Jorge Jesus e o primeiro passo para ser “rei do mundo”

Nesta terça-feira, o Flamengo joga a meia-final do Mundial de Clubes frente ao Al Hilal, a ex-equipa de Jorge Jesus. Eliminar a formação saudita é o primeiro passo para chegar à final e, aí, lutar pelo topo do mundo do futebol.

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Jorge Jesus GUADALUPE PARDO/Reuters

Jorge Jesus já conquistou o Brasil e já conquistou a América do Sul. Mas ainda não está tudo. O treinador português pode ser o “rei do mundo”, caminho que inicia nesta terça-feira, no Mundial de Clubes.

O percurso não é muito longo, diga-se. O formato da competição, claramente “amigável” para os campeões da Europa e da América do Sul, prevê que Jorge Jesus e o Flamengo só precisem de eliminar o Al Hilal, nesta terça-feira (17h30, RTP), em Doha, para estarem na final da competição (teoricamente, frente ao Liverpool, que terá de ultrapassar o Monterrey, do México).

O caminho de Jesus até à final será feito frente à anterior equipa: a que lhe deu a mão quando o técnico saiu do Sporting, após um final de temporada trágico, com o ataque à Academia de Alcochete e a perda da Taça de Portugal, frente ao Desportivo das Aves, dias depois.

Al Hilal tem de imitar o River Plate

O Al Hilal, que acolheu o técnico na Arábia Saudita, é o primeiro entrave a que o herói de 40 milhões de adeptos do Flamengo chegue a um nível de adoração imensurável no Brasil. Para evitar a consagração suprema de Jesus, o campeão asiático só precisa de pegar no trabalho do River Plate na final da Libertadores, replicá-lo e melhorá-lo ligeiramente.

Durante cerca de 60 minutos, a equipa argentina conseguiu reduzir o Flamengo a uma formação incapaz de criar lances de qualidade, apostando em agressividade e intensidade tremendas não só a bloquear o portador da bola, como as restantes linhas de passe. Incapaz de encontrar soluções, o Flamengo viu-se maniatado, algo que só mudou com o desgaste do River na segunda parte e, nos minutos finais, com a bizarra predisposição ofensiva de uns argentinos que venciam por 1-0. Esta é a teoria.

A prática, porém, pode ser mais difícil, já que é improvável ver o Al Hilal conseguir replicar o que os experientes e bem trabalhados argentinos conseguiram fazer ao Flamengo. É, portanto, um jogo no qual os brasileiros partem com favoritismo, até pelo conhecimento que Jorge Jesus tem da ex-equipa. Uma equipa que conta com os bem conhecidos Carrillo, Carlos Eduardo, Gomis e Giovinco, bem como o ex-Flamengo Cuéllar.

Jesus recorda que foi ele quem “inventou” o plantel adversário

Na antevisão do jogo, Jorge Jesus abordou a final que todos esperam entre Flamengo e Liverpool para lembrar que, antes disso, há um Al Hilal por ultrapassar. “No Brasil falou-se do Liverpool, mas esqueceram se de que ainda há o Al Hilal. São sauditas e há tendência para desvalorizar tudo o que não seja da Europa”, disse, em Doha, antes de explicar que conhece muito bem o adversário.

“É uma equipa que conheço bem e só um jogador é que não é do meu tempo. Todos os outros trabalharam comigo. Os quatro avançados foram todos contratados com a minha entrada no Al Hilal”, apontou. E falou da importância da prova: “O Mundial de Clubes cada vez terá mais importância na história de quem o ganhar. Cada vez será mais difícil. Antigamente, era um jogo. Agora, não é assim. E em dois anos será com 24 clubes. Será como um Mundial de selecções”.

Jorge Jesus recordou, ainda, que o Flamengo chega ao Qatar depois de uma temporada com 74 jogos, ao passo que o Liverpool fez apenas 27. O próprio técnico parece não conseguir escapar ao provável duelo com os ingleses. Mas, para já, ainda há Al Hilal.

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