Aos 92 anos, O Buraquinho do Porto fechou portas

A taberna da Praça dos Poveiros encerrou após a execução de uma ordem de despejo.

Rui Moreira
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O Buraquinho Nelson Garrido
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O Buraquinho Nelson Garrido

A célebre taberna O Buraquinho, no Porto, cuja história remonta a 1927, foi obrigada a fechar portas, na quinta-feira, após o tribunal ordenar a execução de uma ordem de despejo.

Depois de décadas ligada à família de Artur Sousa, a casa tem sido gerida nestes últimos cinco anos por Marta Quitério e Sérgio Costa, que renovaram o espaço mas mantiveram a tradição. Numa cave com 50 metros quadrados era possível comer petiscos portugueses e beber um copo de vinho. Contudo, nem a distinção pelo “Porto de Tradição”, concedida pela Câmara do Porto, que tem como objectivo a promoção de lojas históricas, nem a petição criada online em defesa da taberna foram suficientes para impedir o seu encerramento. 

O desfecho resulta da falta de entendimento entre o senhorio e os gerentes da taberna: após os dois primeiros anos de contrato haveria uma renegociação da renda para um valor que ambas as partes considerassem “justo” para os cinco anos seguintes. No entanto, após diversas tentativas de renegociação, não foi alcançado qualquer acordo.

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O Buraquinho de portas fechadas Anna Costa

Sem consenso, o caso foi remetido para tribunal. Esgotados todos os recursos, e tendo o caso chegado “à última instância possível”, o tribunal mandou encerrar O Buraquinho, através da colocação de um cadeado por um agente de execução, acompanhado por um agente da Polícia de Segurança Pública (PSP), na semana passada. A última resposta do tribunal, relativa ao indeferimento, foi obtida na passada sexta-feira, segundo revelaram os proprietários ao PÚBLICO.

Desolados com o desfecho do negócio, Marta Quitério e Sérgio Costa culpam a “especulação imobiliária” pelos valores elevados pedidos para o arrendamento, lamentando a falta de ajuda por parte da autarquia do Porto. Quando questionados sobre o futuro, revelam que foram “apanhados de surpresa”, por isso ainda não sabem quais serão os seus próximos passos.

Com vontade de darem continuidade ao negócio num novo local da cidade, confessam que, por agora, se encontram “condicionados devido a motivos financeiros”, apontando o dedo ao elevado preço das rendas e ao valor do investimento que teria de ser realizado para criar um novo Buraquinho. Contudo, não descartam a hipótese no futuro, estando “à procura de soluções” para concretizaram esse passo. Quanto ao agora encerrado espaço d’ O Buraquinho, este deverá permanecer “no mesmo ramo e provavelmente será um restaurante”, adiantou Sérgio Costa.

Texto editado por Luís J. Santos

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