Trabalho madrugada fora para tentar chegar a consenso na COP25

A presidente da cimeira anunciou que iriam decorrer reuniões à 1h30 da madrugada deste domingo e que haveria uma nova reunião de avaliação às 3h30.

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Reuters/Nacho Doce

Era meia-noite em Madrid (23h de sábado em Portugal) quando Carolina Schmidt deu início a uma curta reunião com as partes da 25.ª Conferência das Partes (COP25) da Convenção-Quadro das Nações Unidas para fazer um ponto de situação do que fora conseguido ao longo das negociações que duraram todo o dia. “Estamos quase lá”, disse, sobre a possibilidade de se alcançar consenso, pelo menos na maior parte dos temas, antes de anunciar que iria haver novas reuniões de trabalho à 1h30 e às 3h30 da madrugada de domingo.

“Vou falar em espanhol porque quero falar-vos do coração”, disse a presidente chilena da cimeira do clima, antes de anunciar que, em breve, seriam disponibilizadas novas versões dos textos que, durante a manhã, tinham sido muito criticados por vários países e também por organizações não-governamentais (ONG).

Carolina Schmidt garantiu às partes que a proposta de texto de conclusões da cimeira inclui agora “linguagem sobre o género e adaptação e uma chamada de urgência” para a ambição; que o documento sobre o Acordo de Paris reforça a questão da urgência de acção e de “aumentar a ambição das NDC [contribuições nacionais determinadas, na sigla inglesa]”. E que o Mecanismo de Varsóvia foi revisto e fortalecido, com a líder da COP25 a afirmar que este será “um dos mais importantes” resultados a sair da cimeira. Se se chegar a um consenso. Já sobre o Artigo 6 do Acordo de Paris, que se refere aos mercados de carbono, ainda exige muito trabalho, como se percebeu pelas palavras de Carolina Schmidt, e uma das reuniões da 1h30 será para tentar ultrapassar os problemas que ainda subsistem.

A presidente da COP25 apelou aos presentes para que trabalhem ainda um pouco mais, apesar do cansaço generalizado, para se conseguir um resultado que não transforme esta cimeira num falhanço. “Preciso especialmente de vocês, mas as pessoas nos vossos países precisam de nós. Este trabalho só vai resultar se conseguirmos ambição”, disse.

As versões matinais dos documentos sobre as conclusões da COP25 foram violentamente criticadas pelas ONG e por vários países presentes na reunião de avaliação, que acusaram as propostas da presidência chilena de falharem em muitos pontos, incluindo na ambição tantas vezes pedida ao longo da cimeira. 

Um dos pontos mais criticados foi o facto de um apelo para que haja um melhoramento das NDC dos países antes da próxima cimeira do clima, prevista para Glasgow, na Escócia, em 2020, não constar da versão em cima da mesa. Estes documentos demonstram como os países pretendem agir no sentido de reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa, com o objectivo de cumprirem a meta do Acordo de Paris, de manter o aumento da temperatura global bem abaixo dos 2 graus Celsius e se possível no 1,5 graus, acima de níveis pré-industriais.

Apesar dos avisos da comunidade científica de que estamos em emergência climática e que, a manter-se o actual rumo, caminhamos para um aquecimento global superior a 3 graus Celsius, com efeitos catastróficos, os cientistas também indicam que é possível reverter essa situação e cumprir as metas do Acordo de Paris, desde que todos aumentem a sua ambição na diminuição de emissões. 

Carolina Schmidt admitiu, no início da reunião desta noite, que o trabalho que as partes têm em mãos é “duro, difícil”, mas disse não estar disposta a desistir. “Não há acção se não formos ambiciosos”, disse, pedindo: “Conto convosco para termos um consenso. Sei que estão muito cansados, mas precisamos deste esforço final para atingirmos o objectivo que nos trouxe cá.”

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