Polícia abre investigação às mortes no vulcão. Não deverá haver sobreviventes

Seis mortes estão confirmadas (um dos feridos morreu no hospital) e os oito desaparecidos na ilha vulcânica deverão estar mortos. Há 30 pessoas internadas, algumas delas em estado crítico. As vítimas têm entre 13 e 72 anos.

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O vulcão activo Whakaari é visitado por milhares de turistas todos os anos EPA/AUCKLAND RESCUE HELICOPTER TRUST / HANDOUT

Um dia depois da erupção vulcânica na ilha Branca da Nova Zelândia, a polícia neozelandesa abriu uma investigação às mortes resultantes da erupção do vulcão, que fez seis mortos (um deles já no hospital) e 30 feridos. A ilha está coberta de cinza e “sem sinais de vida” das oito pessoas desaparecidas que ficaram presas na ilha — a polícia diz que o mais provável é que estejam mortas.

O comissário adjunto da polícia neozelandesa, John Tims, anunciou que foi aberta uma investigação às mortes do “trágico evento” na ilha Branca – a 50 quilómetros da ilha Norte da Nova Zelândia –, “mas ainda é cedo para confirmar se haverá uma investigação criminal”. Segundo o jornal New Zealand Herald, que ouviu um especialista em direito penal, as empresas turísticas envolvidas na visita ao vulcão activo podem ser acusadas de homicídio involuntário se se provar que são criminalmente responsáveis pelas mortes e que não protegeram as vítimas.

A erupção aconteceu às 14h11 de segunda-feira (mais 13 horas do que em Portugal) e lançou detritos rochosos pelo ar, assim como cinzas e uma densa coluna de fumo que atingiu uma altura de 3600 metros. As imagens captadas por uma câmara na ilha mostram um pequeno grupo de turistas a caminhar na cratera do vulcão, segundos antes da erupção. “Parece que não há ninguém que tenha conseguido sobreviver na ilha”, concluiu John Tims sobre as oito pessoas que continuam desaparecidas.

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As autoridades indicaram que 31 pessoas estavam hospitalizadas por causa de queimaduras e problemas respiratórios – o número baixou entretanto para 30, depois de um dos feridos ter morrido nesta terça-feira; 27 apresentam queimaduras em mais de 70% do corpo.

Nem todos os feridos conseguirão sobreviver aos ferimentos, lamentou o médico e responsável governamental Peter Watson, acrescentando que as unidades de queimados estão na sua capacidade máxima. As vítimas têm entre 13 e 72 anos e três dos feridos tiveram alta hospitalar.

“Sem sinais de vida”

Tal como tinha sido adiantado na segunda-feira, a primeira-ministra neozelandesa, Jacinda Ardern, afirmou que as equipas de resgate não encontraram “sinais de vida” na ilha: “A escala desta tragédia é devastadora.” “Para todos aqueles que perderam família e amigos, partilhamos convosco o nosso luto e tristeza e estamos destroçados”, disse Ardern. “Torna-se agora claro que havia dois grupos de turistas na ilha – os que puderam ser retirados e os que estavam mais perto da erupção”, explicou a primeira-ministra.

A erupção aconteceu por volta das 14h locais (1h em Portugal) EPA/MICHAEL SCHADE
Uma imagem de um vídeo divulgado pelo instituto neo-zelandês de ciências geológicas EPA/NEW ZEALAND INSTITUTE OF GEOLOGICAL AND NUCLEAR SCIENCES
A sequência de imagens retiradas do vídeo mostra a evolução da situação EPA/NEW ZEALAND INSTITUTE OF GEOLOGICAL AND NUCLEAR SCIENCES
A sequência de imagens retiradas do vídeo mostra a evolução da situação EPA/NEW ZEALAND INSTITUTE OF GEOLOGICAL AND NUCLEAR SCIENCES HANDOUT
Turistas num dos barcos que visitava a ilha EPA/MICHAEL SCHADE
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Um helicóptero ficou coberto por cinzas, mas o seu tripulante e quatro passageiros conseguiram regressar a terra de barco EPA/MICHAEL SCHADE
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A erupção aconteceu por volta das 14h locais (1h em Portugal) EPA/MICHAEL SCHADE

Das 47 pessoas que estavam na ilha no momento da erupção, 24 são da Austrália, nove são dos Estados Unidos, cinco da Nova Zelândia, quatro da Alemanha, dois do Reino Unido, dois da China e um da Malásia. A primeira vítima mortal foi identificada como sendo o guia turístico Hayden Marshall-Inman – a sua morte foi confirmada pela família, mas não pela polícia.

A porta-voz da Protecção Civil neozelandesa, Sarah Stuart-Black, disse na conferência de imprensa feita pela polícia que os serviços de monitorização vulcânica da ilha continuavam a funcionar e a fornecer dados em tempo real. Apesar de haver uma redução da actividade sísmica, há 50% de probabilidade de haver uma segunda erupção nas próximas 24 horas (sem risco de chegar à ilha Norte).

Depois de o resgate ter sido dificultado pelo cair da noite e pela fraca visibilidade causada pelo fumo, as operações de socorro foram retomadas nesta terça-feira, em busca dos oito desaparecidos junto do vulcão Whakaari. A Força Aérea e a polícia continuarão a sobrevoar o vulcão para tentar encontrar os desaparecidos.

A 3 de Dezembro, o grupo de controlo de actividade geológica da GeoNet dava conta de que o vulcão Whakaari tinha entrado “num período de actividade eruptiva”, ainda que salvaguardasse que tal não representava “um perigo directo para os visitantes”. O nível de alerta já tinha sido aumentado em Novembro.

O vulcão Whakaari – o seu nome na língua do povo maori – é o vulcão mais activo da Nova Zelândia e quase 70% está debaixo de água, o que faz com que seja uma das maiores estruturas vulcânicas do país. Os vulcões activos podem ter erupções periódicas e a Nova Zelândia é particularmente susceptível a acontecimentos deste género por estar localizada no anel de fogo do Pacífico, uma área em forma de ferradura de cerca de 40 mil quilómetros de grande actividade geológica na bacia deste oceano. A última erupção fatal deste vulcão aconteceu em 1914, quando morreram 12 mineiros; em 2016, tinha havido uma erupção sem registo de vítimas.

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