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Arquitectura: uma viagem brutalista pelo Porto

Silo Auto do Porto, de Alberto José Pessoa e João Abel Manta, 1961-1964 © Francisco Ascensão e Luca Bosco
Fotogaleria
Silo Auto do Porto, de Alberto José Pessoa e João Abel Manta, 1961-1964 © Francisco Ascensão e Luca Bosco

Betão armado. Muito betão armado. Grandes superfícies envidraçadas, estruturas metálicas despidas de ornamento. Lógica funcionalista. Há muitos elementos que ligam os edifícios do Porto à corrente brutalista e existe um livro, editado por uma livraria portuense, que quer colocá-los em evidência. A Piscina das Marés, de Álvaro Siza Vieira, o Silo Auto, de Alberto José Pessoa e João Abel Manta, e o Edifício Transparente, de Manuel de Solà-Morales e Carlos Prata, são talvez as mais conhecidas das 20 obras – localizadas no Porto, Vila Nova de Gaia e Matosinhos –, reunidas no livro Porto Brutalista, publicado pela Circo de Ideias, com edição de Pedro Baía e Magda Seifert. Com o livro, os autores propuseram-se a desenvolver um trabalho de investigação e de reflexão crítica em torno da linguagem brutalista, tendo como o Porto o seu tubo de ensaio.

O livro resulta de esforços de vários arquitectos e académicos. "Álvaro Siza conversou sobre o tema do Brutalismo e sobre algumas questões que se levantaram no decorrer do projecto", pode ler-se no evento do Facebook relativo à apresentação do livro. "Ben Highmore visitou algumas das obras seleccionadas no Porto e escreveu um ensaio a partir de uma perspectiva cultural." Tiago Lopes Dias, Alexandra Areia e Pedro Treno complementaram com ensaios críticos.

Sobre o Silo Auto, o arquitecto Pedro Treno lembra que “a monumentalidade do projecto encontra um par do outro lado do Atlântico, o Temple Street Parking Garage, projecto de Paul Rudolph (1963)". O arquitecto do edifício norte-americano afirmou, no passado, que os edifícios de estacionamento “são apenas estruturas de edifícios de escritórios com o vidro deixado de parte” para que “não haja dúvida de que é mesmo uma garagem de estacionamento”. O portuense Silo Auto deixa bem clara a sua natureza, à luz evidência da falta de janelas.

A Piscina das Marés, do arquitecto Álvaro Siza Vieira, é uma estrutura em que reina o "betão moldado com madeira", de acordo com Ben Highmore, professor na Universidade de Sussex que teve oportunidade de visitar todas as 20 obras que são apresentadas em Porto Brutalista. O britânico estabelece entre essa estrutura e outros edifícios um paralelo. "No Porto, o betão moldado com madeira é essencial à experiência da Piscina de Marés (1960-66), da Capela de São José em Quebrantões (2002-05) e da Casa do Conto (2009-11)." 

Pedro Baía e Magda Seifert problematizaram "a própria noção de Brutalismo enquanto denominação estilística, que vem sendo apropriada ao longo do tempo por várias gerações e geografias", antes de chegar ao conjunto de obras que os fotógrafos Francisco Ascensão e Luca Bosco se dispuseram a fotografar e que apresentam, nesta fotogaleria, ao P3. As imagens do livro estão em exposição, presentemente, na livraria Circo de Ideias, no Bairro da Bouça, no Porto.

Silo Auto do Porto,
de Alberto José Pessoa e João Abel Manta,
1961-1964
Silo Auto do Porto, de Alberto José Pessoa e João Abel Manta, 1961-1964 © Francisco Ascensão e Luca Bosco
Piscina de Marés, de
Álvaro Siza,
1960-1966
Piscina de Marés, de Álvaro Siza, 1960-1966 © Francisco Ascensão e Luca Bosco
Edifício Transparente, de
Manuel de Solà-Morales e
Carlos Prata,
2001-2007
Edifício Transparente, de Manuel de Solà-Morales e Carlos Prata, 2001-2007 © Francisco Ascensão e Luca Bosco
Capela de São José, de José Fernando Gonçalves,
2002-2005
Capela de São José, de José Fernando Gonçalves, 2002-2005 © Francisco Ascensão e Luca Bosco
Casa José Pulido Valente, de
José Pulido Valente,
1993-2005
Casa José Pulido Valente, de José Pulido Valente, 1993-2005 © Francisco Ascensão e Luca Bosco
Cooperativa de Lordelo do Ouro, de
Álvaro Siza,
1960-1963
Cooperativa de Lordelo do Ouro, de Álvaro Siza, 1960-1963 © Francisco Ascensão e Luca Bosco
Centro de Caridade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, de
Luiz Cunha e
Vasco Macieira Mendes,
1964-1973
Centro de Caridade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, de Luiz Cunha e Vasco Macieira Mendes, 1964-1973 © Francisco Ascensão e Luca Bosco
Escola Pires de Lima, de
Augusto Pereira Brandão,
1972
Escola Pires de Lima, de Augusto Pereira Brandão, 1972 © Francisco Ascensão e Luca Bosco
Igreja do Foco, de
Agostinho Ricca,
1975-1979
Igreja do Foco, de Agostinho Ricca, 1975-1979 © Francisco Ascensão e Luca Bosco
Igreja do Foco, de
Agostinho Ricca,
1975-1979,Igreja do Foco, de
Agostinho Ricca,
1975-1979
Igreja do Foco, de Agostinho Ricca, 1975-1979,Igreja do Foco, de Agostinho Ricca, 1975-1979 © Francisco Ascensão e Luca Bosco
Teleférico de Gaia, de
menos é mais,
Francisco Vieira de Campos e
Cristina Guedes,
2007-2011
Teleférico de Gaia, de menos é mais, Francisco Vieira de Campos e Cristina Guedes, 2007-2011 © Francisco Ascensão e Luca Bosco
Conjunto Habitacional da Cooperativa Sache, de
Manuel Correia Fernandes,
1979-1989
Conjunto Habitacional da Cooperativa Sache, de Manuel Correia Fernandes, 1979-1989 © Francisco Ascensão e Luca Bosco
Oficinas do Teatro Nacional São João, de
Paulo Providência,
2001-2004
Oficinas do Teatro Nacional São João, de Paulo Providência, 2001-2004 © Francisco Ascensão e Luca Bosco
Oficinas do Teatro Nacional São João, de
Paulo Providência,
2001-2004
Oficinas do Teatro Nacional São João, de Paulo Providência, 2001-2004 © Francisco Ascensão e Luca Bosco
Capa do fotolivro "Porto Brutalista", de Francisco Ascensão e Luca Bosco, editado por Circo de Ideias
Capa do fotolivro "Porto Brutalista", de Francisco Ascensão e Luca Bosco, editado por Circo de Ideias © Francisco Ascensão e Luca Bosco