente François Bozizé por grupos armados juntos na Séléka, o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.

O Governo centro-africano controla um quinto do território. O resto é dividido por mais de 15 milícias que procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.

Um acordo de paz foi assinado em Cartum, capital do Sudão, no início de Fevereiro pelo Governo e por 14 grupos armados. Um mês mais tarde, as partes entenderam-se sobre um governo inclusivo, no âmbito do processo de paz.

Portugal está também presente na RCA desde o início de 2017, no quadro da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA), com a 6.ª Força Nacional Destacada, que tem a função de força de reação rápida e integra 180 militares, na sua maioria pára-quedistas.

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