Doaria o troco na farmácia para ajudar quem não consegue comprar medicamentos?

É o objectivo da campanha Dê Troco a Quem Precisa da Associação Dignitude.

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As campanhas anteriores reuniram cerca de 60 mil euros Fernando Veludo/NFactos

A Associação Dignitude lança esta segunda-feira uma campanha nacional de angariação de fundos para ajudar quem, por dificuldades financeiras, não consegue comprar os medicamentos prescritos pelo médico, uma situação que afecta pessoas de todas as idades.

A campanha Dê Troco a Quem Precisa, que decorre até 25 de Dezembro em mais de 700 farmácias e é promovida pelo Programa Abem: Rede Solidária do Medicamento, da Dignitude, pretende que quem for a estes estabelecimentos possa doar o troco para um fundo solidário que ajudará as cerca de 12.000 pessoas identificadas pelos parceiros da associação como vivendo em situação de pobreza e que não conseguem comprar estes medicamentos.

Em declarações à Lusa, Maria de Belém Roseira, embaixadora do Programa Abem, destacou a “debilidade económica de um conjunto expressivo de pessoas em Portugal”, lembrando que, “antes das transferências sociais, há 40% das pessoas em risco de pobreza e, depois das transferências sociais, ainda existem 17,2%”.

“Isto significa que 1,7 milhões de pessoas em Portugal estão em risco de pobreza, entre as quais uma percentagem elevada em provação severa”, afirmou, frisando que estas pessoas, por falta de fundos, quando vão à farmácia, se vêem obrigadas a “fazer escolhas”, abdicando de comprar medicamentos que, por serem prescritos pelo médico, são essenciais.

Maria de Belém Roseira lembra que “os medicamentos prescritos fazem falta ao controlo da doença, seja doença aguda ou crónica”, e que este problema “afecta pessoas em todas as faixas etárias”. “Temos até aos 18 anos 12% dos beneficiários e uma parte muito substancial de pessoas em idade activa. Só depois é que nos aparecem os mais velhos, que é aquele estrato que nós julgávamos que teria mais dificuldades”, explicou.

Maria de Belém acrescentou que este é “um programa de responsabilidade social de entidades empresariais, que suportam os custos de estrutura” e que o valor angariado vai para um fundo solidário, com gestão e auditoria própria, “para garantir que tudo o que nos é doado (...) é integralmente aplicado no programa”.

“Enquanto comunidade, somos todos responsáveis uns pelos outros e não podemos aceitar que haja uma qualquer pessoa que, por carência económica, não consiga aceder aos medicamentos que lhe permitem fazer face aos seus problemas de saúde. É tempo de a sociedade civil se unir”, considera.

Maria de Belém Roseira explicou como funciona o programa: “a entidade referenciadora comunica à Dignitude os dados de identificação daquele beneficiário que entende que precisa de apoio e é-lhe atribuído um cartão, com um código de barras, com o qual a pessoa paga os medicamentos [não pagando] na farmácia”.

“Depois, mensalmente, através do fundo solidário Abem [constituído com as doações] a rede solidária do medicamento transfere para as farmácias o montante que lhes é devido em função da despesa que os beneficiários realizaram”, acrescentou.

Em relação às verbas recolhidas em anteriores campanhas, rondam os 60 mil euros.

O lançamento oficial da campanha Dê Troco a Quem Precisa decorre esta sexta-feira de manhã na Farmácia Santarita, em Algés, e a iniciativa prolonga-se até ao dia de natal.

A Associação Dignitude nasceu em 2015 e é uma instituição particular de solidariedade social que tem por missão o desenvolvimento de programas solidários de impacto social, que promovam a qualidade de vida e o bem-estar dos portugueses. O Abem: Rede Solidária do Medicamento é o primeiro programa promovido pela Associação Dignitude.

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