Estados Unidos preparam o maior exercício militar na Europa em 25 anos

O exercício acontecerá entre Abril e Maio de 2020: mais de vinte mil militares norte-americanos serão transportados para a Bélgica e Holanda, com o objectivo de atravessar a Alemanha e chegar à Polónia, no flanco mais a leste da Aliança.

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Reuters/DARREN STAPLES

Os Estados Unidos vão enviar 20 mil soldados para a Europa nos próximos meses de Abril e Maio para aquele que será um dos seus maiores exercícios militares em solo europeu desde a Guerra Fria. A demonstração tem como objectivo reforçar o compromisso de Washington com a NATO, avançou esta terça-feira à Reuters um comandante norte-americano.

Dias depois da cimeira de líderes da NATO em Londres, na qual o Presidente dos EUA, Donald Trump, chamou “delinquentes” aos aliados europeus que gastam pouco com a defesa, o major general Barre Seguin disse que os exercícios serão os maiores deste género nos últimos 25 anos.

“Isto demonstra a união transatlântica e o compromisso dos EUA para com a NATO”, disse à Reuters o responsável por supervisionar as operações aliadas a partir da sede militar da aliança na Bélgica.

Ansioso para dissuadir a Rússia de qualquer repetição de gestos como a anexação da Crimeia em 2014, o exército dos EUA testará a sua capacidade de transportar soldados de um lado do Atlântico para o outro, nomeadamente para a Bélgica e Países Baixos, e de os mover rapidamente através da Alemanha até à Polónia, no flanco leste da NATO.

Os soldados vão juntar-se aos restantes militares norte-americanos já estacionados na Europa e aos militares oriundos de 18 países pertencentes à NATO. Feitas as contas, será possível reunir cerca de 37 mil militares, antes do final do exercício. “Não demonstramos esta capacidade de juntar forças de forma tão rápida e numa perspectiva transatlântica há 25 anos ou mais”, disse Seguin, acrescentando que ainda se lembra das manobras do Reforger, um exercício militar anual realizado pelas forças da NATO durante a Guerra Fria.

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A NATO já enviou tropas para o Báltico e para a Polónia no sentido de dissuadir possíveis incursões russas, mas pretende agora testar a sua capacidade de desenvolver qualquer operação militar. Os governos europeus também estão a investir mais verbas para garantir que as suas tropas estão prontas para possíveis conflitos. Por sua vez, a Rússia já sublinhou que não tem intenção de atacar a NATO e acusa a aliança de desestabilizar a Europa.

Assim, ao mesmo tempo que o Presidente francês, Emmanuel Macron, questiona o compromisso dos EUA para com a NATO dadas as críticas implacáveis de Trump, este acaba por surpreender também os europeus ao fortalecer a presença militar do seu país na Europa.

Setenta anos depois da sua fundação durante a era da Guerra Fria, os esforços da Rússia para minar as democracias ocidentais através de ataques cibernéticos, campanhas de desinformação e operações secretas deram à NATO um novo propósito. 

As forças armadas dos EUA também colocaram o combate à China e à Rússia no centro da sua estratégia de defesa nacional, uma mudança de prioridade depois de o seu foco ter sido a luta contra militantes do Estado Islâmico. “Estamos a entrar numa era de competição estratégica em tempos de paz. A aliança reorientou-se”, referiu Seguin.

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